Pedagoga fala sobre como os profissionais da educação devem atuar para incentivar a interação entre crianças, preservando o distanciamento social, sem prejudicar o aprendizado e o desenvolvimento infantil
Após longo período sem aulas presenciais, algumas escolas já retornaram suas atividades. No entanto, esse retorno promete ser de muitas mudanças, especialmente no que diz respeito aos alunos mais novos e que estão iniciando a vida letiva agora, já que manter o distanciamento social entre eles é uma tarefa difícil.
São muitas as regras nessa volta gradual: uso de máscara, espaçamento entre cadeiras e, principalmente, a redução do contato entre alunos. Mas, com tantas exigências, como fica a interação social e o aprendizado que se tem através desse contato entre eles que sempre foi essencial para a formação do indivíduo?
A pedagoga Claudia Laet, especialista em transtornos infantis, com formação e experiência nos Estados Unidos, destaca que a vivência coletiva é muito importante em toda a fase escolar, porém nos primeiros anos se torna ainda mais decisiva. “A interação é essencial na alfabetização e no que diz respeito à formação emocional, comportamental das pessoas. Mas, vale lembrar que o interagir não é medido pelo toque, pelo contato corporal. É isso que os profissionais da educação como professores e coordenadores devem ter em mente ao desenvolver as estratégias cautelosas de aproximação das crianças nesse período de pandemia”, explica.
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Entre os métodos que devem ser reforçados nessa etapa, a especialista cita a contação de histórias, que deve se tornar ainda mais frequente, visando estimular a imaginação e o pensamento crítico dos estudantes. Para as brincadeiras e atividades lúdicas, ela sugere que sejam formados grupos menores e estes sejam dispostos de forma mais espaçada, sempre fazendo uso de máscara. Caso utilizem brinquedos e objetos a serem compartilhados, é importante esterilizá-los.
Outra mudança que seria importante as escolas observarem é a disposição das cadeiras dentro de sala de aula. “Mais do que nunca precisamos ter contato visual, já que o toque físico se tornou algo restrito. Então, o ideal seriam as cadeiras ficarem dispostas em ‘L’ ou em ‘U’ de uma forma que todos os alunos se vejam. Nesse formato, a interação social fica preservada e os alunos conseguem desenvolver diversas habilidades verbais, visuais, sempre interagindo um com outro sem precisar do toque”, esclarece.
Ela ressalta ainda que esse é o momento em que é preciso repensar a educação de uma forma geral, tanto a especial quanto a regular, de maneira criativa. “As escolas precisam treinar os especialistas responsáveis que estarão à frente desse processo de aprendizado, para que eles saibam estimular e manter a interatividade e troca entre os alunos, porém dentro dessa nova realidade. É papel da instituição se adaptar para proporcionar segurança sem muita rigidez e sem comprometer o processo de conexão entre as crianças”, completa.