Diferentemente de influenciadores que são só pagos para usar e promover um produto em suas redes sociais, essas famosas estão atuando no processo de criação das marcas
Por Marina Aragão, Marcelo Mota, Altamiro Silva Júnior e Cristina Canas (Agência Estado)
Mais do que garotas-propaganda, artistas como Anitta, Iza, Manu Gavassi, Marina Ruy Barbosa e Taís Araújo passaram a ter voz dentro de empresas com as quais se associam. Diferentemente de influenciadores que são só pagos para usar e promover um produto em suas redes sociais, essas famosas estão atuando no processo de criação das marcas.
Além de Anitta, que chegou ao conselho de administração da fintech Nubank, a cantora Iza foi nomeada diretora criativa da marca de calçados esportivos Olympikus, a ex-BBB Manu Gavassi virou chefe de conteúdo da empresa de gim Tanqueray e a atriz Marina Ruy Barbosa foi codiretora de coleções de joias da Vivara Agora, o BV (ex-Banco Votorantim) anunciou Taís como embaixadora da marca, mas com voz para dar palpites em produtos e serviços.
- Nubank nomeia Anitta para o Conselho de Administração
- Acesse nossas rede sociais: Instagram e Twitter
Quebra de paradigmas
Para Eduardo Tomiya, CEO da TM20 branding, a iniciativa de trazer artistas para cargos estratégicos prevê uma ruptura do ponto de vista geralmente associado a executivos. “Anitta tem um profundo conhecimento de mercado, ela conhece muito os consumidores e o processo de influência de uma cadeia inteira”, diz o especialista. Para ele, a parceria pode ser “rejuvenescedora” para o conselho.
Nubank foi ‘xeque-mate’
O Nubank deu um “xeque-mate na concorrência” ao levar a cantora Anitta para seu conselho de administração. A tendência pode crescer no mercado, mas também embute riscos para o conselheiro e para a instituição, disse o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Fábio Coelho, ao Estadão/Broadcast.
O executivo destaca o viés estratégico. “Acho extraordinária a transformação, do ponto de vista da diversidade, de você começar a incluir pessoas de expertises, etnias, gêneros e formações diferentes no conselho”, afirma Coelho. “O Nubank deu um xeque-mate em boa parte de seus pares dentro da indústria.”
O primeiro ano de um conselheiro de primeira viagem é de “muito aprendizado, mas traz seus riscos”, ressalta Coelho. Um deles é quando a empresa caminha para um processo de abertura de capital (IPO, em inglês), como parece ser a estratégia do Nubank. Isso porque o conselheiro precisa respeitar janelas de período de silêncio, por exemplo. Há também o risco de reputação. “Os conselheiros precisam saber que respondem por um regulador do mercado de capitais, que podem inclusive ser arrolados em processos”, disse o presidente da Amec, frisando que é necessária uma base mínima de governança a esses profissionais.