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quinta-feira, 25 abril, 2024

Economia nos anos 2020: riscos além do COVID

 

economia criativa
A economia criativa redireciona essa ideia para que pensemos mais naquilo que é o intangível, que é o conhecimento, as ideias e a capacidade inventiva. – Foto: Reprodução

Pandemia reduziu ritmo de atividade econômica no Brasil e em quase todos os países do mundo

Por Arilda Teixeira 

A pandemia do COVID-19 apressou a recessão global nos mercados emergentes que se insinuava desde 2016

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Como já foi percebido, ela reduziu o ritmo de atividade econômica no Brasil e no resto do mundo, exceto na China. Para 2020, há estimativa de crescimento global negativo em 4,3%.

E para 2021 e 2022 esperam-se, respectivamente, crescimentos positivos de apenas 4% e 3,8%.

Por segmento de mercado mundial, essa previsão para 2022 é de 3,5% para economias desenvolvidas; 4,2% para as emergentes e em desenvolvimento; 5,2% para Leste Asiático; e 2,8% para América Latina.

Por país selecionado, a previsão é de crescimento, respectivamente, em 2021 e 2022: 3,3% e 1,7% para África do Sul; 4,9% e 1,9% para Argentina; 3% e 2,5% para Brasil; 7,9% e 5,2% para China; 5,4% e 5,2% para Índia; 3,7% e 2,6% para México; 2,6% e 3% para Rússia.

É um bom sinal porque para 2020 só há previsão de crescimento positivo para a China (2%).

Na esteira dessas baixas taxas de crescimento vem a queda do investimento, do emprego, da renda e, principalmente, da receita tributária – crucial para enfrentar o aumento compulsório dos gastos com auxílio emergencial.

Não é a primeira vez que a economia brasileira e a mundial enfrentam uma recessão.

Mas é a primeira que a recessão está interposta às pressões por aumento de gastos, decorrentes de uma pandemia viral, que requereu a ajuda do Estado para os cidadãos vulneráveis, diante da perda de oportunidades para trabalhar que a recessão provocou.

A despeito de o determinante do aumento dos gastos ser socialmente procedente, eles pressionam o equilíbrio orçamentário. E podem se tornar uma ameaça à sustentabilidade das contas públicas do País. A menos que se aumentem as receitas tributárias – já que a Administração Pública brasileira desconhece a opção corte de gastos.

Pelo lado da receita, é necessária uma reforma, que dê mais racionalidade para o sistema tributário, para que seja capaz de arrecadar sem sufocar o contribuinte e/ou afugentar os investidores.

E pelo lado dos gastos, é preciso melhorar sua qualidade – inclusive a do investimento público.

A crítica situação fiscal do Estado Brasileiro, agravada pela pandemia do covid, está disseminando expectativas negativas sobre o futuro da economia; com isso, afugenta o investimento produtivo, que é o que impulsiona a atividade econômica, que gera receita tributária.

Assim, a economia brasileira precisa fazer dois deveres de casa: recuperar o ritmo da atividade econômica, e retomar o controle da dívida pública – sua sustentabilidade.

Ambos fundamentais para disseminarem expectativas positivas e impulsionar o ambiente de negócios. Sem esse dever de casa vai ser difícil.

A pandemia acirrou os riscos dos déficits fiscais inserindo uma ameaça a mais na sustentabilidade da dívida pública. Daí a necessidade da reforma tributária que daria mais racionalidade ao regime tributário, que destravaria a economia ao estimular o animal Spirits dos investidores, levando-a de volta para a rota do crescimento.

E não seria exagero considerar que a pandemia do covid, mesmo inadvertidamente, colocou a agenda das reformas estruturantes do Brasil sobre a mesa. Resta ver a disposição do Legislativo e Executivo de cumpri-la.

Arilda Teixeira – Economista e Profa da Fucape

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