É nas margens do Rio Cricaré, 220 km ao norte da capital capixaba, que está o segundo município mais antigo do Espírito Santo. São Mateus, que originariamente se chamava Povoado do Cricaré, possui um dos balneários mais famosos do Estado, o de Guriri, e tem atualmente na exploração e produção do petróleo a base de sua economia. Seus 466 anos de história ficaram marcados na sede da cidade, onde casarios antigos chamam a atenção, principalmente na região do Porto de São Mateus.
No passado, mais precisamente até a segunda metade do século XIX, o local era ponto de desembarque de navios negreiros, sendo uma das principais portas de entrada de negros no Brasil. Antes um terreiro para depósito de mercadorias importadas e exportadas, o cais do porto recebeu os primeiros sobrados no século XIX. Entre os anos de 1840 e 1870, foram aos poucos sendo construídos no local imponentes sobrados de mirantes, pátios internos, cobertos com telha canal e gradil de ferro trabalhado, símbolo do poderio econômico da elite de então.
Até o início da década de 1940, o transporte era realizado por navios que faziam as viagens para Vitória e Rio de Janeiro. Com a construção da BR-101, o porto foi perdendo sua importância, e o comércio passou a ser instalado no alto de São Mateus, ficando os casarões, por muito tempo, desabitados.
A partir de 1996, os casarões da região, que foram decretados Patrimônio Histórico do município, começaram a ser restaurados. O processo de restauração ainda não foi finalizado, mas em um dos casarões que já foram restaurados, está instalado o Museu da Imagem e do Som, inaugurado em 2002, onde estão expostos instrumentos musicais e fotografias de vários momentos da História e da cultura do município.
Igreja Velha
No centro de São Mateus fica a Igreja Velha, ruína de uma igreja projetada para ser a maior do município. A igreja começou a ser construída em meados do século XIX, mas o plano gigantesco da obra e os poucos recursos levaram os vereadores da época a desistirem do projeto. Sua alvenaria é de pedras, e a argamassa foi feita com areia, óleo de baleia e cal extraído de conchas torradas e moídas. Tempos depois de a obra ser interrompida, a dificuldade em se obter pedras, que eram trazidas da Bahia nos lastros dos navios, levou muitos administradores a retirarem dos alicerces e das paredes dos fundos da Igreja Velha as pedras para as edificações em São Mateus.