Economistas avaliam que, apesar de o mercado financeiro elevar a projeção do IPCA para 5,6%, economia está sob controle
Por Kikina Sessa
Pela 18ª semana seguida, o mercado financeiro elevou a previsão de alta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do País – passando de 5,58% para 5,6% em 2025. A estimativa está no Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Embora o cenário apresenta uma inflação crescente, não tanto pelo consumo, mas pelo aumento de insumos e de custos operacionais, como avalia o economista Ricardo Paixão, “esse cenário de inflação em torno de 5,5% não é catastrófico”, comenta o economista.
“Claro que a gente deseja uma inflação baixa, porque quando ela está alta, ela corrói o nosso poder de compra. Mas a nossa economia está mostrando uma ligeira engrenagem. Cresceu em 2024 em torno de 3,5% e superou todas as expectativas, revelando uma crescimento em diversos setores da economia”, comenta Paixão, acrescentando que “vivemos um período de turbulência interna e externa, mas não estamos vivendo nenhuma tragédia. Nossa economia está sob controle”.


Quem também faz uma análise parecida é o economista Antonio Corrêa de Lacerda, que já presidiu o Conselho Federal de Economia (Cofecon), e atualmente é professor-doutor do Programa de Pós-graduação em Economia da PUC-SP. Lacerda comenta que o crescimento econômico tem surpreendido positivamente, tendo atingido 3,5% em 2024. “Em 2025 deverá continuar a crescer. Há uma pressão inflacionária basicamente decorrente da crise climática que impactou os preços de alimentos e, também, da desvalorização do real frente ao dólar e demais moedas”, disse o economista.
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano passou de 2,03% para 2,01%. Para 2026, a expectativa para o PIB é de crescimento de 1,7%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 1,98% e 2%, respectivamente.
Paixão lembra que o governo federal ainda não teve seu orçamento para 2025 aprovado. “Os parlamentares entraram em recesso sem cumprir o papel de votar o orçamento”. Esse fato interfere na economia, contendo investimentos.