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quinta-feira, 25 abril, 2024

Custo do trabalho na indústria subiu 11,6% no Brasil

“As indústrias passaram a pagar mais por menos produção, e o resultado é choque de custos para a indústria brasileira”, diz Guilherme Mercês

Entre 2010 e 2014, o custo unitário do trabalho na indústria de transformação do Brasil subiu 11,6%, maior nível da série histórica, que teve início em 2004. Foi o que constatou o estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) divulgado no dia 8 de dezembro. Esse resultado é fruto da combinação entre a elevação do custo real da hora trabalhada (alta de 11,9%) e a estagnação da produtividade (expansão de apenas 0,2%). Dos 15 setores avaliados, 13 mostraram aumento nos custos, com destaque para o setor têxtil, com alta de 28,2% nos últimos quatro anos, e o setor de meios de transporte, cuja expansão foi de 27,7%.

Os números contrastam com o recuo de 1,4%, que foi observado entre 2004 e 2007, período anterior à crise mundial. “Antes da crise, a produtividade do trabalho crescia mais do que os salários, e nos anos pós-crise, com a produção industrial em baixa, ocorreu o contrário. O processo foi invertido, e os custos do trabalho, basicamente os dispêndios com salários, passaram a crescer muito acima da produtividade. Ou seja, as indústrias brasileiras passaram a pagar mais por trabalhadores que produzem menos em uma hora de trabalho e, obviamente, o resultado prático disso é um choque de custos para a indústria brasileira”, destaca o gerente de Economia e Estatística do Sistema Firjan, Guilherme Mercês.

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Reformas

No estudo, a Firjan ressalta que é necessário reformas estruturais para que a indústria de transformação recobre sua competitividade e retome uma trajetória de crescimento saudável e sustentável. Entre as medidas nessa direção que o texto cita, estão o ­m da multa adicional de 10% do FGTS para demissões sem justa causa e a aprovação de um marco legal seguro para regulamentar a terceirização no país.

Na avaliação do diretor da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) para Assuntos Tributários, Leonardo Souza Rogério de Castro, a escassez de mão de obra quali­ficada é outro fator que eleva os custos do trabalho. “A concorrência das empresas por profi­ssionais capacitados faz com que seja preciso pagar mais por esse pessoal. Além disso, nos últimos anos, os salários foram reajustados com valores sempre acima da inação, o que parece interessante num primeiro momento, mas com o tempo torna o negócio menos competitivo e, consequentemente, gera menos emprego”, a­rmou.

Castro garante que é preciso remunerar melhor o trabalhador, mas que isso deve acontecer em consonância com os ganhos de produtividade e o incremento da qualifi­cação, o que não tem acontecido. “A indústria nacional é muito competitiva da porta para dentro. Anualmente, o setor vem reduzindo sua participação no PIB brasileiro, mas é o que melhor remunera e também é a origem da inovação, ou seja, uma formadora de desenvolvimento de longo prazo. Por isso, a formação profissional e a reforma da legislação trabalhista são temas prioritários na agenda da indústria em sua busca pelo aumento da competitividade”, ­finaliza.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 113 da Revista ESBrasil, de dezembro de 2014. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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