Nos últimos cinco anos, empresas brasileiras perderam mais de US$ 1 trilhão no valor de mercado. O Banco Mundial realizou um estudo mostrando que existe um alto grau de correlação entre os indicadores do mercado acionário (de capitais) e o avanço das economias de um determinado país. Assim, quanto mais desenvolvido é o mercado de capitais, maior é a economia nacional, com o investidor aumentando seu patrimônio e com as empresas elevando sua produção, gerando empregos e contribuindo para o crescimento econômico. Por outro lado, a implantação de políticas econômicas errôneas que possam levar à recessão e à alta da inflação e do desemprego também destrói um segmento acionário forte.
Dada essa interdependência entre os dois fatores, uma das maneiras de se avaliar como está a saúde econômica de um país é utilizar a cotação de mercado das companhias cujas ações são negociadas na Bolsa de Valores. Nesse sentido, quando se verifica a evolução do valor de mercado de todas as empresas que fazem parte da Bolsa, tem-se uma boa informação para a análise das perdas e ganhos de uma economia.
O valor de mercado da empresa é obtido pelo resultado da multiplicação da quantidade de suas ações pela sua respectiva cotação nesse cenário. Claro que esse método só funciona para organizações de capital aberto, em que os preços dos papéis podem ser facilmente determinados. No caso do Brasil, no início de janeiro de 2011, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) o valor de mercado era US$ 1,5 trilhão, o maior da história, reflexo de como estava fortalecida a economia nacional no final de 2010. Segundo a Economática, tal patamar no começo do Plano Real (junho de 1994) alcançava US$ 98,8 bilhões, 15,2 vezes mais no comparativo com 2011.
Entretanto, no final de 2015, a Bovespa divulgou que o valor de mercado das 359 empresas com ações lá negociadas foi de US$ 490,0 bilhões, uma queda de mais de US$ 1 trilhão (mais da metade do PIB brasileiro estimado para 2015) entre início de 2011 e final de 2015, período de vigência da chamada “nova matriz econômica” no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff que levou o Brasil a ter, no final de 2015, uma das mais altas taxas de juros do mundo (14,25%), inflação de dois dígitos (10,67%), desemprego de 1,5 milhão de trabalhadores, encolhimento nos investimentos industriais e os menores índices de confiança de empresários e consumidores de toda a história, desde a realização de seus levantamentos.
No final de janeiro deste ano, a presidente Dilma reuniu o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado “Conselhão”, constituído por 92 pessoas, entre empresários, sindicalistas, estudantes e integrantes do movimento cultural. Na ocasião, ela anunciou medidas para estimular o crédito pelos bancos públicos e utilização de parcela do FGTS como garantia o empréstimo consignado. Infelizmente, parece que estão recuperando a “nova matriz macroeconômica” que levou o Brasil à situação em que se encontra com outra vestimenta.
Doria Porto é engenheiro metalurgista com mestrado em Engenharia da Produção e em Administração