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terça-feira, 23 abril, 2024

Especialistas debatem os desafios do Cooperativismo em meio à crise

O ESB Debate reuniu academia, gestores e cooperados para discutir as demandas do setor que pode ser importante ferramenta no combate ao desemprego. 

Muitas foram as questões levantadas durante a terceira edição do ESB Debate deste ano, que trouxe como tema “O Novo Cooperativismo”. Mas, três delas tiveram destaque durante o evento: o necessidade de capacitação de mão-de-obra, o cuidado com a água e o grande e complexo desafio de reorganizar as relações de trabalho.

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A oportunidade de debater problemas, conquistas, e novos rumos para o cooperativismo reuniu especialistas, gestores e cooperados na noite desta terça-feira (12), no auditório do Bristol Century Plaza, na Praia de Camburi, em Vitória. A experiência de 34 anos de atuação no meio cooperativista do mediador Carlos André Santos de Oliveira, superintendente da OCB-Sescoop/ES, enriqueceu ainda mais o conteúdo debatido.

As principais mudanças no cenário cooperativista nos últimos cinco anos foi o tópico que abriu a noite. O presidente da OCB-ES Esthério Sebastião Colnago destacou que apesar de já se verificar o crescimento no número de jovens e mulheres na função de dirigentes tanto dos núcleos de produção, quanto das cooperativas, é preciso ampliar de forma significativa essa participação. “Precisamos capacitar cada vez mais esses profissionais. Já formamos mais de 300 jovens para atuar junto às cooperativas e agora está sendo fortalecido o núcleo de capacitação das mulheres. A entrada desses profissionais nas cooperativas vai oxigenar o setor, humanizar os processos, trazer melhorias”, apontou o presidente.

Ao ser questionado sobre o papel do cooperativismo frente ao mercado de trabalho, e ainda, diante de tantos problemas, como garantir que não se torne mais um meio de precarização das relações de trabalho, o diretor de Crédito e Fomento do Bandes, Everaldo Colodetti, defendeu que o setor pode ser uma importante arma para solucionar o desemprego. Para ele, não haverá exploração do trabalhador. “Os bons exemplos tem mostrado tradição e modernidade como aliados”, defendeu.

A doutora em Economia e coordenadora e professora dos cursos de graduação e mestrado da Fucape Business School, Arilda Teixeira, reiterou que o grande e complexo desafio, não apenas do Espírito Santo, mas de todo o Brasil, é capacitar a mão-de-obra. Para ela, o bom senso e a integridade moral que integram a base do cooperativismo não deixarão haver a precarização do trabalho.

Sobre as tendências do cooperativismo agropecuário no mundo e os desafios para o Brasil, Esthério Colnago reiterou a necessidade de agregar valor, por meio da capacitação de cooperados e fortalecimento das estruturas. Quanto às soluções para a crise hídrica, ele destacou que não existem medidas eficazes a curto prazo. E que, especialmente no norte, é preciso contar com a chuva, em conjunto com ações como a construção de barragens e mesmo das caixas secas, entre outras. Para comentar os prejuízos causados às cooperativas foi convidado o presidente da Veneza, José Carnieli, que foi enfático: “É preciso menos discurso e mais ação. Todos sabem as medidas que devem ser tomadas”, destacou.  

Tradicionalmente, em cenário de recessão, as cooperativas de crédito tendem a se fortalecer, mas o Sicoob atingiu resultados acima da média nacional. O diretor-executivo Nailson Dalla Bernardina explicou que a instituição se planejou para isso e que o desempenho alcançado é fruto desse planejamento. “O Mantivemos uma média de rentabilidade do Patrimônio Líquido (PL) de 25,5% nos últimos três anos. Mas o importante é aproveitar muito bem esse resultado. Conseguimos demonstrar a importância de uma reserva consistente, para que pudesse ajudar as cooperativas no futuro, e foi aprovado 55% para as reservas da operação. Aproveitamos esses resultados para capitalizar a cooperativa dos fundos indiviseis, que são os fundos da perenidade da instituição, para que a instituição possa fazer suas operações em médio e longo prazos a taxas melhores e competitivas”, explicou Nailson  

O diretor-executivo destacou que ainda há muito há ser conquistado. “Nos EUA, na França e no Canadá, 30% da população estão vinculadas às cooperativas de crédito. Na Áustria e na Holanda, esse percentual é de 20%, enquanto no Brasil, a média é de 4%. Aqui no ES, temos já 10% da população. Somos referência no país”, enumerou Dalla Bernardina.

Para ilustrar a grandiosidade do cooperativismo agropecuário capixaba, o moderador do evento, Carlos André, apontou que 55% do leite que passa pelo Espírito Santo e 1,5 milhão de sacas de café são oriundos de cooperativas.

Remegildo Gava Milanez, diretor de Mercado da Unimed Vitória, defendeu a necessidade de que a área da saúde seja reinventada no país. “A saúde pública e privada está falida. Passamos 17 dias na Europa estudando o cooperativismo e entendemos que o modelo antigo, em que o médico conhecia todo o histórico de saúde do paciente, tem se mostrado mais eficiente que o modelo adotado pelos Estados Unidos e pelo Brasil com excesso de especializações”

O público participou ativamente do debate,encerrado as 22 horas, e aplaudiu a colocação da economista Arilda Teixeira que chamou a um reflexão sobre as relações trabalhista atuais. “O Brasil vai precisar de muita coragem e amadurecimento para reorganizar o sistema trabalhista. Terá de optar se quer emprego ou se quer estabilidade. Todo mundo é a favor da flexibilização quanto está desempregado, entrou pro trabalho, quer direitos e garantias. Esse sistema privilegiando uma elite mínima em detrimento a grande massa de trabalhadores. Chega de discurso. Quer melhorar? Seja você um vetor de transformação onde estiver, trabalhe, seja honesto e assim teremos poderemos sim ser um país do futuro”

No encerramento do debate Arilda fez um alerta bastante aplaudido pelos participantes. “O Brasil está precisando de atitude. Já falamos demais, todo mundo já entendeu que estamos passando por um problema difícil. Então vamos agir nos nossos âmbitos de atuação. Quer melhorar? Sejamos cada um de nós um vetor da melhoria, da eficiência, da integridade moral e de comprometimento com um projeto Brasil, que essa país está precisando para que se torne uma nação do presente e não ficarmos envergonhados no futuro com as nossas lambanças”, finalizou

O debate, realizado pela Next Editorial/Revista ES Brasil e com correalização da OCB-ES (Organização das Cooperativas Brasileiras), contou com apoio do Hotel Bristol, do café Delta Q, Iamonde Design de Eventos e Rádio ES Brasil. A certificado de participação do evento estará disponível em nosso site a partir da próxima segunda-feira (18) e a cobertura completa do debate será matéria especial de nossa edição impressa ao final de julho. 

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