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quinta-feira, 28 março, 2024

Governança Municipal

Governança Municipal

É fundamental ter metodologias de envolvimento que permitam uma construção decisória coletiva

Por Antônio Marcus Carvalho

Concluído o segundo turno das eleições municipais na Grande Vitoria, observou-se um belo exemplo de exercício da democracia com as forças políticas atuando de forma livre, sempre sob observância de uma justiça eleitoral competente e atenta. Os candidatos travaram uma disputa acirrada, mas predominantemente leal. Em eleições, aquele candidato que opta por uma atitude mais agressiva, ou que permite a construção dessa imagem, confundindo o candidato opositor com a pessoa que o personifica, tende a não ser bem aceito. De forma geral, mas especialmente em decisões de segundo turno. Não quero aqui criticar qualquer candidato que eventualmente tenha lançado mão dessa postura, afinal a estratégia de campanha é uma questão de escolha pessoal, de definição própria.

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O resultado trouxe a eleição de duas pessoas que estão na política há longos anos, caso de Serra e Cariacica, e duas pessoas com certa experiência, mas não de longo tempo, como Vitória e Vila Velha. Eu, particularmente, torço pelo sucesso de todos, pois o que verdadeiramente importa é a melhoria da cidade, da qualidade de vida de seus cidadãos, da dinâmica empreendedora e da eficiência e da eficácia da administração municipal. E não creio que para se conseguir isso seja essencial ter muita experiência. Para que isso ocorra é preciso observar questões essenciais. O culto ao personalismo e a imposição de decisões de deliberação exclusivamente pessoal devem ser abolidos. É fundamental ter metodologias de envolvimento que permitam uma construção decisória coletiva. Não aquelas que são meros assembleísmos, mas usinas de contribuição para a formulação de políticas públicas, em que as pessoas respeitam opiniões contraditórias e buscam um consenso produtivo em direção ao bem coletivo.

Outra questão é a importância de estabelecer alianças estratégicas com outros governos municipais, notadamente os da Grande Vitoria em que problemas e ações resolutivas sejam compartilhadas, e a inciativa privada. Uma das mais importantes é a aliança com o governo do estado, evitando as sombras das cortinas ideológicas e calor das ambições políticas pessoais. Enquanto o planalto central não consegue apresentar um plano de governo bem definido e sustentável o Espirito Santo acaba de anunciar um robusto e defensável plano de ação. Ademais, cria musculatura no Fundo Soberano, para que possa melhorar a confiança no longo prazo. Com contas equilibradas e boa equipe técnica, pode ser ótimo parceiro em questões municipais.

Indispensável é o investimento em tecnologia. Não apenas para ganhar velocidade nas ações públicas, mas para lhes dar assertividade, economia de recursos escassos e ampliar a participação dos cidadãos. Ter que se dirigir a um local específico, em dia específico, com capacidade máxima específica, para dialogar com a administração pública tornou-se implacavelmente obsoleto, já tem algum tempo. Agora mais ainda com as lives, que vieram para incluir e ampliar o volume de participantes. Os municípios devem ter essa prioridade tecnológica. O investimento inicial se apresenta como elevado, mas caro mesmo é o desperdício de tempo, de recursos finitos e da produtividade no trabalho.

Antônio Marcus Carvalho Machado é economista (Ufes) e mestre em Administração (UFMG)

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