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quinta-feira, 28 março, 2024

De quem é a conta?

De quem é a conta?
Foto: Nano Paniago / ACICG

A conta tem que ser de todos, e ela será menor o quanto mais cedo esquentarmos a nossa economia

Por Vaner Corrêa

Com razão o atual presidente da República vetou a prorrogação da desoneração da folha de pagamento, que atinge em torno de 17 setores da economia, os que mais empregam no país. Mas, se a conta em 2021 não for deles, indubitavelmente, será da União, que já está combalida.

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É um tema que sai bastante caro para as duas atuais escolas de pensamento econômico que se embatem em torno da discussão sobre a participação e o tamanho do estado brasileiro. Os liberais defendem que o estado deve ser mínimo e interferir o menos que puder nas sagradas leis de mercado. Já os Keynesianos advogam que o estado deve intervir, sempre que puder, e o seu tamanho tem que ser de acordo com os problemas estruturais a serem resolvidos.

A pandemia, além de deixar todo o tecido social mundial perplexo ante à impotência e à resposta tímida da ciência, também trouxe uma certa desmoralização para os sectários seguidores do liberalismo.

Aparentemente, os remédios Keynesianos até surtiram alguns efeitos na pandemia, pois se o estado não entrasse financiando as despesas dos menos favorecidos e das empresas, com certeza, estaríamos num estado de calamidade pública. Entretanto, acredito que o próprio Keynes ao ouvir algumas blasfêmias dos seus atuais seguidores, deve estar dando cabeçadas no seu túmulo, pois o estado intervém para estimular o setor privado, cabe ao estado em momentos de crise provocar o setor privado no sentido de reaquecer a economia.

Se a economia continuar parada em função da pandemia, o estado não terá como financiar por muito tempo nem as suas atividades. Se a economia não reaquecer, o lado real começar a esquentar, as fontes financiadoras acabarão.

Assim sendo, a discussão quanto ao atual veto não se trata de disputa de pensamento econômico, mas de algo bastante pragmático, ou seja, chega de ficarmos isolados. É o momento de todos comprarmos e vendermos os produtos e serviços e voltar a pensar microeconomicamente para que os grandes agregados da economia tomem expressão para o próximo ano.

Prorrogar esta desoneração até o final de 2021, além de ser uma medida da raia política, que é algo preparatório para desmoralizar qualquer governante, é pensar que o Brasil possui um PIB à altura dos EUA ou da China, respectivamente, no ano base 2018, 20 trilhões e 13 trilhões de dólares. Nosso país, neste 2018, só tinha timidamente 1,8 trilhão de dólares. A conta tem que ser de todos, e ela será menor o quanto mais cedo esquentarmos a nossa economia.

Vaner Corrêa é perito em Engenharia Financeira e Conselheiro do Corecon-ES

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