A iniciativa é uma das medidas adotadas pelo município para aumentar a segurança nas escolas
Por Rafael Goulart
Nove turmas da Guarda de Vila Velha serão treinadas no curso de “Intervenção contra Agressor Ativo”, que ensinará técnicas de negociação, combate a curta distância, aproximação do alvo e outras. A iniciativa faz parte das medidas que o município tem adotado após a onda de ameaças às escolas que assolou o Brasil no início de abril.
Segundo a comandante da GMVV, Landa Marques, o curso é uma das etapas de preparação tanto dos agentes quanto da comunidade escolar, para atuação em caso de invasões, como as ocorridas recentemente no interior capixaba e em outros estados do país.
“Nosso primeiro pilar foi oferecer um recurso para que a escola acionasse imediatamente a Guarda. Lançamos o SOS Escola, que já está em operação. Agora iniciamos o segundo pilar, que é a capacitação dos nossos agentes e, no terceiro pilar, vamos treinar professores, diretores, servidores da educação que atuam nas escolas”, explicou a comandante.
Na Serra, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Defesa Social vão implantar o programa Educação em Alerta, que contará com câmeras e um dispositivo que deverá ser acionado por equipe capacitada em caso de emergência. O município já conta com a Patrulha Escolar e a prefeitura também anunciou que ampliará a jornada dos vigilantes escolares.
Vitória
Em Vitória, todas as escolas da rede municipal de ensino da Capital foram equipadas com botão do pânico e a prefeitura ampliou os mecanismos de monitoramento, bem como o treinamento de equipes, baseada nos mais modernos protocolos de segurança.
Viana
Em Viana foi instituído o projeto “Garantindo Direitos, Promovendo a Paz”, coordenado por uma equipe que possui psicólogos, pedagogos, assistente social e a participação da comunidade escolar, e visa proporcionar melhor formação de crianças e jovens, levando-os a entender os direitos e deveres deles como parte de uma sociedade.
A prefeitura de Viana também informou que todas as 39 unidades de ensino municipal possuem câmeras nos espaços comuns, e assistentes de portaria, o que abrange as escolas cívico-militares, que possuem militares em seu corpo docente.
Cariacica
Em Cariacica, a prefeitura apresentou na manhã desta terça (11) o botão do pânico aos diretores das escolas municipais.
Uma iniciativa inédita na cidade que visa levar mais segurança para as escolas de Cariacica será implementada da rede municipal de ensino: o botão do pânico. A nova ferramenta foi apresentada aos diretores das unidades de ensino da cidade na manhã desta terça-feira (11) e na próxima quinta-feira (13) eles passarão por um treinamento para o uso da ferramenta.
O Secretário de Defesa Social de Cariacica, Claudio Victor, explica que o aplicativo com o botão do pânico será integrado à Guarda Municipal, que irá direcionar o chamado às forças de segurança competentes.
Espírito Santo
Em novembro de 2022, o município de Aracruz (ES) foi palco de uma tragédia: quatro pessoas foram mortas e outras 12 ficaram feridas a tiros por um adolescente que invadiu duas escolas. Na casa dele, a polícia encontrou material nazista e rastros de interação com grupos extremistas pela internet.
Em abril (2023), a rotina escolar de muitos capixabas foi alterada devido a circulação de ameaças de novos atentados nas escolas. As ameaças circularam após ataques acontecerem em Goiás e Manaus.
Brasil
De acordo com a pesquisadora do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, Michele Prado, de 2002 até março de 2023 há 22 registros de ataques em escolas no Brasil, porém a metade (11) desses ataques aconteceu no último ano, o que aponta para uma crescente onda de atentados desse tipo.
Até março, o aumento observado pela pesquisadora era de 45%, isso sem considerar os três casos que aconteceram em abril deste ano: um na manhã desta terça (11), em Santa Tereza de Goiás, um em Manaus (10) e o massacre na creche em Blumenau.
No dia 10 de abril, o ministro da Justiça Flávio Dino realizou uma reunião com representantes das Bigtechs no Brasil e disse que não aceitaria mais que as empresas usassem os “Termos de Uso” para justificar a falta de atuação na remoção ou a propagação de conteúdos criminosos.
Dados de pesquisadores da Unicamp mostram que há no Brasil um aumento de atentados a escolas desde 2021. Para debater sobre assunto, o ES Brasil convidou o coordenador do curso de pós-graduação em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha, doutor em Sociologia pela UFRJ, Marco Aurélio e o professor e antropólogo Tiago Hyra.