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sexta-feira, 19 abril, 2024

Herdeiro ou Sucessor?

Herdeiro ou Sucessor?

Vamos refletir sobre questões fundamentais para a longevidade dos negócios familiares?

Por Danielle Quintanilha Merhi

Em um contexto de uma empresa familiar, todos os filhos de um empreendedor ou empreendedora, serão, em algum momento da sua vida, um herdeiro do negócio fundado pelos seus pais. Isso quer dizer que ele, desejando ou não, receberá esse empreendimento, pois trata-se de uma questão biológica, que tem um respaldo legal e é inquestionável, a herança do patrimônio.

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Diante dessa afirmação, muitos membros de famílias empresárias compartilham as suas “dores”, que muitas vezes só são compreendidas por outros membros da família, ou por especialistas que acompanham de perto os desafios por eles enfrentados.

Aos olhos das pessoas que não pertencem à esse grupo, os herdeiros são vistos sob o prisma dos “nascidos em berços de ouro”, daqueles que nunca precisarão de buscar emprego, que não terão desafios para se manter financeiramente, chegando até a classificá-los como “aqueles que não tem motivo para se queixar da vida”, pois já são presenteados por serem de famílias empresárias.

Aos olhos dos herdeiros, este é “um presente” que pode vir embalado com muitas cores diferentes, e que nem sempre são caracterizados de forma positiva e leve. A vida pode não ser tão fácil para um herdeiro… A começar pela culpa que sente quando se questiona sobre a felicidade e o preço que paga por ser um herdeiro.

Que tal então, permitir refletir sobre algumas questões veladas, mas fundamentais para a longevidade dos negócios familiares e para uma vida saudável dos herdeiros que receberão esses negócios? Algumas delas:

Será essa herança um legado a ser levado a diante com orgulho e entusiasmo, ou será essa herança um aprisionamento? Será ela um bônus ou um ônus?

Há diferença entre ser um herdeiro e ser um sucessor? Será que todo herdeiro, terá uma condição obrigatória de suceder o negócio da sua família? Quais os efeitos na vida de um sujeito, se ele considerar que não há opção de escolha, que cabe à ele, assumir os negócios da família sob o risco do negócio sucumbir?

Essas são questões complexas, muito pouco dialogadas em família, entretanto de uma relevância enorme, a considerar o impacto na vida das pessoas envolvidas e da continuidade dos negócios familiares. As respostas dadas à cada uma das questões acima, estão diretamente ligadas à particularidade de cada sujeito, da sua relação com a família e com o negócio.

É fato que não se pode generalizar, mas há um conceito que pode e deve ser visto como uma premissa para as famílias empresárias: ao herdar um negócio, é aconselhável que essa pessoa esteja preparada para ser um sócio e um acionista, mesmo que, em última instância, seja por um curto espaço de tempo, para saber como conduzir a sua saída do negócio.

O desejável, entretanto, é que sendo os membros das próximas gerações preparadas o quanto antes para a sua futura responsabilidade como sócios e acionistas, eles possam ter mais autonomia quanto à suas escolhas profissionais, e condução das suas carreiras.

Caso a escolha seja, além de ser um herdeiro, ser também o sucessor e principal executivo da empresa, atenção… Esta posição requer desejo, afinidade pelos negócios, competência técnica e comportamental, maturidade, habilidades sócioemocionais, dentre várias outras competências necessárias para se conduzir o dia-a-dia dos negócios da família.

Desta forma, sendo um herdeiro ou sucessor, o ideal é que tenha possibilidade de refletir sobre a sua escolha, sempre fazendo  algo para que o laço de afeto pela empresa e pelos membros da família seja fortalecido, e assim, a contribuição de todos seja em prol da longevidade dos negócios ora fundado pelas gerações antecessoras.

Danielle Quintanilha Merhi é Sócia da Utz Soluções para Empresas Familiares, é Psicanalista, Especialista em Psicologia Organizacional e Mestre em Administração. Atua com desenvolvimento de CEOs, executivos, herdeiros e dedica-se a assessorar empresas familiares em processos de sucessão, conflito e coesão familiar. Atua em todo País como Professora convidada da Fundação Dom Cabral (FDC), é Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil. Autora do livro: “Família Empresária: vamos dialogar?”.

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