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quinta-feira, 18 abril, 2024

Conheça os encantos de morar em Vitória

Conheça os encantos de morar em Vitória

A beleza da ilha e sua geografia cheia de peculiaridades, a conservação de alguns recantos bucólicos, praças e áreas verdes, a qualidade de vida e o comportamento afável e amigo de seus moradores são alguns dos fatores que encantam os moradores de Vitória, que relatam que o município ainda não perdeu o jeito de cidade acolhedora e que vale a pena morar aqui.

 

*Por Ana Lucia Ayub

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Vitória, a pequena ilha que encanta seus moradores, era chamada pelos indíos goitacazes, seus primeiros habitantes, de ‘Guanaani”, que significa ‘Ilha do Mel’. O motivo? A beleza de sua geografia, a amenidade do clima e suas águas, ricas em peixes e mariscos.

O tempo passou e hoje outros fatores atraem os seus moradores. Apesar de pequena, a ilha é cheia de potencialidades e qualidades, que colaboram para que seus moradores ‘nativos’, os capixabas “da gema”, permaneçam morando aqui, e atraiam novos moradores, vindos de várias partes do país em busca de novas oportunidades e melhor qualidade de vida. Segundo estudo divulgado em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre deslocamento da população brasileira, a última década aponta para mudanças nas correntes migratórias, em que Rio de Janeiro e São Paulo deixam de ser “importadores” e passam a “exportadores” de moradores, enquanto o Espírito Santo desponta como foco de atração de novos habitantes.

Os dados apontam a tendência de deslocamento para cidades de médio porte, caso de Vitória e dos municípios do seu entorno, que compõem a Grande Vitória. A pesquisa revelou que o Espírito Santo foi o único Estado que não teve queda no número de imigrantes em 10 anos (2000/2010). Além disso, mostrou um forte movimento de permanência dos moradores na região. Os principais fatores são a saturação das metrópoles e a melhor distribuição da oferta de emprego.

Outros dados do Censo 2010 do IBGE revelam que Vitória é a capital com a maior renda per capita do país e a que tem menos lixo acumulado nas ruas. Entre as capitais com a maior renda per capita, Vitória, com R$ 76 mil, está à frente de Brasília, com R$ 58 mil. A boa posição da capital se explica pela reduzida população, com 330 mil habitantes, terceira menor entre as capitais do Brasil, e pelo Porto de Tubarão, por onde escoa 43% do minério de ferro exportado pelo país.

O custo de vida na capital capixaba também não é dos mais altos, segundo pesquisa do site Custo de Vida. A cidade aparece na 16ª posição entre as 27 capitais brasileiras e é possível comer fora sem precisar desembolsar muito. Em média, gasta-se em um almoço, num restaurante barato, R$ 11,73. Já no estabelecimento mais caro, R$ 33,62. Em São Paulo, os preços ficam entre R$ 13,68 e R$ 67,28. No quesito moradia, a ilha de Vitória aparece com preços razoáveis se comparada às capitais vizinhas. O aluguel de um apartamento de dois quartos em uma região cara custa R$ 1,1 mil. Já o de um apartamento de dois quartos em uma área barata é de R$ 717,08 (valor médio).

“Vitória é a porta de entrada de distribuição de todas as oportunidades do Estado, e é, há três anos, a capital com maior PIB per capita do país, com uma perspectiva fantástica de desenvolvimento. Mesmo contra todas as tramóias para tirar o que já conquistamos com a nossa capacidade, como os royalties, acredito que o Estado continuará no rumo do desenvolvimento”, diz o jornalista e escritor Cacau Monjardim, 83 anos, especialista em escrever sobre Turismo e temas típicos do Espírito Santo.

Coisas de Vitória
Vitória também encanta por sua beleza e peculiaridades. Apesar de ilha, a cidade não é cercada de oceano por todos os lados. A baía de Vitória é formada por mangues, praias e mais de 30 outras ilhas menores ao seu redor, que pontilham o litoral. “Vitória tem a mais bonita entrada de baía do país. Mas só é vista por quem chega de navio ou de lancha. Quando existia o aquaviário, o cidadão tinha essa visão, mas perdemos isso”, diz Monjardim, que defende a volta desse modal para incentivar o turismo e desafogar o trânsito no percurso de Vitória a Vila Velha.

A população, que somada aos outros municípios da Grande Vitória, já alcança 1,6 milhão de habitantes, convive com problemas comuns a grandes aglomerados urbanos. As mudanças na paisagem da cidade são notáveis aos olhos dos moradores mais antigos. Mudanças essas que não tiram o brilho da cidade para que seus moradores permaneçam morando aqui. “Eu não viveria em outro lugar. Já cogitei me mudar para Belo Horizonte e desisti. Senti falta, principalmente, do mar”, diz o empresário e escritor Cariê Lindenberg, 77 anos, fundador da Rede Gazeta de Comunicações.

“A maior qualidade de Vitória é o comportamento afável, amigo e pacífico dos moradores. Mas Vitória já foi mais pacata. Hoje, com a facilidade das drogas, a violência aumentou em todas as partes do país. Ainda assim, estamos bem em relação a outras cidades. Claro que existem bairros mais propensos à violência, outros menos. O ideal é escolher bairros mais tranquilos para se viver”, afirmou ele, que reside na Ilha do Frade, um dos bairros mais nobres e calmos de Vitória, com vistas panorâmicas para o mar, lago e áreas verdes. Logo ao lado, outro bairro com as mesmas características e igualmente tranquilo é a Ilha do Boi, também um cenário de cartão postal.

Moradores exaltam qualidade de vida
O músico capixaba Amaro Lima, 35 anos, faz coro ao amor por Vitória. Ele começou sua carreira em 1995, como vocalista da banda capixaba Mahnimal, e já teve a chance de morar no Rio e em São Paulo, mas optou por viver em Vitória. “A qualidade de vida da cidade é fantástica. Temos praia, boa comida e as distâncias a serem percorridas são curtas. E viver num canto que você gosta é um privilégio. Quando voltei para cá, meus amigos argumentavam que eu não iria a lugar algum morando aqui, mas se tivesse ficado lá não sei se teria vivido tantas coisas.”, argumenta.

Em 2007, Lima iniciou carreira solo, após mais de 10 anos com a banda Mahnimal, com a qual chegou a fazer quatro turnês pela Europa. Com experiência, ele critica a falta de espaços para a realização de shows, a estrutura precária dos teatros e o número pequeno de museus capixabas. “Precisamos desses espaços para o desenvolvimento da cidade. As grandes nações investem e valorizam suas culturas. Outro problema são os meios de transporte insuficientes, o que faz com que todo mundo use o carro. O crescimento é inevitável, mas a cidade tem que se preparar”, afirma.

Afonso Abreu, 66 anos, também músico, veio de Cachoeiro para viver em Vitória em 1957. Pioneiro do jazz no Estado, referência local e internacional, há 13 anos criou o Afonso Abreu Trio e fez incursões pela América Latina, tocando ao lado de nomes importantes da música nacional. “Mas sempre acreditei no potencial capixaba e produzi diversos projetos na área sociocultural voltados para o Estado. Além do mais, o visual de Vitória é inigualável”, diz o baixista, explicando as razões que o prendem aqui.

Para se apresentar em eventos, feiras e casas de show, Abreu elege a Praia do Canto como o melhor local das noites capixabas, que concentra bares, restaurantes e o “Triângulo das Bermudas”, a região boêmia mais badalada da cidade, e que acaba de ser revitalizada com um novo calçadão para pedestres e nova iluminação. A área, um belo cenário da cidade, ainda mantém um ar bucólico próximo ao canal de Camburi, onde se localizam uma peixaria, que será reformada pela prefeitura, e a colônia de pesca mais antiga da cidade, que ganhará um atracadouro para barcos junto ao terminal pesqueiro.

O bairro também é a preferência do jornalista Cacau Monjardim, que o elege como ideal para as práticas esportivas e as competições náuticas. Mas, como bom entendedor do assunto, Monjardim aponta a falta de visão do poder público em não aproveitar os dons naturais da cidade para desenvolver o turismo. “Vitória deu as costas para o mar e não incentivou os esportes náuticos, que já se destacaram até nacionalmente, como os do Clube Saldanha da Gama, e hoje nem existem mais. É preciso usar o mar e as rotas dos manguezais, que é o maior manguezal urbano do mundo, com roteiros turísticos e passeios de lanchas e barcos modernos. Vitória não faz uso deles”, diz.

Cada canto um encanto
Fundada em 1551, Vitória é a segunda capital mais antiga do país e reúne modernas construções urbanas ao lado de casarios antigos. O Palácio Anchieta, a Catedral Metropolitana e a capela de Santa Luzia (séc. XVI) são alguns dos monumentos ainda existentes. No Convento São Francisco (1591), só a fachada é original. O Teatro Carlos Gomes, construído em 1927, foi inspirado no famoso Scala, de Milão. O Teatro Glória está sendo restaurado, mas as obras já duram mais de quatro anos.

“Apesar de belíssima, Vitória é prejudicada pelo descaso das autoridades com o lado histórico e com as artes”, diz o multimídia Milson Henriques. Segundo ele, o centro da cidade, que reúne o maior número de monumentos históricos, encontra-se em total abandono. “São muitos os casarões antigos, lindos, mas totalmente descaracterizados e cobertos por placas de propagandas. O Saldanha da Gama poderia ser uma casa noturna maravilhosa, mas está abandonado. Ali, em frente ao Morro do Penedo, os visitantes poderiam apreciar uma das paisagens mais lindas do mundo, onde os navios passam no coração da cidade. Que lugar no mundo tem isso?”, questiona.

Mesmo com o crescimento das últimas décadas, a capital ainda conserva recantos bucólicos. A Ilha das Caieras, por exemplo, guarda traços da antiga vila de pescadores. Basta um passeio pelas ruas para encontrar desfiadeiras de siri, pescadores e limpadores de mariscos executando seus trabalhos ao ar livre. Lá pode ser saboreada a típica culinária local, como a torta e a moqueca capixabas, feitas em panelas de barro.

O bairro Fradinhos fica no meio da maior área verde da cidade, entre os Parques da Fonte Grande e Pedra dos Olhos, o que o faz ser vizinho das comunidades de Romão, do Cruzamento e da Fonte Grande, circundando-o de favelas. Reduto atual da classe alta, as mansões convivem com casas bem simples dos moradores antigos, que presenciam a sua expansão. Preservando traços de uma comunidade rural, lá ainda existem trilhas para acesso aos parques, pequenas fazendas de gado e pequenas nascentes do Morro da Fonte Grande.

Morro dos Alagoanos: de favela a reduto musical
Já o Morro dos Alagoanos difere de tudo em Vitória. Endereço preferencial dos poetas da música, saiu das páginas policiais para se transformar, há 14 anos, num bairro que movimenta a cena cultural de Vitória, com a realização anual do Festival de Música de Botequim (Femusquim) e do Festival de Chorinho.

O responsável pela mudança é o produtor cultural Raimundo de Oliveira, 66 anos, que nasceu no morro e trabalha pela inclusão social. Com foco nas diversidades locais, conseguiu transformar o morro num espaço de atividades artísticas e culturais, reduto da boa música capixaba. Até Grande Otelo, Joãozinho 30 e a Orquestra Filarmônica do ES já deram o ar da graça por lá.

Mas seu trabalho na comunidade transcende a música. Conhecido como o ‘Senhor Gentileza’, plantou centenas de árvores, criou biblioteca, formou um coral infantil, pintou escadarias e casas e transformou depósito de lixo em jardim. Indagado sobre o seu lugar preferido em Vitória, responde sem titubear: “O Morro dos Alagoanos, é claro!”.

Enfim, mesmo com os problemas comuns aos aglomerados urbanos, os moradores entrevistados foram unânimes em dizer que compensa morar aqui, exaltando as qualidades e a beleza da cidade.

Vitória em dados
População: 330 mil habitantes
Renda per capita: 1º lugar entre as capitais
Índice de Des. Humano: 18º do país
Melhores cidades para se morar: 3° lugar do país entre as capitais
Custo de vida: 16ª posição entre as capitais

Fontes: IBGE, Firjan

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