As estimativas para colocar o novo trecho em operação variam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 13 bilhões
Por Kikina Sessa
A variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, que compreende um trecho ferroviário de 355 quilômetros entre Patrocínio e a Grande Belo Horizonte, está entre as prioridades da agenda de infraestrutura que o governo do Espírito Santo e as entidades empresariais capixabas têm discutido em Brasília.
A ideia é criar uma alternativa ao trecho da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que passa pela serra, com uma eficiência muito baixa, e atrair mais cargas do centro do país, principalmente do agronegócio, para os portos do Espírito Santo.
Se a proposta defendida pelo Estado sair do papel, o modelo ficará assim: a FCA pegaria cargas em Minas Gerais e Goiás, contornaria a Serra do Tigre pela variante, se conectaria com a Ferrovia Vitória-Minas na Grande BH e, por ela, as cargas chegariam aos terminais capixabas.
Esse assunto foi tema de uma rodada de conversa na sede da Federação das Indústrias do Estado (Findes), ocasião em que o presidente Paulo Baraona recebeu o CEO interino da VLI Logística, Fábio Marchiori, o gerente-geral de Relações Institucionais, Anderson Abreu, e o gerente de Relações Institucionais do Corredor Centro-Leste, Fernando Kunsch, além de outras autoridades empresariais e políticas.
As estimativas para colocar o novo trecho em operação variam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 13 bilhões. Especialistas afirmam que, se não houver subsídio do governo federal, nenhuma empresa privada deverá aceitar a empreitada.
O consultor José Ernesto Conti avalia que a falta desse trecho ferroviário funciona como uma espécie de “barreira natural” contra as cargas, principalmente de grãos e minérios, do Centro-Oeste para o Espírito Santo.
“A Vale nunca se interessou em fazê-lo para não sobrecarregar a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), onde a prioridade era minério de ferro. Porém, com a gradual redução da exportação de minério na Região Sudeste, a pressão de outras cargas sobre a EFVM já não é tão grande, ainda mais quando sabemos que o desejo da Vale é reduzir ainda mais a exportação de minério de ferro por Tubarão (o custo da exportação por Tubarão é mais que o dobro da exportação por Carajás, para um minério inferior em qualidade). Logo, o primeiro motivo é ociosidade da EFVM e a receita da FCA depende da quantidade de carga transportada.”
A construção dessa variante da Serra do Tigre irá resolver dois problemas: reduzir a distância entre Patrocínio e Sete Lagoas e aumentar a velocidade de uma composição ferroviária na região, atualmente com várias limitações em muitos trechos, a rodar no máximo de 20 a 30 quilômetros por hora.