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quinta-feira, 25 abril, 2024

Internet das coisas: que coisa é essa que conecta o mundo?

Estimativa para 2017 é de que 8,4 bilhões de objetos estejam conectados à internet, 31% a mais do que em 2016, e 63% serão aplicados por consumidores comuns


Primeiro foram o correio eletrônico, as páginas virtuais e as redes sociais. A internet permitiu uma verdadeira revolução na forma com que as pessoas se comunicam em todo o planeta. Quem achou que as mudanças parariam por aí se enganou, e muito! Nos últimos anos, vimos chegar ao mercado uma série de dispositivos que agora também estão conectados à rede e que fazem o mundo à nossa volta ficar acessível em qualquer lugar e na palma da mão.

Geralmente, os dispositivos contam com sensores e processadores embutidos que permitem gerar e armazenar dados, trocar informações e ajustar uma ação ou comando sem a necessidade do controle de uma pessoa. As smart TVs, por exemplo, já fazem sucesso há algum tempo e têm uma série de funcionalidades antes só encontradas nos computadores. Esse tipo de televisão é apenas um dos exemplos de como objetos e equipamentos do cotidiano podem estar conectados e agora fazem parte do que conhecemos como “internet das coisas” ou, no termo original em inglês, “internet of things” (IoT).

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O barateamento da tecnologia de processadores e sensores permitiu a diversas empresas investirem em produtos considerados mais inteligentes por estarem conectados à internet e poderem gerar informações para o usuário. Apesar disso, especialistas também alertam para os perigos de se ter informações pessoais disponíveis em muitos dispositivos, pois os sistemas de segurança ainda são um entrave para o funcionamento ideal dessas tecnologias.

Além das TVs, já encontramos facilmente no mercado relógios, óculos, calçados e várias outros itens familiares a nós que antes não contavam com acesso à rede. Uma aposta mais arrojada nesse assunto é o desenvolvimento dos carros autônomos, que já estão em fase de teste mas ainda não se apresentam disponíveis para o consumidor.

A previsão para 2017 é de que 8,4 bilhões de itens estejam conectados à internet e em uso pelas pessoas e pelas empresas em todo o mundo. A projeção foi divulgada em fevereiro pela Gartner, empresa americana conhecida internacionalmente pela realização de serviços de pesquisa e consultoria em tecnologia da informação.

Essa estimativa representa 31% de aumento em relação aos números de 2016, quando a quantidade de coisas conectadas foi de 6,4 bilhões. As principais regiões que impulsionam esse avanço são a China, América do Norte e Europa Ocidental, que devem responder por 67% da base total instalada de internet das coisas.

No cálculo dos 8,4 bilhões de objetos conectados em 2017, a Gartner estima que 63% deles são de consumidores comuns, o que representa em torno de 5,2 bilhões de unidades. Já as empresas devem empregar 3,1 bilhões de coisas conectadas. “Além dos sistemas automotivos, as aplicações que serão mais utilizadas pelos consumidores serão as TVs inteligentes e conversores digitais, enquanto os medidores elétricos inteligentes e câmeras de segurança comercial serão mais utilizados pelas empresas”, informou o diretor de pesquisa da Gartner, Peter Middleton, na divulgação do estudo pelo site da empresa.

Perigos e vantagens de ter tudo conectado

A revolução tecnológica da internet das coisas está sendo possível porque os dispositivos conectados à rede também contam com processadores internos e programas que podem reagir com o que está ao entorno ou interagir com a internet. O que era um simples par de óculos se torna, com essa tecnologia, um equipamento que mostra a localização, as condições climáticas do local e outras informações de interesse do usuário.
Internet das coisas: que coisa é essa que conecta o mundo?
“Estamos no caminho para dar inteligência a dispositivos que até há pouco tempo eram completamente comuns e que agora têm funções que ajudam as pessoas no dia a dia. A ideia da internet das coisas é simplificar a vida das pessoas”, afirma o consultor em Segurança da Informação Gilberto Sudré, que também é pesquisador e coordenador do Laboratório de Segurança Digital do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

A professora Susiléia Abreu, que dá aula nos cursos de Sistemas de Informação e de Ciência da Computação da Universidade Vila Velha (UVV), acredita que muitos produtos conectados ainda estão chegando, num ritmo até um pouco devagar, para os consumidores. Ela também vê vantagens no emprego dessas tecnologias no ambiente organizacional. “Na tendência de diminuir os custos, as empresas podem apostar em alguns equipamentos inteligentes para tornar mais fáceis alguns processos que antes não tinham como estar conectados”, considera.

Para Sudré, o ponto-chave da revolução no acesso à web por objetos comuns do cotidiano foi o barateamento dos microprocessadores. “Uma série de modelos desses equipamentos são pequenos e ficaram baratos e fáceis de serem programados. Hoje, temos toda uma arquitetura nos computadores que permite escrever um programa e embuti-lo no processador para que seja embarcado em algum dispositivo”, explica. “Os fabricantes viram nisso uma chance de aumentar a ‘inteligência’ dos dispositivos, oferecendo produtos mais inovadores e aumentando as vendas.”

Internet das coisas: que coisa é essa que conecta o mundo?

Mas nem tudo é positivo quando se trata de conexão, geração de dados e acesso remoto. Os recursos de segurança desenvolvidos para atender a essa área ainda não são muito sofisticados. Segundo Susiléia, quando somos monitorados a todo tempo, sempre há um perigo de invasão, principalmente quando a exposição é muito grande. “Não tem se falado muito sobre a questão da segurança na internet das coisas. A tecnologia segue evoluindo e, só à medida que problemas de invasão surgem, começa a se pensar essa questão. Primeiro, aparecem a facilidade da tecnologia e a prestação de serviço, mas apenas mais tarde é que vem a preocupação de como tornar isso mais seguro”, declara a professora.

Os produtos com falhas de segurança e com códigos mal implementados e mal testados estão no mercado, e isso traz risco para a vida e a privacidade dos usuários. “Os próprios fabricantes, como acontece com a indústria da tecnologia em geral, não estão tão preocupados com a segurança. Na verdade, querem lançar produtos inovadores, com novas funções, e preferem jogar no mercado um item que ainda não está totalmente pronto a atrasar o lançamento para desenvolver melhor o produto com uma característica de segurança mais sofisticada”, conclui Sudré.

Agilidade e comodidade conquistam consumidores

Entrar no carro em um dia quente é uma tarefa difícil nos primeiros minutos, até o ar-condicionado dar conta de minimizar o calor. Como seria bom se, quando entrássemos no veículo, o ar já estivesse mais fresco. Um carro com a função de ligar o ar-condicionado remotamente não é mais um sonho distante, e modelos desse tipo já estão disponível no mercado.

O publicitário Leonardo Basoni, 37, tem um BMW I3 que se conecta à internet por meio de um chip e possui um aplicativo que permite ao dono enviar comandos do celular para o carro, como ligar o ar-condicionado, ativar a buzina, trancar as portas e acender o farol, antes mesmo de ele chegar ao automóvel.

 

Internet das coisas: que coisa é essa que conecta o mundo?
“Onde eu estiver, posso usar o celular para acessar todos esses dados e fazer uma leitura completa do carro, independentemente da localização do veículo” Leonardo Basoni, publicitário

“O aplicativo me mostra no celular o quanto ainda resta de bateria, quais as próximas revisões e informações sobre o consumo do veículo. Onde eu estiver, posso usar o celular para acessar todos esses dados e fazer uma leitura completa do carro, independentemente da localização do veículo”, detalha ele.

Basoni sempre foi entusiasta de tecnologia e leva uma vida num estilo bem conectado. Ele revela que o carro com essas funções foi a última aquisição, mas também utiliza smart TV e smartwatch. “Além disso, tenho o Google Glass há quase dois anos e ele mostra no canto da própria lente as notificações de e-mail e chamadas, além de contar com GPS que indica a localização. A função mais interessante do Glass é a de gravar vídeo e registrar imagens, porque basta clicar na haste para ativar a câmera”, comenta. Para o publicitário, o Google Glass tem quase as mesmas funções de alguns smartwatchs que são mais fáceis de usar. Por isso, ele entende os motivos pelos quais as vendas dos óculos inteligentes foram encerradas, em 2015.

Quem também vive conectado à internet é o médico Maurício Campo Dall’Orto, 25, que usa em casa uma smart TV, um home theater com acesso à rede e o aparelho da Apple TV. Sempre com a agenda de trabalho lotada e sem tempo para ficar conferindo o celular a todo momento, ele também decidiu adquirir o AppleWatch, o smartwatch da Apple, para ter mais comodidade e agilidade.

“Quando estou na minha mesa de atendimento, posso conferir toda notificação de e-mail ou chamada. O relógio funciona como um computador e costumo dizer que é praticamente minha secretária, porque mostra o que tenho que fazer e agiliza meu dia a dia para que eu não precise pegar no celular a todo momento”, conta Maurício. Segundo o médico, outra vantagem do uso desse equipamento é a possibilidade de monitorar atividades físicas.

“O AppleWatch vem com GPS incluso e localiza onde você está, lhe dá a quantidade de calorias gastas em uma corrida e lê seu batimento cardíaco”, enumera.
Além dos medidores inteligentes, as aplicações adaptadas às verticais específicas da indústria (incluindo dispositivos do processo de manufatura, sensores para instalações de geração elétrica e dispositivos de saúde para localização em tempo real) impulsionarão o uso de coisas conectadas entre as empresas até 2017, com 1,6 bilhão de unidades implantadas . No entanto, a partir de 2018, dispositivos de negócios diversos (cross industry), tais como aqueles voltados para edifícios inteligentes (incluindo iluminação LED e sistemas de segurança física), assumirão a liderança na medida em que a conectividade é direcionada para dispositivos de maior volume e menor custo.
Enquanto os consumidores compram mais dispositivos, as empresas gastam mais. Em 2017, em termos de gastos com hardware, o uso de coisas conectadas entre as empresas gerará US$ 964 bilhões. As aplicações dos consumidores totalizarão
US$ 725 bilhões em 2017. Até 2020, as despesas de hardware de ambos os segmentos chegarão a quase US$ 3 trilhões.

Internet das coisas: que coisa é essa que conecta o mundo?

A matéria acima é uma republicação da Revista ES Brasil. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

 

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