Disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pode resultar em impactos diretos para o estado capixaba? ES Brasil conversou com especialista em eleições e política
Por Robson Maia
Donald Trump ou Kamala Harris? Republicanos ou Democratas? Ex-presidente ou a atual vice-presidente? Em pouco mais de 60 dias, os estadunidenses, assim como os brasileiros nas eleições municipais, vão decidir o rumo político do país. A ES Brasil consultou um especialista em política nacional e internacional para entender se o pleito norte-americano pode resultar em consequências para o Espírito Santo.
Mais de 8 mil quilômetros separam o estado capixaba do país estadunidense. Ainda assim, o xadrez político da terra do Tio Sam repercute no solo espírito-santense como se envolvessem candidatos locais, a ponto de existirem “apoiadores” dos dois extremos.
A discussão, no entanto, não esteve centrada, inicialmente, no bilionário Donald Trump e na advogada Kamala Harris. Até o fim de julho, o adversário político do partido Republicano era o atual presidente Joe Biden (Democrata), que acabou optando por desistir da disputa presidencial. Apoiadores e até mesmo financiadores do partido Democrata questionavam a capacidade de Biden de enfrentar Trump, sobretudo por questões ligadas à saúde do atual presidente.
Nesta reconfiguração é que aparece Kamala Harris. Apesar de especulações envolvendo a possibilidade de disputa da ex-primeira-dama Michelle Obama, é Kamala que será o nome do partido ligado ao campo mais progressista.
No entanto, a entrada de Kamala Harris, e a possível vitória na disputa (conforme apontam as principais pesquisas eleitorais até o momento), ou até mesmo uma reviravolta com o triunfo de Trump, não altera um cenário: apesar de todo interesse social no em torno da disputa, as eleições norte-americanas não têm impactos diretos no Espírito Santo, o que não anula o fato de que o Brasil, assim como os demais países do mundo, estarem sujeitos à consequências.
A constatação é feita pelo analista político Darlan Campos.
“Existem impactos das eleições dos EUA, mas não de forma direta. Elas (as eleições), pelo tamanho e pela importância geopolítica nos EUA, acabam gerando um interesse e consequências para o mundo todo num geral, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista dos movimentos geopolíticos. Então acaba tendo uma perspectiva, mas não há nenhuma ligação direta com o Espírito Santo. A gente não pode fazer essa conexão direta, de impacto direto para o Espírito Santo, mas numa perspectiva global, dos mercados globais, a eleição americana sempre influencia movimentos especialmente macroeconômicos”, declarou o analista.
No entanto, as movimentações políticas do jogo norte-americano podem servir de guia para os próximos pleitos brasileiros, e, consequentemente, capixabas. Darlan cita a similaridade entre os cenários políticos polarizados de 2016, nos Estados Unidos, e 2018, no Brasil; cenário este repetido em 2020, quando Biden retomou a presidência para os democratas, e em 2022, quando Lula (PT) interrompeu a presidência de Jair Bolsonaro (PL).
“As eleições não são exatamente um espelho só para o Espírito Santo, mas diria que para o Brasil, né? O que a gente tem é que as eleições americanas são quase que uma referência. É comum a gente perceber elementos e ferramentas de comunicação, marketing e tecnologia utilizadas em eleições americanas que muitas vezes podem ser utilizadas em outras eleições ao redor do mundo”, destacou Darlan.
A mudança na “rota” dos democratas, com a entrada de Kamala na disputa, e a saída de Biden, também foi observada pelo analista.
“(A mudança de candidato) Gera um impacto real na campanha democrata, especialmente no âmbito da mobilização. Vale a pena lembrar que a eleição americana acontece numa terça-feira, dia normal de trabalho, e o voto é facultativo, então a mobilização para que as pessoas saiam e vão às urnas votar é um elemento importante. A Kamala, nas primeiras 24 horas que o seu nome foi ventilado, teve a maior arrecadação de recursos de campanha. Na eleição americana não temos fundo público, o recurso é privado, é permitido recurso privado de campanha, e aí você tem uma perspectiva de que teve a maior arrecadação de recursos de campanha em um só dia da história das eleições americanas, então a animação com a eleição foi grande”, pontuou Darlan.
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