No Dia do Folclore, costuma-se exaltar os elementos e tradições que fazem parte da cultura popular, como canções, danças e festas típicas
Por Manoel Goes Neto
O Dia do Folclore é comemorado mundialmente em 22 de agosto, e foi oficializado em todo território brasileiro, através do Decreto n° 56.747, em agosto de 1965. Na ocasião, o então presidente militar Castelo Branco instituiu também no dia 22 de agosto como a data que serviria de homenagens a cultura popular nacional. A data tem o propósito de valorizar e mostrar a importância de todas as manifestações que caracterizam a cultura popular, como as lendas, canções, mitos, danças, artesanatos, brincadeiras, entre outros. Devido a sua significância e necessidade de preservação, o folclore é considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial.
“Constitui o fato folclórico a maneira de pensar, sentir e agir de um povo, preservada pela tradição popular e pela imitação, e que não seja diretamente influenciada pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam, ou à renovação e conservação do patrimônio científico humano, ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica”.
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Baseado nesta premissa posso afirmar que o folclore capixaba é um dos mais ricos do país. Temos uma identidade forte, significativa e repleta de manifestações culturais diferentes de quase V séculos. De norte a sul do estado se encontram manifestações culturais, grande parte delas, por exemplo, só existem aqui em terras capixabas. No litoral temos movimentos fortes como o Congo, Ticumbi e Alardo. Já na região noroeste existe o Boi-Janeiro e, além disso, temos em Prata dos Baianos, uma tradição mantida pelos grupos folclóricos da região, a “Roubada da Bandeira” tradicional festa de Ecoporanga; originária de Portugal, com influências significantes de negros africanos, que acontece em junho, tendo como atrações o levantamento do mastro, quadrilhas, barraquinhas com comidas típicas e apresentações de danças: Vilão, dos Nove e Caboclo.
Um dos aspectos mais marcantes do folclore brasileiro são as danças típicas e festas populares. Entre as mais conhecidas, inclusive internacionalmente, estão o bumba meu boi, frevo, maracatu, afoxé, Folia de Reis, festas juninas e o Carnaval – considerada a maior festividade do país. Já na vertente musical, temos uma vasta diversidade de ritmos e melodias, como é o caso do frevo, samba de roda, baião, forró, pagode, música sertaneja, etc. Os seres sobrenaturais são riquezas que compõem as lendas, e são responsáveis pela continuidade de diferentes superstições como o Saci Pererê, Curupira, Iara e Mula sem Cabeça. No Dia do Folclore, costuma-se exaltar os elementos e tradições que fazem parte da cultura popular, como brincadeiras infantis, danças, canções, festas típicas e personagens lendários. No Brasil, essas manifestações nasceram através dos indígenas, africanos e portugueses, e estão presentes em todas as suas regiões.
Apesar da riqueza cultural, no Brasil as datas folclóricas quase não são comemoradas, geralmente quem propaga a celebração são as escolas, contadores de histórias e demais fazedores de cultura, e mesmo assim não há uma comemoração tão grande. O que fortalece a identidade de um país, de uma comunidade, de uma cidade, é justamente a produção cultural. É o folclore, as danças, os contos e as narrativas. E se você só começa a fazer a narrativa do que vem de fora, como exemplo o muito comemorado Halloween, perde-se muito da história e identidade de um povo. É fundamental resgatar a ancestralidade cultural, nossas lendas e mistérios.
Manoel Goes Neto é subsecretário de Cultura de Vila Velha, escritor e diretor no IHGES.