A relação entre a educação financeira e a saúde mental é um tema cada vez mais relevante, diante do estresse causado por problemas financeiros na rotina das pessoas
Por Herica Gomes
A relação entre a educação financeira e a saúde mental é um tema cada vez mais relevante, diante do estresse causado por problemas financeiros na rotina das pessoas. Em um cenário de fragilidade econômica e crescentes exigências do mercado de trabalho, é essencial compreender como a gestão adequada das finanças pessoais pode influenciar a saúde mental, e vice-versa.
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo revelam que, em novembro de 2024, 77% das famílias estavam endividadas; e 29,4% tinham contas em atraso. Esses números refletem a falta de controle financeiro que afeta grande parte da população brasileira.
O endividamento e a falta de planejamento podem levar a transtornos que impactam a vida pessoal e profissional. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o SPC Brasil, 82% dos inadimplentes têm alteração do sono, menos vontade de socializar com outras pessoas e alterações no apetite.
Deve-se ressaltar que a pressão para “manter as aparências”, principalmente após o boom das redes sociais durante a pandemia da covid-19, contribui para o agravamento desse quadro.
Já no mundo corporativo, as dificuldades financeiras e a falta de conhecimento nessa área podem gerar uma sensação de impotência, prejudicando a performance do colaborador.
Ausências, baixa produtividade e até mesmo dificuldade nos relacionamentos com os colegas de trabalho podem ser sinal de quem sofre com dívidas e têm dificuldade de gerir as finanças pessoais.


Mas basta aprender matemática financeira para ser educado financeiramente? Não! A solução não está só nos números, nem no aprendizado sobre investimentos ou equilíbrio do orçamento mensal.
Quando o assunto é dinheiro, acredite: o mais importante é o comportamento humano! A forma como lidamos com as nossas finanças está profundamente conectada ao nosso estado emocional. Essa questão tem muito a ver com autoconhecimento e o cuidado com as emoções.
E o gestor de recursos humanos pode contribuir com esse processo? Sim, e muito! A implementação de programas que promovam a prática da inteligência financeira nas empresas é uma ótima estatégia.
Nessas ações, é fundamental desenvolver competências que ajudem os colaboradores a se adaptarem às adversidades e a tomarem decisões mais conscientes sobre como planejar, poupar e gastar; minimizando o impacto de imprevistos financeiros.
Algumas organizações já adotaram capacitações contínuas, com workshops e consultorias personalizadas; ferramentas e metodologias práticas. Essas iniciativas abordam temas como cidadania financeira, orçamento familiar, autoconhecimento e definição de objetivos.
Fato é que promover a educação financeira é ferramenta essencial para prevenir transtornos físicos e mentais, beneficiando tanto os indivíduos quanto as organizações. Empresas que adotam essa prática colhem resultados, tais como: maior produtividade, melhoria no clima organizacional, redução do absenteísmo, diminuição de pedidos de adiantamentos ou empréstimos e até valorização da marca empregadora.
Herica Gomes é educadora financeira e diretora da ABRH-ES.