Investimentos em infraestrutura são fundamentais para aumentar a competitividade de todo o setor produtivo
A localização estratégica do Espírito Santo o coloca como um dos principais hubs logísticos do país. O Estado concentra em seu entorno mais de 60% do PIB nacional e se prepara para receber grandes investimentos nos próximos anos. No entanto, para que o desenvolvimento socioeconômico ocorra de forma mais acelerada, ainda é preciso superar desafios antigos, como a infraestrutura defasada e a falta de integração nacional.
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, destaca que os investimentos em infraestrutura são fundamentais para aumentar a competitividade não apenas da indústria, mas de todo o setor produtivo. “Mesmo diante de desafios e à espera de melhorias na infraestrutura do Estado, o setor produtivo vem fazendo investimentos contínuos e expressivos”, afirma.
Segundo dados da Bússola do Investimento, do Observatório Findes, o Espírito Santo tem previstos, até 2030, quase 300 projetos, que juntos somam ao menos R$ 100 bilhões em investimentos. Desse total, quase 90% têm origem em capital misto ou privado.
Entretanto, para que os investimentos cresçam no Estado, é necessário mais empenho na pauta da infraestrutura. “Estamos caminhando, mas ainda assim é preciso acelerar o passo e ir além do que já foi feito para o Espírito Santo se consolide como um hub logístico. Os desafios persistem, e superá-los é essencial para que o crescimento do nosso Estado não seja afetado. Ter uma boa infraestrutura é fundamental para tornar a indústria mais competitiva, especialmente em um momento em que ela está agregando cada vez mais valor aos seus produtos”, explica Baraona.

O presidente da Findes lembra que a Federação vem há décadas debatendo o tema e tendo uma atuação proativa e contínua pela melhoria da infraestrutura do Estado. “Essa é, sem dúvida, uma pauta estratégica para a Findes. Por meio do nosso Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) e do Observatório Findes, temos dialogado de forma qualificada sobre o assunto e participado de debates importantes no país. Estamos em constante contato com Federações da Indústria de outros estados, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com o Governo do ES para conseguirmos finalizar este capítulo da agenda do século XX e seguirmos adiante em busca de novas oportunidades”, enfatiza.
Do Brasil para o ES e do ES para o mundo
Enquanto ferrovias, rodovias e cabotagem são essenciais para o escoamento de produtos dentro do país, portos e aeroportos surgem como soluções logísticas para conectar o Espírito Santo ao mercado internacional. Projetos que fomentem o desenvolvimento regional e integrem o Estado com os vizinhos são cada vez mais importantes para consolidá-lo como o principal hub logístico do Brasil.
No topo da agenda de infraestrutura logística do Espírito Santo estão a melhoria e a duplicação das BRs 101 e 262, duas das principais rodovias do país, além da modernização da malha ferroviária, que permanece a mesma desde 1970. No caso da BR-262, o trecho que liga Vitória a Belo Horizonte (MG) foi concluído em 1968 e mantém o traçado original.
“De lá para cá, os avanços foram limitados: recapeamento da via em alguns trechos, sinalização e melhorias pontuais. Estamos aguardando ansiosamente a duplicação dessa que é uma das principais vias de escoamento de produtos, ligando Vitória a Corumbá (MG), o que traria mais segurança e reduziria o índice de fatalidades para os usuários”, destaca Baraona.
Ainda segundo o presidente da Findes, superar desafios como esse permitirá conectar melhor o Espírito Santo ao restante do país. “Falo da integração nacional e da consolidação do nosso Estado como um hub logístico, melhorando a competitividade das empresas, aproximando cadeias produtivas, atraindo mais investimentos e fortalecendo o desenvolvimento socioeconômico e o ambiente de negócios”, conclui.
Movimentação de contêineres nos portos do ES | |
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Ano | Quantidade de contêineres |
2021 | 241.909 TEUs |
2022 | 225.062 TEUs |
2023 | 265.561 TEUs |
2024 | 357.640 TEUs |
No segmento ferroviário, um dos projetos estratégicos para o Espírito Santo é a construção do trecho da EF-118, que interligará portos do Estado ao Rio de Janeiro. A Findes sediou uma das audiências públicas sobre o tema no início deste ano. De acordo com Baraona, esse ramal beneficiará não apenas os municípios diretamente impactados, mas também os estados da Bahia e do Rio de Janeiro.
O gerente executivo de Articulação e Competitividade para Indústria da Findes, Ícaro Gomes, reforça a necessidade de investimentos que fortaleçam o Espírito Santo como um centro de entrada e saída de produtos no mercado nacional e internacional.
“Destaco o projeto do Arco Leste – que abrange Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro – e será o maior complexo portuário e logístico do Brasil. A Findes apoia projetos que fomentem o desenvolvimento regional e conectem o Espírito Santo a estados
vizinhos, como este”, afirma.
O Arco Leste integrará o Espírito Santo ao interior do país por meio de rodovias e ferrovias, conectando clusters portuários ao longo do litoral brasileiro. “Esse conceito multimodal, no qual estamos trabalhando junto aos nossos estados vizinhos, também envolve os portos capixabas, promovendo a integração logística e ampliando a competitividade da região”, explica.
O Espírito Santo possui hoje portos que são referência mundial e tem em curso projetos importantes que vão contribuir para o Estado se tornar a solução logística para o Brasil em termos de comércio internacional. Além disso, foi modelo pioneiro com a concessão do Porto de Vitória à iniciativa privada.
O diretor regional do Senai ES, Geferson Luiz dos Santos, comenta que para atender à demanda crescente do setor logístico no Estado, será inaugurado no segundo semestre deste ano, o Senai Porto. “Localizada no Armazém 3 do Porto de Vitória, será a primeira unidade de educação do Estado instalada em uma área portuária. Ao todo serão investidos R$ 34,2 milhões, com capacidade total de atender 1,8 mil alunos por dia. Serão ofertados cursos nas áreas de: Logística, Tecnologia da Informação e Gestão Portuária, e Economia do Mar”, comenta.



Em 2024, ES teve maior movimentação histórica de contêineres
A gerente de Estudos Estratégicos do Observatório Findes, Carolina Ferreira, lembra que o Espírito Santo já tem mercados consolidados, como minério de ferro, rochas naturais, produtos do agronegócio para exportação, além de automóveis e aeronaves no caso da importação. Entretanto, o Estado busca novas oportunidades para exportar produtos de maior valor agregado.
“No último ano, houve um volume expressivo de importação e exportação desses produtos. O Espírito Santo registrou, em 2024, a maior movimentação de contêineres da sua história.
Foram 357,6 mil TEUs (unidade de medida usada para padronizar os diferentes tamanhos de contêineres) movimentados. Esse volume foi 34,7% superior ao registrado em 2023, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Com a melhoria de todo o complexo logístico do Estado, esses números podem crescer ainda mais”, avalia Ferreira.
*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 226, especial de Portos, que circula em abril de 2025.