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sexta-feira, 4 DE outubro DE 2024

Entrevista com o economista Orlando Caliman

Entrevista com o economista Orlando CalimanA crise econômica na Europa ocasionou um efeito cascata em todo o planeta. Com isso, no mês de maio, o dólar voltou a fechar acima de R$ 2, nível mais elevado em três anos. A ES Brasil ouviu o economista, empresário e professor Orlando Caliman, que falou a respeito do que o mercado pode esperar neste cenário de súbita valorização da moeda americana.

1-Do seu ponto de vista, quais os impactos desta alta para os mercados internos e externos?

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Para o mercado interno, o dólar mais alto significa pagar mais caro pelos importados e pelos produtos que dependem de importação de seus componentes ou insumos. Casos como os dos vinhos, automóveis importados, pão e outros sofrerão pressão para aumentos de preços. Ficará mais pesado fazer turismo fora do País. Em contrapartida, para quem exporta a situação melhora. Cada dólar recebido pelas exportações se transformará em mais reais no bolso dos exportadores. Ou seja, nossos produtos ficam competitivos lá fora, inclusive o nosso turismo. Petróleo e seus derivados também terão seus preços pressionados para cima.

2- As exportações serão beneficiadas, ou contratos comerciais fechados anteriormente e as turbulências nos países desenvolvidos podem atuar como freio para o aumento das vendas externas?

Realmente, o potencial de ganhos dos exportadores por conta da alta do dólar poderá ser afetado pela queda de dinamismo e demanda dos países desenvolvidos e também das economias emergentes, como a China. Esses últimos também estão sendo atingidos pela crise da Europa e a lenta recuperação da economia americana. A crise é mais impactante do que o dólar, no momento.

3- O Espírito Santo, que atravessou bem crises internacionais recentes, deverá manter a “tradição”, ou alguns segmentos inspiram mais cautela? E no geral, após o fim do Fundap e a questão dos royalties, esta alta é motivo para preocupação ou comemoração no Estado?

A economia capixaba tem a sua base fundada em grandes cadeias produtivas de commodities, portanto, fortemente dependente do que acontece na economia global. Tudo vai depender da intensidade dessa nova recaída por conta da economia da Europa, que está provocando redução da oferta geral de produtos com origem asiática (China). Certamente vamos ter um esfriamento na movimentação de nossas commodities, em termos quantitativos. Poderemos, no entanto, também ter a compensação do dólar em alta, que ajuda setores como confecções, móveis, fruticultura e principalmente mármore e granito. O que ajuda o Espírito Santo são os investimentos que estão em curso, principalmente aqueles ligados ao setor de gás e petróleo.

4- Quais podem ser as conseqüências da rápida valorização do dólar frente ao real? E qual será o peso da valorização na inflação?
Se o dólar ficar no patamar entre R$ 2 e R$ 2,20 considero que a situação será perfeitamente administrável e sustentável. Naturalmente, poderemos atingir patamares mais elevados de preços (inflação). Mas, como a economia interna não está tão aquecida, não são esperados aumentos exagerados. O mercado tende a se ajustar.

 

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