Receber um bom feedback pode abrir nossos olhos para pontos cegos, para aspectos que, sozinhos, talvez não conseguíssemos enxergar
Por Neidy Christo
Ao longo da minha trajetória, percebi que o feedback pode ser uma das ferramentas mais poderosas para o desenvolvimento profissional ou um dos maiores bloqueios, dependendo de como é dado ou recebido. A forma como lidamos com ele diz muito sobre nossa maturidade, abertura ao aprendizado e desejo de evoluir.
Muitas pessoas ainda associam feedback a algo negativo. Quando alguém diz “preciso te dar um feedback”, é comum que o corpo reaja com tensão. Mas feedback não é uma “bronca”, muito menos julgamento. É, na verdade, uma oportunidade de crescimento, de ajuste de rota e de clareza sobre comportamentos e resultados.
Receber um bom feedback pode abrir nossos olhos para pontos cegos, para aspectos que, sozinhos, talvez não conseguíssemos enxergar. Já dar um bom feedback exige sensibilidade, empatia e responsabilidade. Afinal, estamos falando de pessoas — com histórias, vulnerabilidades e talentos — e não de máquinas com indicadores a cumprir.
Para que o feedback seja produtivo, ele precisa ser verdadeiro, específico e respeitoso. Nada de frases genéricas como “você precisa melhorar sua postura”. Que postura? Em que momento? Em que contexto? Quanto mais concreto, melhor o outro poderá refletir e agir sobre aquilo.
E atenção: o tom, a intenção e o momento em que o feedback é feito fazem toda a diferença. Dar uma devolutiva no meio do caos, ou com tom de crítica destrutiva, compromete totalmente o propósito da conversa.


Do lado de quem recebe, também há um caminho a trilhar. Ter abertura para escutar sem se colocar imediatamente na defensiva é um exercício de humildade. Ao invés de rebater, que tal fazer perguntas? Entender a perspectiva do outro pode trazer insights poderosos, mesmo que nem tudo ressoe de imediato.
Além disso, feedback não deve ser um evento isolado, anual ou formal. Ele precisa fazer parte da cultura do dia a dia. Bons líderes não esperam a avaliação de desempenho para conversar. Criam espaços seguros onde o diálogo é constante; e onde o feedback é visto como um presente — ainda que, às vezes, ele venha embalado em desafio.
Eu costumo dizer que feedback é como um espelho: nem sempre mostra o que queremos ver, mas mostra o que precisamos ver para evoluir. Quando utilizado com consciência, ele fortalece relações, alinha expectativas e impulsiona o desempenho de equipes inteiras.
E se você tem evitado uma conversa difícil, te deixo um convite: o que te impede de transformar essa barreira em ponte?
Neidy Christo é presidente da ABRH/ES, doutoranda em Administração e Consultora em Desenvolvimento Humano