Com quase 12 mil mortes registradas pela covid-19 no Espírito Santo e mais de 552 mil em todo o Brasil, infelizmente, viver o luto se tornou uma realidade para muitos.
Por Munik Vieira
A dor já é intensa para quem perde um ente querido. E para muitos ela se torna ainda pior por não poder se despedir como gostariam, afinal dentro do novo normal imposto pela pandemia, muitos nem conseguem ver a pessoa pela última vez, com a obrigatoriedade dos caixões fechados, velórios curtos, e sem aglomerações, ou seja, sem a presença de uma rede de apoio. Como dizem por aí, quando não se vê, parece que a ‘ficha’ demora ainda mais a cair de que realmente alguém importante se foi. Mas a psicóloga e psicoterapeuta Sabrina Matias fala sobre o assunto e a importância de viver o luto de forma saudável.
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“Se você perdeu alguém, respeite suas emoções, seu luto, seu choro. Não está tudo bem. É preciso aceitar a sua vulnerabilidade. Não é hora de ser forte. Não tente ser a mulher-maravilha ou super-herói. Aceitar que não vai dar conta vai te ajudar a passar por tudo isso da melhor forma. Menos frustração. Olhe para você e abrace sua fragilidade, sua dor, seu medo, sua raiva. Você precisa abraçar tudo que isso que vai emergir”, explica ela.
“Ninguém tem que ser forte”
Infelizmente a sociedade exige que sejamos fortes, mas segundo a especialista em momento de luto ninguém tem que ser forte. “Recebo muitos casos de pacientes que vem para terapia chorar um luto que viveram anos atrás. Ou seja, suas vidas por esse tempo todo ficaram de alguma forma paralisadas por não terem chorado o necessário, por terem guardados sentimentos que na época precisavam ser colocados para fora. Elas não viveram o luto de forma plena e saudável”, conta.
O luto sadio pode durar até 2 anos. A partir daí, se a pessoa continuar prostrada, com a vida parada, é preciso procurar ajuda profissional. Sabrina explica que a terapia nesses casos vai fazer a pessoa enxergar e analisar a origem da sua dor, do seu problema e assim poder tratar e ajudar a pessoa a ressignificar seus sentimentos quanto àquele momento vivido para assim poder seguir com a sua vida”, afirma.
Ela ainda reforça que isso vai muito além do luto e vale para qualquer trauma ou problema que está atrapalhando a vida a longo prazo, e por isso a importância da terapia. “Mas infelizmente ainda há muito preconceito em torno de quem busca ajuda profissional. E isso atrapalha muita gente que está em casa sofrendo e poderiam ter uma qualidade de vida excepcional se buscassem pela terapia, mas por vergonha ou preconceito não o fazem. As nossas emoções não nos deixam enxergar claramente as coisas. Pare de culpar a pandemia ou outros por todos os seus problemas. Se você vê que sua vida parou, que está envolvida emocionalmente, procure ajuda profissional porque você vai estar parada à toa. Resolve isso para que você continue a sua jornada plenamente”, complementa.