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quinta-feira, 28 março, 2024

Energia renovável representa 21% do total no Espírito Santo

O incremento da produção ainda é pequeno no Estado, mas a geração solar doméstica ganhou força nos últimos anos

Os investimentos em energia renovável têm aumentado cada vez mais em todo o mundo, com destaque para os países de economias emergentes, que juntos já direcionam mais recursos do que as nações ricas para essa finalidade. Um estudo chamado Renewables Global Status Report (Relatório de Status Global das Energias Renováveis) foi divulgado em 2016 pela REN21 – Rede de Políticas de Energia Renovável para o Século XXI e mostra que as aplicações financeiras com esse tipo de fonte em todo o planeta alcançaram em 2015 o maior valor da história: US$ 286 bilhões.

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A REN21 é uma rede global que reúne governos, organizações não governamentais, instituições de pesquisa e acadêmicas, entidades internacionais e indústria, e lançou o primeiro relatório em 2005. De acordo com o material divulgado no ano passado, os aportes em energias renováveis somam mais do que o dobro do total gasto em novas usinas a carvão e a gás.

Além disso, segundo documento divulgado pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), também em 2016, mais de 8 milhões de pessoas estão agora trabalhando com energia renovável em todo o mundo. O Brasil é o segundo país que mais emprega pessoas nesse setor, com 918 mil postos de trabalho, ficando somente atrás da China.

O cenário capixaba
No Espírito Santo, 21,4% da energia demandada é proveniente de fontes renováveis, como  eletricidade hidráulica, derivados da cana-de-açúcar e lixívia. A oferta interna bruta no Estado, que é o total demandado por fontes renováveis e não renováveis, é de 10,733 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep), ou 124,82 mil gigawatts-hora.

Energia renovável representa 21% do total no Espírito SantoJá o Brasil tem 41,2% da oferta interna bruta de energia fornecida a partir de fontes renováveis, principalmente por hidrelétricas e a partir de derivados da cana-de-açúcar. Segundo a gerente de Energia Elétrica da Agência de Regulação de Serviços Públicos (ARSP), Carla Madureira, o país possui o maior percentual de uso de fontes renováveis do mundo para geração de eletricidade. “A energia proveniente de usinas hidrelétricas, além de não poluente e renovável, apresenta o menor custo de geração, o que a torna mais barata quando comparada a outras fontes”, avalia a gerente.

De acordo com o balanço energético divulgado pela ARSP, a oferta de energia renovável no Estado não teve grande variação nos últimos anos. Por outro lado, a de fontes não renováveis cresceu 50% em sete anos, impulsionada pelo gás natural (alta de 117%) e pelo carvão mineral e coque (aumento de 60%).

O relatório, disponível no site do órgão (www.arsp.es.gov.br) apresenta o histórico de produção, oferta e consumo energético do Espírito Santo e do país entre 2008 e 2015.

ES pode produzir mais energia renovável
Boa parte da energia elétrica consumida pelos capixabas não é produzida no Espírito Santo e, em 2015, o Estado importou 765 mil tep (quase 8,9 mil gigawatts-hora) geradas por fontes renováveis ou não. Além disso, para abastecer indústrias, comércios, setor público e residências, foram produzidos no Estado 7,9 mil gWh por centrais elétricas de serviço público ou que sejam autoprodutoras. Do total produzido aqui, 31% de fontes renováveis. Energia renovável representa 21% do total no Espírito Santo

Um dos indicadores que mostram o quanto o Espírito Santo depende da importação de eletricidade é a taxa de consumo per capita desse recurso. A média capixaba é maior que a brasileira: 4.268 kWh/habitante, sendo que a nacional é de 2.557 kWh/habitante.  A unidade federativa com menor proporção é o Piauí,com 1.043 kWh/habitante.

Porém, a maior produção energética do Espírito Santo não é para gerar eletricidade e vem de fonte não renovável: o petróleo. Sozinho, corresponde a 77,8% de tudo o que é produzido em território capixaba. Entre os renováveis, o maior destaque é a lixívia, com 4,1%, seguida de cana-de-açúcar (1,1%).

Segundo o professor de Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Luiz Fernando Schettino, o Estado tem capacidade para ampliar a produção e a disponibilidade de energia renovável. “É possível, viável, e há estudos que mostram isso. Esse é o caminho que o país e o Estado devem seguir”, considera. “O Espírito Santo tem alta vocação para geração de energia solar, eólica e a bioenergia, além de ainda contar com possibilidades de mini e microgeração hidráulica. Ainda somos muito dependentes de energia externa, e as fontes renováveis são as que menos geram impacto ao meio ambiente”, analisa Schettino.

O presidente do Conselho de Energia (Conerg) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Nélio Rodrigues Borges, afirma que a exploração da energia eólica deve ser de pequena capacidade, pois o rendimento dos ventos torna a produção com grandes aerogeradores menos viável do que na região Nordeste do país. Além disso, a disponibilidade de equipamentos é outro desafio. Mas, para a geração de energia solar, o cenário é mais favorável. “Podemos ampliar o uso de energias renováveis no Estado porque é viável em relação ao aspecto econômico. Porém, para melhorar a viabilidade, é necessário tornar livre de impostos a geração de energia a partir dessas fontes”, declara Borges. “É preciso haver apoio financeiro e financiamento. As energias renováveis devem ter os impostos reduzidos a zero para incentivar, inclusive, as micro e minigerações”, acrescenta Schettino. A gerente de Energia Elétrica da ARSP, Carla Madureira, informou que o governo federal tem direcionado esforços.  “Em 2005, por exemplo, o total de energia produzida por fonte eólica era de 93 gWh. Em 2014, menos de 10 anos depois, esse total foi de 12.210 gWh”, aponta.

Energia renovável representa 21% do total no Espírito SantoSegundo Madureira, a energia da biomassa traz inúmeros benefícios econômicos, ambientais e sociais, que incluem o melhor manejo da terra, a criação de emprego e renda, a redução nos níveis de emissões de gases poluentes e o controle de resíduos. “As vantagens econômicas da biomassa, principalmente para os países em desenvolvimento, baseiam-se no fato de ser uma fonte de energia produzida regionalmente. Para o Brasil, por exemplo, também há o fato de que a maior parte dos equipamentos necessários para a conversão da biomassa em energia ser de fabricação nacional, não havendo então a necessidade de importação, o que acontece com outras fontes, como a solar e eólica”, considera.

Incentivos para produção

O Governo do Espírito Santo já realiza uma política de incentivo ao uso de fontes renováveis de energia para micro e minigeração, além de apoiar a disseminação de ações para melhorar a eficiência. “Por meio de uma parceria entre a ARSP e outras instituições, foi criada pelo Bandes uma linha de financiamento para projetos de energias renováveis e eficiência energética”, comenta Carla Madureira.Energia renovável representa 21% do total no Espírito Santo
Ela explica que órgãos estaduais, em parcerias com outros agentes, realizam uma série de ações, como capacitações para profissionais da área e diagnósticos energéticos em segmentos econômicos variados, a fim de identificar os potenciais de economia e tornar os empreendedores capixabas mais competitivos.
A Findes também está estimulando os parceiros na busca do melhor uso de energias. “Temos um programa em desenvolvimento que visa à aplicação da eficiência energética na indústria capixaba, assim como há iniciativas desse tipo em nível federal. Em breve, devemos divulgar esse programa para o Estado”, revelou.

Geração doméstica de energia solar
Com a publicação da Resolução nº 482/2012, os brasileiros passaram a ter o direito de produzir a própria energia elétrica e acumular créditos com as concessionárias de distribuição, o que permite aos consumidores trocá-los por abatimento na conta. Isso pode gerar economias superiores a 90%.

No Espírito Santo, imóveis já estão gerando energia elétrica solar por meio do sistema integrado à rede da concessionária, chamado de microgeração distribuída. “No ano de 2013, instalamos uma unidade de microgeração de exemplo em parceria com o Governo do Espírito Santo na Residência Oficial do governador, onde foram utilizadas 11 placas fotovoltaicas que permitiram uma produção média mensal de energia de 270 kWh/mês, representando o consumo de uma residência de médio porte”, informou Vilmar Teixeira, gestor executivo da EDP Escelsa. Outros 127 clientes da EDP já instalaram o sistema.

O excedente de energia é fornecido diretamente à rede da concessionária e, então, é criado um crédito que pode ser utilizado para abater o gasto na mesma unidade consumidora em até 60 meses, conforme as normas da Aneel. Na Kane Solar, empresa capixaba que trabalha com instalação de painéis fotovoltaicos, o diretor de Projetos é Gustavo Gravatá Cunha. Segundo ele, a energia solar é um dos únicos investimentos que podemos fazer na casa que se paga com o tempo. Uma residência pode começar a gerar a própria energia com investimento de R$ 3 mil. Mas, para suprir toda a demanda, o dinheiro a ser gasto é maior. “Para gerar toda a energia de uma residência média brasileira, o valor investido é de R$ 15 mil a 25 mil. O tempo de retorno deve ficar entre três e oito anos, dependendo do Estado”, avalia Cunha. Ele afirma que o uso de fonte solar tem a vantagem de durar mais de 25 anos produzindo energia a custo zero, ou próximo de zero, depois que recuperado o investimento. “Em breve, o mercado contará com um programa nacional de certificação de profissionais de energia solar que permitirá ao consumidor reconhecer as boas práticas e assegurar um projeto solar que opere com ótimo desempenho.”

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