O ciclo do cuidado faz parte de toda a nossa existência. Somos cuidados, cuidamos de nós mesmos e depois nos dedicamos a cuidar do outro
Com o aumento da expectativa de vida, a diminuição do número de filhos, com famílias menos numerosas, o aumento dos anos de escolarização da população de forma geral, a assistência aos idosos tem se tornado um dilema em grande parte das famílias.
Regulamentado na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) sob o código 5162, o cuidador de idosos – aquele profissional que cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições ou responsáveis diretos, zelando por bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida – já se faz bastante presente em casas e residências assistidas voltadas para esse público.
Por outro lado, quando necessário, quem assume essa missão de cuidar é algum familiar ou um grupo de parentes e amigos que se reveza. O ponto de atenção, nesses casos, é a importância de cuidar de quem cuida. Afinal, a tarefa exige esforço físico e emocional, além de conhecimentos acerca do envelhecimento e seus desdobramentos.
Por isso, não raramente se identificam cuidadores precisando urgentemente de assistência médica e psicológica.
Por isso, não raramente se identificam cuidadores precisando urgentemente de assistência médica e psicológica. Pela relação afetiva que possuem, dedicam-se à exaustão ao idoso, abrindo mão da própria vida, do tempo de descanso e lazer, sem pedir ou aceitar ajuda, culminando, assim, numa relação pouco saudável e no comprometimento do próprio bem-estar, característica tão fundamental para o ato de cuidar do outro. Afinal, não se pode doar aquilo que não se tem.
Do ponto de vista do cuidador profissional, também vale a reflexão: Como tornei-me um cuidador? Escolhi ou fui escolhido? Estou bem de corpo e mente para exercer essa atividade? Tenho tido tempo para cuidar de mim mesmo? Tais perguntas precisam ser respondidas a fim de que se tenha um exercício pleno do trabalho, entendendo que a vida do cuidador não é a vida de quem é cuidado. Cuidar não é fazer pelo outro, mas, sim, fazer junto, com o outro. Cuidar é sobretudo respeitar as particularidades individuais, reconhecendo-se nesse processo.
Gustavo Souza é psicólogo
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