No Dia Mundial do Café, celebrado nesta segunda (14), conheça o impacto do modelo de negócio cooperativista na cafeicultura capixaba
Por Kikina Sessa
O cooperativismo vem se consolidando como uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social. No Espírito Santo, são 112 cooperativas registradas no Sistema OCB/ES, divididas em sete ramos de atuação. Desse total, 23 coops são do ramo agropecuário, e o segmento da cafeicultura se destaca como um dos principais pilares da economia capixaba.
“O café é mais que uma cultura agrícola no Espírito Santo: é parte da identidade do Estado e motor de transformação social. Os impactos do setor produtivo são visíveis tanto no campo quanto nas cidades, e as cooperativas são protagonistas nesse movimento, promovendo desenvolvimento econômico, inclusão e sustentabilidade”, avalia o engenheiro agrônomo e analista de Desenvolvimento Cooperativista do Sistema OCB/ES Vinícius Schiavo.
De acordo com a última edição do Anuário do Cooperativismo Capixaba, as cooperativas do Espírito Santo foram responsáveis por cerca de 24% da comercialização de café verde no Estado em 2023, movimentando mais de 2,8 milhões de sacas. No comércio exterior, o desempenho também foi expressivo: os cafés capixabas das cooperativas chegaram a 27 países, com exportações que somaram R$ 87,9 milhões.
No Espírito Santo, sete em cada 10 propriedades rurais cultivam café, totalizando cerca de 50 mil propriedades envolvidas com a cafeicultura, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). A atividade responde por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do estado.


O ano de 2024 foi especialmente marcante para a cafeicultura capixaba. O setor celebrou recordes históricos, como a valorização do café conilon, evidenciada pelos preços elevados pagos pela saca; sua entrada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3); e a equiparação da alíquota do ICMS do conilon em relação ao café arábica em regiões estratégicas do país.
Este ano de 2025 também promete ser bom. Em março, o Espírito Santo exportou 185.791 sacas negociadas a um preço médio de US$ 327,15 que movimentaram uma receita de US$ 60.782.254,01. Os 581 contêineres que saíram do Estado transportaram 30.280 sacas de café arábica; 113.339 de conilon; e 42.172 de café solúvel.
De acordo com Fabricio Tristão, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória, a receita cambial acumulada em 2025 é de US$ 218.435.284,76, equivalente a 709.515 sacas de 60 kg, a um preço médio de US$ 307,86 por saca.
Quatro cooperativas lideram o setor no ES
Cooabriel: maior cooperativa de café conilon do mundo, conta com 8.173 cooperados, sendo 7.303 no Espírito Santo e 870 na Bahia. Em 2024, protagonizou um feito histórico ao ser a primeira cooperativa a comercializar café conilon na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com a operação registrada em 23 de setembro de 2024.
Nater Coop: é a maior cooperativa agropecuária do estado em número de cooperados e empregados, com 23.833 associados e 1.441 colaboradores. Embora seja diversificada, a cafeicultura representa cerca de 50% de seu faturamento. Em 2024, atingiu a marca de 1,13 milhão de sacas de café verde comercializadas, um recorde na história da cooperativa.
Cafesul: atuante na região Sul do estado, é um exemplo de sucesso na inclusão produtiva de mulheres e na produção de cafés orgânicos e de alta qualidade. Com cerca de 180 cooperados, vem se destacando nacionalmente e internacionalmente pela excelência de seus produtos.
Coocafé: embora seja uma cooperativa mineira, é registrada no Sistema OCB/ES e tem forte atuação no Espírito Santo, especialmente na região do Caparaó. Conta com mais de 11 mil cooperados, sendo cerca de 3 mil capixabas, majoritariamente produtores de café arábica.