Vila Velha, Serra, Cariacica e Vitória possuem 920.810 transportes motorizados, o que representa cerca de 39% do total no Espírito Santo
Por Kebim Tamanini
Nos últimos dez anos, a Grande Vitória enfrentou um crescimento significativo no número de veículos, passando de 635.695 em 2013 para 920.810 em 2023, o que representa um aumento de 44,85%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa expansão reflete não apenas o aumento da frota nas quatro maiores cidades da região — Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória —, mas também gera uma série de impactos e desafios na mobilidade urbana.
De acordo com dados recentes do IBGE, em 2023, a cidade de Vila Velha lidera com 260.654 veículos, seguida por Serra, que conta com 252.661 veículos. Cariacica aparece com 196.274 veículos, enquanto Vitória registra 211.221 veículos.
Os percentuais de crescimento no número de veículos de 2013 a 2023 são os seguintes:
- Vila Velha: 63,33%
- Serra: 58,32%
- Cariacica: 49,72%
- Vitória: 13,91%
Essa frota de veículos representa cerca de 39% do total no Espírito Santo, que possui 2.357.061 veículos, concentrando-se em apenas quatro das 78 cidades do estado. Essa situação levanta questões sobre a infraestrutura viária, o trânsito e os impactos ambientais gerados por esse aumento.
Impactos na Mobilidade Urbana
Com o crescimento da frota, o trânsito na Grande Vitória tem se tornado um desafio crescente. O professor Tarcisio Bahia, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFES, alerta sobre os sérios impactos desse aumento na mobilidade urbana. “O engarrafamento, a poluição e os acidentes são evidentes e prejudiciais à qualidade de vida nas cidades. Embora ter um carro possa parecer conveniente, essa tendência coletiva resulta em diversos problemas urbanos”, afirma.
Para o professor, uma solução viável seria implementar medidas que desencorajassem o uso frequente de carros. Ele sugere que os motoristas poderiam optar por utilizar seus veículos apenas em momentos específicos, como nos finais de semana. “O aumento nas vendas de carros e os preços acessíveis da gasolina, em contrapartida, agravam a situação do trânsito”, destaca.
Segundo o professor, a segurança, o conforto e a eficiência dos ônibus, especialmente em horários de pico, permanecem como desafios diários. Ele pontua que, sem faixas exclusivas para ônibus, o transporte coletivo enfrenta os mesmos congestionamentos que os veículos particulares, o que desestimula seu uso. “Em cidades que adotaram faixas exclusivas, o transporte público é significativamente mais eficiente”, exemplifica.
Iniciativas em Andamento
No entanto, ações já estão sendo tomadas para mitigar esses problemas. De acordo com Fábio Damasceno, secretário de Estado da Mobilidade (Semobi), a priorização do transporte público é uma das principais estratégias. A implantação de faixas exclusivas para ônibus na Terceira Ponte, a introdução do transporte aquaviário e a “Ciclovia da Vida” são iniciativas que buscam integrar e diversificar o sistema de transporte coletivo.
“A renovação da frota, com a inclusão de mais 900 ônibus equipados com ar-condicionado e o Cartão GV, que oferece bilhetes únicos metropolitanos, são avanços importantes. Obras de infraestrutura, como o Trevo de Carapina e o Portal do Príncipe, também visam melhorar a mobilidade e o conforto dos usuários”, finaliza Damasceno.