As investigações apontam que criadores registrados adquiriam anilhas falsas para utilizar em pássaros que foram capturados na natureza.
A criação clandestina de aves é realidade em todos o país. E infelizmente envolve também criadores regularizados. E a Operação AD AETERNUM, deflagrada nesta quarta-feira, (13), comprovou essa prática. Uma ação conjunta entre a Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Durante a operação, que contou com a participação de 31 policiais federais e 8 analistas ambientais do Ibama, foram cumpridos 7 mandados de busca e apreensão. Simultaneamente, houve fiscalização administrativa nos endereços dos criadores suspeitos de participar do esquema. A ação se deu nos municípios capixabas de Pancas, Aracruz, Nova Venécia e Vila Pavão. E também houve uma abordagem na cidade de São Paulo.
Foram alvo da operação locais de origem dos números legítimos das anilhas e de destino dos acessórios falsos. E os prováveis locais de falsificação e distribuição dessas anilhas também fizeram parte da AD AETERNUM, termo em latim que significa “para a eternidade”.
A fim de combater a criação clandestina de aves, o objetivo da operação foi reprimir a falsificação e distribuição de anilhas para colocação em aves capturadas da natureza. E a consequente inclusão de informações falsas no Sistema Gestão de Criadores de Passeriformes Silvestres – SISPASS.
Criação clandestina de aves
Os elementos colhidos na investigação indicam que criadores registrados adquiriam anilhas falsas, com a mesma numeração de anilhas legítimas. Dessa forma, conseguiam conferir uma aparência de regularidade a pássaros capturados na natureza. Logo, que não poderiam ser mantidos em cativeiro. Além disso, essa colocação tardia de anilhas falsas em aves já adultas capturadas da natureza ocasionava evidentes maus tratos, com lesões ou mutilações nos animais.
Também foi observado ao longo da investigação que criadores regulares deixavam de registrar no SISPASS a perda (geralmente por falecimento) de pássaros do plantel. Assim, simulavam no sistema a transferência da ave inexistente para o plantel daquele que adquiriu a anilha falsa.
Segundo a assessoria da PF, o sucesso na investigação policial só foi possível graças à profissionalismo do Ibama e dos Correios. O Ibama que “prontamente colocou sua expertise para esclarecer os questionamentos da Polícia Federal”. E, a proatividade Coordenação de Segurança dos Correios, “que foi capaz de identificar, em um dos seus centros de distribuição, a postagem das encomendas com as anilhas falsas”.