Já é possível perceber maior uso de fachadas pré-fabricadas, banheiros prontos e madeira engenheirada na construção civil como forma de driblar a falta de mão de obra
Por Kikina Sessa
A industrialização na construção civil é um caminho sem volta e mais do que necessário para atender a demandas emergenciais do setor como escassez de mão de obra e redução do impacto ambiental da atividade. Essa é a conclusão de entidades empresariais e incorporadoras.
Estados Unidos, Finlândia e Japão são referência para o Brasil, já que transformaram suas construções com metodologias e ferramentas que otimizam o trabalho da mão de obra e ainda geram economia de recursos. Douglas Vaz, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-ES), acredita que está surgindo um novo modelo, com foco em construção mais industrializada, que vai combinar customização em massa, padronização com flexibilidade, mecanização, pré-fabricação de produtos e integração da cadeia de suprimentos.
Para ele, o segredo do sucesso de outros países está na construção modular — um processo construtivo no qual uma parte substancial das atividades é executada off-site, em ambiente controlado, com alto grau de mecanização. O melhor exemplo de construção modular bem-sucedida é o Japão. Lá, há empresas com linhas de produção extremamente avançadas e sofisticadas, que dominam tecnologias de automação capazes de viabilizar a construção de três casas por dia.


Há construtoras no Brasil que não usam mais pedreiros levantando as paredes, mas montadores de placas internas e de fachadas. Com uma dupla de trabalhadores, é possível montar 120 metros quadrados de parede por dia. No método convencional, tijolo a tijolo, seria preciso quatro pessoas para atingir 80 metros: 34% a menos.
Há também prédios sendo edificados em estrutura 100% metálica, que pesa cerca de 42% menos do que as de concreto, suporta vãos mais extensos e é mais rápido de instalar.
“Tudo isso causa um impacto positivo nas políticas de ESG das empresas do setor”, comenta José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), informando que já se verifica um crescimento na adoção do método, com o maior uso de fachadas pré-fabricadas, banheiros prontos e madeira engenheirada.