Nos 16 dias deste mês, foram registrados 115 focos de incêndio, dos quais 45% ocorreram em áreas privadas
Por Kebim Tamanini
O Espírito Santo enfrenta um aumento alarmante no número de incêndios e queimadas em 2024. Apenas entre os dias 1º e 16 de setembro, foram registrados 115 focos de incêndio, o que representa um aumento de 32% em relação aos 83 eventos registrados em agosto. No total, o estado já contabiliza 387 focos ao longo do ano, de acordo com o Painel do Fogo, operado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), vinculado ao Ministério da Defesa.
Desses 387 focos, 45% ocorreram em áreas privadas, 8,8% em áreas públicas, e o restante em espaços não definidos. O aumento contínuo das ocorrências reforça a urgência de medidas preventivas para preservar o bioma da Mata Atlântica e mitigar os impactos ambientais e econômicos das queimadas.
Desde abril, os números de incêndios superam os registrados no mesmo período do ano anterior, e os dados de 2024 já se aproximam dos 462 focos contabilizados ao longo de todo o ano de 2023. Confira na tabela abaixo:
Especialistas, como o engenheiro florestal Luiz Fernando Schettino, alertam que as queimadas se tornaram um problema crescente no Brasil, especialmente em 2024. Em seu artigo “Pandemia de Queimadas”, Schettino destaca que, além de fatores naturais, como raios, a ação humana é a principal responsável pelos incêndios, com o desmatamento e queimadas para fins agropecuários entre as principais causas.
Setembro, mesmo sem ter terminado, já registra 115 ocorrências de incêndio no Espírito Santo, tornando-se o mês mais crítico do ano. Entre os casos mais graves está o incêndio que atingiu a Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba, em Guarapari, no início do mês, o que levou ao fechamento temporário do Parque Estadual Paulo César Vinha. Outro incêndio significativo ocorreu no Parque Estadual da Pedra Azul, em Domingos Martins.
Esse cenário no Espírito Santo reflete a situação crítica em nível nacional. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil registrou mais de 164 mil focos de incêndio entre janeiro e setembro de 2024, o maior número desde 2010.
Para reverter essa situação, Schettino sugere ações coordenadas e imediatas, como uma fiscalização rigorosa e punições severas para práticas ilegais de desmatamento e queimadas. Ele também propõe o uso de tecnologia para monitoramento, campanhas educativas, a revisão da legislação ambiental e a proteção da saúde da população nas áreas mais afetadas pelas queimadas.
Esses focos de incêndio e queimadas ocorrem em meio a um cenário de forte estiagem e temperaturas elevadas, que têm dificultado o controle dos incêndios. De acordo com o coordenador de meteorologia do Incaper, Hugo Ramos, as expectativas para os próximos dias indicam um possível atraso no início do período chuvoso, o que pode aumentar os registros de fogo na vegetação capixaba, tornando o cenário ainda mais alarmante.