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sexta-feira, 29 março, 2024

É hora de investir no universo feminino

É hora de investir no universo femininoA mulher se tornou uma protagonista de sucesso neste século. As lutas ficaram no passado e agora muitas já colhem os frutos da autonomia e se multiplicam no sucesso. Pontuam o seu lugar, sinalizando que a linha divisória entre o homem e a mulher era realmente imaginária.

Elas cresceram e apareceram e hoje a força das mulheres na economia se destaca sem esforço. Seu “poder de fogo” aqueceu as atividades econômicas, ao ponto de em 2009 elas terem despejado na economia mundial cerca de 12 trilhões de dólares – mais do que a soma das economias do celebrado Bric. No Brasil, as mulheres foram responsáveis por gastar – sozinhas – quase 800 bilhões de reais em produtos e serviços. A maioria deles, no entanto, ainda são produzidos tendo como referência padrões masculinos. Como tirar proveito desse enorme mercado? Está na hora de repensar como vender para elas?

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Mulheres exigentes, racionais ou emocionais?
Os homens são a minoria dos compradores, afirma a professora do MBA de Gestão Comercial da Fundação Getulio Vargas e consultora senior do Instituto MVC, Alessandra Assad. No entanto, mais de 80% do varejo é projetado para eles. “Será que ninguém percebe isso?”, pergunta ela.
Pesquisas apontam milhares de reclamações nesse quesito. Quando acompanhadas por homens, as mulheres são ignoradas pela maior parte dos vendedores, principalmente de produtos/serviços considerados “masculinos”.

Da mesma opinião de Alessandra, o professor da M.Murad/FGV, Robson Gonçalves, destaca que a capacidade das mulheres de influenciarem nas escolhas de consumo da família é fato. “Elas já são muito importantes, por exemplo, na escolha dos planos de saúde. Por isso o marketing das seguradoras foca, em geral, a figura da mãe e seus filhos”. Não é à toa que a Gol, por exemplo, criou banheiros exclusivamente femininos em suas aeronaves. De acordo com Alessandra Assad, em 1970 apenas 1% dos passageiros que viajava a negócios eram mulheres. Hoje, elas representam 50%.

O mesmo vem ocorrendo com a escolha do carro da família. “Muitas mulheres preferem atualmente os modelos SUV, para serem mais respeitadas no trânsito, o que acabou com a antiga preferência delas por carros compactos e facilmente manobráveis. Por fim, a escolha das escolas também passa mais pelo crivo delas e as crianças estão entrando no ensino pré-escolar mais cedo” garante ele.

Qualificação soma-se ao salário
Alguns dados mostram, segundo Robson Gonçalves, que os diferenciais de salário no topo da escala de remuneração estão desaparecendo. Assim, quando a mulher se qualifica, tende a ter um crescimento mais rápido de salário, a ponto de alcançar a remuneração média dos homens. “Sabe-se que as grandes grifes de perfumes, cosméticos e itens de vestuário (sobretudo sapatos e bolsas) vêem o Brasil como um mercado promissor. Isso também se reflete pelo crescimento no consumo de serviços especialmente desenhados para as mulheres, como personal-trainers. Mas, até onde eu conheço, não há ainda números precisos sobre isso”, acrescenta.

Segundo dados do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD), entre 2001 e 2008 a participação das mulheres no mercado de trabalho no Espírito Santo subiu de 41% para 42,5%. No Brasil, esses percentuais foram, respectivamente, de 40,7% para 41,3% (praticamente permanecendo estáveis).

Ainda de acordo com a pesquisa, no Espírito Santo, no mesmo período, o número de mulheres com 15 anos de estudo ou mais cresceu 188%. Em 2008, último dado disponível, 7,4% das mulheres possuíam esse tempo de instrução, contra apenas 5,4% dos homens. As mulheres capixabas estão à frente dos homens em grau de escolaridade, em proporção superior à média brasileira.

No Brasil, as mulheres ganham 44% menos que os homens. No ES, essa diferença é maior: 48%. Mas se considerarmos homens e mulheres que ganham mais de 20 salários mínimos, o quadro é bem diferente. Nesse segmento, no qual estão os postos de direção das empresas, a pesquisa apontou que as mulheres brasileiras ganham cerca de 9% menos do que os homens, na média. Mas, no Espírito Santo, a diferença de rendimentos nessa faixa praticamente não existe – é de apenas 0,4%.

As mulheres capixabas ganham cerca de 7% menos do que a média feminina nacional. Já os homens do Estado têm rendimentos praticamente iguais à média Brasil. No segmento de quem ganha 20 salários mínimos ou mais, os capixabas ganham 13% menos que a média nacional, mas as mulheres capixabas ganham apenas 4% menos do que a média Brasil dessa faixa de renda.

Quem disse que elas não entendem?
Mas ninguém duvide de que o público feminino já aparece em todas as estatísticas do mercado econômico. No setor financeiro, um dado repassado à ES Brasil pelo diretor-presidente da Banestes Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), José Márcio Soares de Barros, atesta que as mulheres estão investindo em ações, com todos os riscos que envolvem tal operação.

De acordo com o executivo, hoje existem no Espírito Santo 12.391 investidores na Bovespa. A maioria ainda é de homens (9.535), mas as mulheres já são 2.856. “O acesso ao mundo das ações ficou mais fácil a partir do sistema de negociação de ações via internet. Com esta facilidade estão sendo atraídas mais mulheres e muitos jovens”, explica Barros.

As aplicações dos capixabas representam somente 1,2% dos recursos de todos os brasileiros. “É por isso que apostamos que esse número deverá crescer bastante, em função do aumento do poder aquisitivo da população e da maior disponibilidade de informações referente a aplicações em Bolsa de Valores”, disse o diretor.

Recriando valores
Segundo divulgou o Instituto Consulado da Mulher (ICN), a valorização feminina é um dos Objetivos do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2015, todos os 191 estados-membros da entidade multilateral assumiram, entre outros compromissos, promover a autonomia das mulheres.

Segundo pesquisas, o povo brasileiro é um dos mais empreendedores do mundo. São mais de 18 milhões de brasileiros ganhando a vida como empresários. Entre estes, a força principal do empreendedorismo vem das mulheres. As estatísticos provam: 30% dos novos empresários no mundo são mulheres, sendo que no Brasil elas representam 40 % deste total.

O Sebrae no Espírito Santo, acompanhando o órgão nacional, lança todos os anos o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, onde reconhece a força do empreendedorismo feminino. Através do prêmio, busca reconhecer a história de vida de mulheres que venceram barreiras e preconceitos de classe e de gênero para se tornarem empreendedoras de sucesso em microempresas e empresas de pequeno porte. Uma justa homenagem a mulheres que transformaram seus sonhos em realidade e são exemplo para outras mulheres.

No ano passado, as duas capixabas vencedoras nas categorias Pequenos Negócios, Lisalba Camargo, e Emanuelle Riguetti, Negócios Coletivos, tiveram suas histórias reconhecidas. A primeira passou de professora concursada da rede estadual para uma empresária junto com mais quatro irmãos, e hoje possuem as empresas: Microkids Tecnologia Educacional, Editora Camargo, e há quatro anos montaram a Gráfica Camargo, no ramo de editora. Já Emmanuelle, a outra premiada em 2009, cursou Belas-Artes e hoje tem um atelier, o Papel Recriado, onde faz a sua produção artesanal. Ambas são bem-sucedidas financeiramente com a venda dos seus próprios produtos no mercado.

Autonomia para decidir em que gastar
A professora doutora em Economia Ângela Morandi afirma que as mulheres passaram a ocupar crescentemente postos de comando nas empresas privadas e mesmo na administração pública, onde os diferenciais de rendimento praticamente não existem. “Além disso, há uma forte tendência para as mulheres criarem o seu próprio negócio e se tornarem verdadeiras empreendedoras, criativas e bem-sucedidas”, sublinha a economista.

Para a economista, a mulher no mercado de trabalho ampliou sua independência e ganhou autonomia na decisão de seus gastos, além de elevar a auto-estima à medida que passa a sentir que seu trabalho é reconhecido pela sociedade. A outra face dessa medalha são as mudanças observadas no comportamento dos homens em geral, mais preocupados com os afazeres domésticos e com a educação dos filhos, demonstrando maior interesse em áreas antes reservadas às mulheres, como a gastronomia, a preocupação com a estética, a ida às compras etc.
O mais importante é que o mercado tem registrado a força da mulher na economia, quer local, quer mundial. E quem estiver com a porta fechada terá o seu investimento atrelado ao passado, porque, no presente, é hora de investir nelas e para elas.

Você sabe o que elas querem?
A professora Alessandra Assad criou um breve questionário para ajudar o pequeno e médio empresário a direcionar com sucesso os seus produtos para a clientela feminina. Pergunte-se:

  1. Quanto das vendas do seu segmento deve-se ao mercado feminino?
  2. Quanto das suas próprias vendas deve-se ao mercado feminino?
  3. Como as preferências femininas influenciam o desenvolvimento de novos produtos/serviços em sua empresa?
  4. Qual é a porcentagem de cargos da área de desenvolvimento de produtos, vendas, marketing e serviços ocupados por mulheres?
  5. No seu segmento de atuação, alguém já faz algum trabalho com destaque para o público feminino?
  6. Você conhece o tamanho do mercado de mulheres em seu ramo de atuação?
  7. Qual é a porcentagem desse mercado ocupada pela sua empresa?
  8. Qual é a sua estratégia de atuação para entrar nesse mercado?
  9. Quanto tempo e dinheiro você vai continuar perdendo?

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