A pesquisa investigou o impacto das mídias digitais na construção da subjetividade dessa geração, que passa boa parte do tempo conectada
Por Fabio Gabriel
É comum, hoje em dia, observar principalmente adolescentes e jovens com o olhar fixo e os polegares na tela de um celular. Esse fato revela a influência que o mundo “ON” pode ter sobre esse público. Uma pesquisa conduzida na FAESA – Centro Universitário trouxe à tona dados reveladores sobre como as tecnologias digitais estão moldando o comportamento e as relações pessoais da Geração Z (termo utilizado para se referir àqueles que nasceram na segunda metade dos anos 90 até o início da década de 2010).
O estudo, que entrevistou 200 jovens de 16 a 29 anos, teve a duração de um ano e foi liderado pelo professor de comunicação Felipe Dall’Orto, com a colaboração das alunas Anna Lara Kapitzky Dias, Otilia Maria dos Santos Almeida e Laísa Rocha Barreto. A pesquisa investigou o impacto das mídias digitais na construção da subjetividade dessa geração, que passa boa parte do tempo conectada.
Os resultados mostram que 72,8% dos jovens ficam mais de 4 horas por dia conectados, sendo que 13,6% ultrapassam 8 horas diárias nas redes sociais. Essa conexão, em grande parte realizada por meio do smartphone, é intensificada pela velocidade de estímulos gerados pelos algoritmos das plataformas, como Instagram, TikTok e WhatsApp, que se tornaram ferramentas centrais de comunicação e consumo de informação para essa geração.
Esse excesso de tempo online, aliado ao ritmo acelerado de conteúdos consumidos, tem influenciado a forma como esses jovens percebem o mundo ao seu redor, criando uma fusão entre o real e o virtual e uma visão, muitas vezes, fragmentada da realidade.
“Eu acredito que hoje em dia é muito difícil separar nossa vida em ambiente real e virtual, pois vivemos essa realidade híbrida simultaneamente. Quando a pesquisa mostra que eles(jovens) ficam mais de 4 horas conectados, fora as outras exposições a diferentes telas é muito significativo, pois passamos a enxergar o mundo através delas(telas)”, afirmou Dall’Orto.
Prós e contras
Para o professor, a realidade digital traz aspectos positivos, com possibilidades para diferentes conteúdos e conexões, mas, ao mesmo tempo, ele alertou para os riscos: “Se feito de forma inconsequente, essa imersão nos isola de questões importantes ao nosso redor e nos coloca numa necessidade de aprovação por parte de pessoas que vivem realidades muito diferentes”, afirmou.
Apesar de muitos entrevistados afirmarem não se sentirem diretamente influenciados pelas redes, 68% admitiram já ter consumido produtos indicados por influenciadores, especialmente itens de beleza e moda. Além disso, 67% dos participantes revelaram sentir desconforto ao compararem suas vidas com as representações vistas nas redes, o que aponta para o impacto emocional gerado por esses ambientes digitais.