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quinta-feira, 25 abril, 2024

Do G7 ao simples caminhar cotidiano

Uma grande revolução econômica está a caminho e passa também por decisões individuais. Por exemplo, antes de sair de casa, pense bem se precisa do carro. Se puder, prefira o transporte público, vá a pé ou use aquela bicicleta esquecida na garagem.

No início de junho, líderes do G7 (EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido) deram sinais de que pretendem reduzir o uso de combustíveis fósseis até 2050 e bani-los completamente até 2100. Anunciada durante a Semana do Meio Ambiente e recebida ainda com certa desconfiança, a notícia é promissora e aumenta as chances de um acordo global sobre o tema durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 21, que acontece em Paris entre novembro e dezembro.

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Numa primeira olhadela, o prazo parece longo demais.  Segundo especialistas, as reservas de combustíveis fósseis passíveis de exploração em todo o planeta totalizam hoje 1,294 x 1012 barris de petróleo, 1,92 x 1014 m3 de gás natural, 728 giga toneladas de carvão e 276 giga toneladas de lignito, um outro tipo de carvão.

Se extraídos e utilizados para movimentar veículos, acionar usinas elétricas e outros sistemas que processam energia, essas substâncias devem liberar algo como 2.900 giga toneladas de CO2 para a atmosfera. E isso é o triplo do limite calculado pelos especialistas em clima para que a elevação da temperatura se mantenha em 2o Celsius até o ano de 2050. Os números foram publicados em 2012 pelo jornalista Bill McKibben no artigo Global warming’s terrifying new math, e confirmados no ano seguinte pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

Os dados acima remetem ao trabalho de dezenas de organizações e centenas de pessoas que atuam no Brasil para estimular as formas de transporte que possam continuar a ser utilizadas sem prejuízo ao ambiente, incluindo o ar, água, solo e aos seres que vivem nas cidades. Gostemos ou não dos automóveis que enchem nossas ruas, temos que buscar alternativas para reduzir o uso de veículos automotores e ampliar o espaço para pedestres, cadeirantes, ciclistas e outros modos de mobilidade ativa.

Além dos ganhos visíveis, em sua própria cidade, quando você sai a pé, de metrô ou de bicicleta para ir ao trabalho, também está colaborando para baixar as emissões de carbono e evitar o derretimento de geleiras da Antártida ou das neves dos Andes, de onde vêm as águas do rio Amazonas, que gera umidade para as regiões Sul e Sudeste e traz as chuvas para os mananciais de água potável.

Quando deixamos o carro na garagem estamos colaborando para um possível e necessário saneamento da economia mundial, uma transformação da indústria, do comércio e dos serviços. Em lugar de carros, ônibus, trens e bondes. Em vez do petróleo, energia dos ventos, das águas, do sol, das pessoas. É uma pequena e silenciosa revolução a cada passo, a cada giro do pedal de uma simples bicicleta.

PS.: A propósito, por estes dias a atmosfera das grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte está “porcamente” poluída e ninguém fala em ações práticas para fiscalizar as emissões dos veículos ou reduzir a taxa de motorização das cidades, pelo menos durante este período mais seco do ano. Alô, prefeitos, alô governadores!

Marcos de Sousa é jornalista e editor do portal Mobilize Brasil

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