Ambientalista propõe utilização da Fórmula de Monte Alegre e da Fórmula de Monte Alegre Alterada como estratégia de prevenção de incêndios em florestas e demais vegetação no Espírito Santo e no Brasil
Por Kikina Sessa
Diante da preocupante situação ambiental que afeta o Brasil, em razão das queimadas, utilizar um índice de risco ou perigo de incêndio ajuda, no mínimo, no planejamento e no alerta para quem mora no entorno de maciços florestais como parques, hortos e plantios florestais.
Engenheiro florestal, mestre e doutor em Ciência Florestal, Luiz Fernando Schettino afirma que a Fórmula de Monte Alegre (FMA) é um índice bastante simples. Proposta em 1972 pelo professor capixaba Ronaldo Viana Soares, utiliza apenas a umidade relativa do ar às 13 horas e a precipitação para calcular o risco de incêndio. É um índice que possui cinco classes de risco e é cumulativo, portanto precisa ser calculado todos os dias”.
“A utilização de índices de perigo de incêndios confiáveis é fundamental como medida preventiva, pois são ferramentas da mais elevada importância no planejamento das ações de prevenção de atividades que envolvam o uso do fogo e suas consequências”, comenta o engenheiro florestal.
Além disso, para Schettino, a utilização de índices de perigo de incêndios confiáveis serve de orientação para auxiliar em decisões governamentais, tais como: proibição de visitação pública em unidades de conservação, intensificação de monitoramento e de distribuição de equipamentos e brigadistas em áreas de maiores riscos, de ocorrência de incêndios. Do mesmo modo como intensificar a orientação e o controle da realização das habituais queimadas controladas, com fins de fazer plantios agrícolas, geralmente realizadas por pequenos agricultores.
Outra pessoa importante no desenvolvimento da Fórmula de Monte Alegre foi José Renato Soares Nunes, um engenheiro florestal, que fez a Fórmula de Monte Alegre Alterada, e que também é capixaba com uma carreira acadêmica e profissional bastante diversificada e brilhante Ele se formou em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) em 1976 e obteve um doutorado na mesma área pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2005.
Destaca-se que o nome dado à fórmula pelo professor Ronaldo Viana Soares: “Monte Alegre”, vem da região central do Paraná, onde a fórmula foi inicialmente desenvolvida e testada, especificamente no município de Telêmaco Borba.
A fórmula se mostrou eficaz e, por isso, foi adotada por várias empresas e instituições florestais no Brasil para ajudar no planejamento das atividades de prevenção e combate a incêndios.
Utilização da Fórmula de Monte Alegre (FMA) e da Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)
Nesse sentido, a utilização da Fórmula de Monte Alegre (FMA) e da Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+) é crucial para a prevenção de incêndios em florestas e demais vegetação, independentemente de o início do fogo ser intencional ou não. A utilização desses índices permite ações que ajudam que seja melhor monitorado e evitado o início do fogo, e consequentemente, evitando que venha se transformar em grandes tragédias ambientais, sociais e patrimoniais, como estamos vivendo neste momento, intensificado por uma seca avassaladora; e, que tendem a ser tornar cada dia mais “o normal”, com o aquecimento global.
Fórmula de Monte Alegre (FMA)
FMA=10(0.36×T)+(0.4×U)+(0.2×N)
Onde:
(T) é a temperatura do ar em °C
(U) é a umidade relativa do ar em %
(N) é o número de dias sem chuva
Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+)
FMA+=10(0.36×T)+(0.4×U)+(0.2×N)+(0.04×V)
Onde:
(T ) é a temperatura do ar em °C
(U) é a umidade relativa do ar em %
(N) é o número de dias sem chuva
(V) é a velocidade do vento em m/s
Desse modo, essas fórmulas são ferramentas confiáveis para calcular o índice de perigo de incêndios, já exaustivamente comprovadas sua eficácia na prevenção de incêndios florestais; e, que levam em consideração os fatores: umidade relativa do ar, temperatura, precipitação, dias sem chuvas e velocidade do vento.
Outras ações de prevenção de queimadas:
Além das fórmulas e da divulgação, outras ações são fundamentais para a prevenção de queimadas:
Educação ambiental: Intensificação dos Programas educativos em escolas e comunidades sobre a importância da preservação ambiental e os riscos das queimadas
Fiscalização rigorosa e punição dos infratores: Aumento da fiscalização para coibir queimadas ilegais e punir os responsáveis
Formação e manutenção de brigadas de combate às queimadas: Formação e treinamento de brigadas de incêndio para resposta rápida em caso de emergências
A combinação dessas estratégias pode reduzir significativamente a ocorrência de incêndios florestais, protegendo o meio ambiente e a população, com menores custos para os poderes públicos ao se combater as causas e não os efeitos.