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terça-feira, 23 abril, 2024

E agora, geração Z?

Um conselho ao jovem é que, sob nenhuma hipótese, insista na manutenção exclusiva do ambiente home office

Por Glaucio Siqueira

Decorridos mais de dezoito meses desde o maior desafio de saúde da humanidade dos últimos 100 anos, a sociedade está retomando a uma certa rotina, as atividades econômicas também seguem esse fluxo e as pessoas, enfim, seguem retornando ao convívio social. Um dos locais onde esse convívio e interação acontecem de forma mais intensa é, sem dúvida, o ambiente de trabalho.

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O distanciamento social em virtude das medidas sanitárias de prevenção à covid prejudicou, especialmente, aqueles que estão iniciando suas carreiras profissionais, um impacto muito intenso sobre trainees, estagiários e iniciantes no mundo do trabalho. Setenta por cento da chamada Geração Z, de jovens de até 24 anos, apesar de preferir realizar o trabalho remotamente, entende que o home office pode impactar negativamente suas carreiras. Essa é o resultado de pesquisa do Linkedin com profissionais brasileiros sobre o futuro do trabalho.

Os jovens participantes da pesquisa estão certos nessa percepção. O trabalho remoto é uma quebra de paradigmas nas relações de trabalho tradicionais, porém, todos iniciantes precisam de orientação, de supervisão e, especialmente de interação, pois é durante esse processo que são observados, e, assim, são criadas as oportunidades para uma carreira.

Além disso, a ausência do contato presencial com profissionais mais experientes e líderes da empresa pode atrapalhar o aprendizado neste início de carreira. Vale lembrar ainda que, na lida com as pessoas diariamente, o jovem tem a oportunidade de desenvolver as chamadas soft skill, que são habilidades comportamentais como comunicação, inteligência emocional, aprendizado contínuo, resolução de problemas e adaptabilidade. No levantamento da rede de relacionamento profissional, o prejuízo de desenvolvimento das soft skills no home office foi apontado por 72% dos entrevistados.

No ambiente virtual, por mais recursos que estejam hoje disponíveis, as análises ficam num perfil muito frio, pois o colaborador é avaliado tão somente por indicadores, sem a observação, sem a interação com as lideranças que podem impulsionar e gerar reais possibilidades.

Agora que o mundo todo segue no processo de retorno aos ambientes empresariais, uma nova janela de oportunidade se abre para a Geração Z. Um conselho ao jovem é que, sob nenhuma hipótese, insista na manutenção exclusiva do ambiente home office. Sem essa volta aos escritórios e empresas, podemos ter toda uma geração frustrada, por perdas irreparáveis em sua jornada profissional e pessoal.

Voltando ao passado, a História nos ensina que foi quando a humanidade começou a se “aglomerar” criando os grandes centros urbanos, que as carreiras se desenvolveram a partir dessas interações. Todo esse convívio foi o terreno fértil para o desenvolvimento de múltiplas especialidades, cadeias hierárquicas e mais negócios. Essa combinação resultou em nossa atual economia. Nossos jovens precisam desse ambiente para prosperar em suas vidas profissionais, pois foram as gigantes redes colaborativas, construídas de forma consciente ou inconsciente nos grandes centros que se tornaram o motor do mundo empresarial.

Glaucio Siqueira é professor Glaucio Siqueira, consultor de empresas, coordenador da Câmara Técnica de Empreendedorismo do CRA-ES e empresário.

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