Segundo a ANP, a produção de petróleo no Estado poderá atingir 470,5 mil m³ por dia até 2028
Por Cristiano Stefenoni
O Espírito Santo tem reafirmado sua posição como um dos grandes polos do setor de petróleo e gás do Brasil, com resultados expressivos em 2024 e perspectivas promissoras para os próximos anos. O estado já ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de produção de petróleo, alcançando 166,2 mil barris por dia no acumulado de janeiro a novembro deste ano – uma leve queda de 1,1% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP).
Esse desempenho não apenas reforça a relevância do setor na economia capixaba, mas também o coloca como um motor de crescimento para o Estado. Atualmente, o segmento representa 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. No primeiro semestre, a produção de petróleo no Espírito Santo cresceu 5%, enquanto a de gás natural registrou alta de 8,7%.
De acordo com Marília Silva, gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), setembro foi marcado por um aumento significativo na produção. “Foram extraídos 158,2 mil barris de petróleo por dia, um volume 5,6% maior do que em agosto. Já a produção média de gás natural atingiu 3,5 milhões de metros cúbicos diários, com crescimento de 0,4% em relação ao mês anterior”, destacou.
Projeções e Investimentos Transformadores
E as expectativas são ainda mais ambiciosas. Segundo a ANP, a produção de petróleo no Estado poderá atingir 470,5 mil m³ por dia até 2028, com um robusto investimento previsto de R$ 36,9 bilhões no setor até lá.
Entre os grandes investidores está a Petrobras, que destinará mais de R$ 25 bilhões até 2028 para refino, comercialização, gás e energia, beneficiando municípios como Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy. A Prio também se destaca com um aporte de R$ 4,5 bilhões em um projeto de perfuração e conexão de poços na plataforma de Frade, localizada em Presidente Kennedy.
Esses investimentos impulsionarão ainda mais a receita estadual, que deve crescer 19,4% entre 2024 e 2027, refletindo o impacto direto das operações de petróleo e gás no desenvolvimento econômico do Espírito Santo.
A Petrobras estima um crescimento em 2025 com a entrada em operação de plataformas relevantes já a partir deste ano. Em coletiva no mês de outubro, a presidente da empresa, Magda Chambriard disse que os FPSOs Almirante Tamandaré (225 mil barris/dia, em Búzios), Duque de Caxias (180 mil bpd, em Mero) e Maria Quitéria (100 mil bpd, em Jubarte) podem proporcionar um pico de produção de 500 mil bpd até 2026.


Gás Natural: Um impulso estratégico
O setor de gás natural também se destacou em 2024 com iniciativas pioneiras e resultados expressivos. O programa ES Mais+Gás, lançado em agosto pelo governo estadual, transformou o Espírito Santo em um modelo de competitividade no segmento.
Em dezembro, o governador do Estado, Renato Casagrande, assinou o projeto de lei que reduz a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) na comercialização do gás natural veicular (GNV) de 17% para 12%, como parte do programa.
“Em janeiro, vamos reduzir também o ICMS do gás natural de uso industrial para 12% e hoje estamos buscando estender esse movimento também para o GNV. O Espírito Santo já tem a menor tarifa para gás natural de uso industrial entre todos os estados da Região Sudeste e a Bahia. E, com a aprovação dessa medida, passaremos a ter também a menor tarifa o GNV”, destacou o vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço.
De acordo com Fabio Bertollo, diretor-presidente da Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás), o estado lidera a abertura do mercado livre de gás, onde se espera que, aproximadamente, 50% do volume de gás distribuído no Estado esteja no mercado livre ainda este ano, e que esse percentual suba para 80% em 2025.
“Em 2024, o Espírito Santo foi pioneiro na migração dos clientes para o mercado livre de gás. Esse movimento somente foi possível a partir de ações da ES Gás com os agentes de mercado, incluindo a Agência Reguladora de Serviços Públicos do ES (ARSP), supridores de gás, transportador e consumidores finais”, explica Bertollo.
O presidente explica que o setor está em alta. “Registramos um aumento de 6,7% no número de unidades consumidoras, totalizando 83.297 no final do terceiro trimestre de 2024 e expandimos a rede de distribuição para 569 km, um crescimento de 6,5% em relação ao ano anterior”, afirma.
Ele ressalta ainda que a ES Gás investiu R$ 21,6 milhões no terceiro trimestre, um valor 108,7% maior que no mesmo período do ano anterior, conforme previsto no Plano de Aceleração da empresa. “Um grande destaque para 2024 foi a entrada da ES Gás em seu 14° município, com o início das obras de ampliação da rede de distribuição para atender Guarapari”, enfatiza.
Para o vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, a privatização da ES Gás também foi fundamental para as ações que estão impactando diretamente no crescimento do setor.
“Pela primeira vez, após a desestatização da ES Gás, foi possível flexibilizar preços no Espírito Santo. A privatização permitiu uma outra visão, maior agilidade e entender o modelo para se relacionar com o mercado, permitindo redução significativa para os consumidores da indústria, que responde por 90% do consumo de gás”, justifica Ferraço.
O mercado de gás do ES
O Espírito Santo é um polo produtor de gás natural, com localização estratégica, que tem atuado fortemente na transição energética e na descarbonização.
- A Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás) é uma concessionária do Grupo Energisa responsável pela distribuição do gás natural canalizado no Estado, regulada pela Agência de Regulação de Serviços Públicos do Estado – ARSP.
- A ES Gás atende em torno de 82 mil unidades consumidoras distribuídas por 13 municípios, com extensão de 557 quilômetros de rede.
- Atua nos segmentos residencial, comercial, industrial, automotivo, climatização, cogeração e termoelétrico, atendendo mais de 70 mil unidades consumidoras.
- Em 2024, o Governo do Estado do ES foi pioneiro ao criar um plano de ação estruturado para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de gás natural e biometano.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.