No Espírito Santo, a agricultura e negócios associados também cumprem relevante função socioeconômica
Por Enio Bergoli
Quase tudo que se consome na alimentação vem da agricultura, sejam produtos de origem animal ou vegetal, ao natural ou processados. São frutos, sucos, carnes e embutidos, café, leite e lácteos, hortaliças, conservas e muitas bebidas. O setor alimenta mais de 8 bilhões de pessoas no mundo. Mas, a agricultura não está somente relacionada com o que se leva à mesa para refeições.
No dia a dia das pessoas, a agricultura participa ainda na produção de madeira para móveis e construções, fibras para os vestuários, além de gerar novas fontes de energias renováveis, em contraponto às fontes fósseis, que esgotam os recursos naturais. É fundamental no enfrentamento das mudanças climáticas e na descarbonização, sendo o único setor que consegue reduzir e sequestrar carbono. Os demais, apenas podem reduzir.
Aqui no Espírito Santo, a agricultura e negócios associados também cumprem relevante função socioeconômica. Apesar da reduzida extensão territorial, com apenas 0,5% de toda dimensão do país, temos uma diversidade de ambientes que é caracterizada por uma riqueza natural pouco vista nos demais estados brasileiros. Podemos transitar do mar às montanhas em menos de 50 quilômetros. Contamos ainda com um litoral de 415 km, aspecto importante para o desenvolvimento de atividades aquícolas e pesqueiras.
Quando se somam as agregações em todos os elos das cadeias produtivas que têm como base a agropecuária, o setor passa a se denominar agronegócio. Sob essa ótica, revela-se como o segmento extremamente importante para mais de 90% dos municípios capixabas, em termos de geração de emprego e renda. Sob essa ótica, responde por 21 a 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e emprega ou ocupa um a cada três ou quatro trabalhadores capixabas.
O Espírito Santo é o maior produtor e exportador de café conilon do Brasil e o segundo de cafés como um todo. Também é o maior exportador de pimenta-do-reino, gengibre e mamão. Produzimos ainda em boa escala cacau, seringueira, além de muitas hortaliças e frutas. Temos ainda uma boa oferta de produtos orgânicos e agroecológicos.
Na produção animal, Santa Maria de Jetibá se destaca como o maior produtor de ovos do Brasil. São direcionadas ainda para abate mais de 250 mil aves por dia, sendo a carne de frango comercializada nos mercados interno e internacional. Nos destacamos também na produção de carne bovina e suína de qualidade e cerca de 1 milhão de litros de leite são produzidos por dia nas terras capixabas.
As exportações do agronegócio capixaba têm batido recordes nos últimos anos. Complexo cafeeiro, celulose, pimenta-do-reino, gengibre, mamão, chocolates, carne bovina e de frango, etanol, pescado e outros produtos vão gerar divisas de 3 bilhões de dólares em 2024. Os produtos do agro estadual têm como destino cerca de 130 países, fato que traduz o empenho e o árduo trabalho dos agricultores para cumprir os exigentes padrões nacionais e internacionais quanto à qualidade das matérias-primas e à sustentabilidade dos processos de produção e agroindustrialização.
É óbvio que temos muitos desafios e gargalos a superar e nem tudo são flores. Contudo, há rumo, lições aprendidas e planejamento. O Governo do Estado, junto com o setor privado, desenvolveu o PEDEAG 4, planejamento estratégico para as 30 principais cadeias produtivas do agronegócio estadual, considerando 10 temas transversais que as impactam. As metas a cumprir são ousadas até o ano de 2032, mas a confiança de todos os atores envolvidos é diretamente proporcional à força do agro capixaba.
No Espírito Santo, não comemoramos somente em 17 de outubro o Dia Nacional da Agricultura, mas todos os dias, pela sua relevância e impacto no dia a dia das pessoas daqui, dos demais estados e de grande parte do mundo!
Enio Bergoli é engenheiro agrônomo e secretário de Estado da Agricultura