Cartão de crédito figura como a principal dívida das famílias, com crescimento nos últimos cinco anos
Por Kikina Sessa
O endividamento das famílias capixabas com cartão de crédito, cheque especial, carnê, crédito consignado, empréstimo ou prestação de carro e casa se manteve em patamar mais alto, acima dos 80%, no decorrer de 2023.
Se o endividamento em 2023 foi o maior dos últimos 13 anos, a inadimplência não disparou, retornando ao patamar de 2019. O cartão de crédito figura como a principal dívida das famílias, com crescimento nos últimos cinco anos. Em 2023, foi registrado o maior nível de utilização, passando a uma média anual de 85,7%.
Os dados fazem parte do levantamento produzido pela Equipe Connect Fecomércio-ES, em parceria com a Faesa. O estudo faz análises desde 2010 até o fechamento de 2023, do Comércio, Serviços, Turismo, Mercado de trabalho e Consumo. São considerados dados disponibilizados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pelo Ministério do Trabalho (MTE) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para 2024, o desafio é criar um ambiente econômico propício para a redução da inflação e queda dos juros, juntamente com o crescimento do mercado de trabalho. Outro ponto é avançar na educação financeira: informações do documento mostram, por exemplo, que 55% dos consumidores não fazem controle de gastos mensais com cartão de crédito.
Consumo
A intenção de consumo e a avaliação do endividamento e da inadimplência das famílias revelam aspectos importantes da capacidade de consumo dos capixabas, o nível de renda, a dimensão dos compromissos financeiros e a capacidade de pagamento.
O acompanhamento desses dois indicadores é importante para verificar o equilíbrio do orçamento familiar, com implicações sociais e econômicas.
A análise da série histórica mostra que a crise econômica iniciada em 2014 impactou negativamente a intenção de consumo, com magnitude maior para as famílias de renda mais baixa, de até 10 salários mínimos (R$ 14.120).
Enquanto as famílias com renda acima de 10 salários conseguiram se recuperar rapidamente, a recuperação para as famílias de renda mais baixa só foi ocorrer a partir de 2019. Passados esses períodos, a intenção de consumo retomou o nível de satisfação (acima de 100 pontos) em 2023 e a disposição para as compras cresceu para as duas faixas de renda.
As plataformas digitais para renegociação de dívidas avançaram muito e tendem a crescer. Órgãos públicos como Procons, Caixa Econômica Federal e Banestes estabeleceram portais de negociação, por meio de sites e aplicativos.
De acordo com a Fecomércio-ES, a tendência daqui para frente é que o foco mude: da negociação de dívidas para educação financeira, que de fato é o que muda a vida das pessoas.