Laranja da Terra, localizada na Região Noroeste do Estado, é a cidade mais afetada com 104 registros
Por Kebim Tamanini
Dados divulgados nesta quinta-feira (11) pela Secretaria da Saúde (Sesa) mostram que os casos de febre Oropouche estão se espalhando pelo Espírito Santo. O Estado contabiliza, neste momento, 377 casos confirmados em 2024.
Entre as cidades com mais casos estão Laranja da Terra com 104, Rio Bananal com 68, Colatina com 48, São Gabriel da Palha com 21, Ibiraçu com 20, Anchieta com 30 e Fundão com 18.
Na Região Metropolitana da Grande Vitória, o número de casos é significativamente menor, com Serra registrando 3, Vila Velha 4, Vitória 6 e Cariacica nenhum caso.
A febre Oropouche, assim como outras arboviroses, a exemplo da dengue, chikungunya e zika, surge devido à criação de um ambiente propício para criadouros de mosquitos transmissores.
“Elas são ocasionadas em função de questões socioambientais. Então, a falta de saneamento, uma disponibilidade parcial, ou, às vezes, até indisponibilidade de água tratada para consumo humano, a falta de cuidados com o entorno dos domicílios e, principalmente, com o interior dos domicílios, que proporcionam o acúmulo inadequado de água”, explica o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Jesem Orellana.
Médicos afirmam que não existe tratamento específico, mas o paciente deve permanecer em repouso e ter acompanhamento médico. Podem ser prescritos analgésicos e antitérmicos comuns para aliviar os sintomas, que são muito parecidos com os da dengue. Eles duram geralmente entre dois e sete dias e incluem febre, dor de cabeça, dor nas costas e nas articulações, podendo ainda ocorrer tontura, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos. Em alguns casos, há também ocorrência de encefalite.
A transmissão, no entanto, não ocorre pela picada do Aedes aegypti e sim de outros mosquitos, sobretudo pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim. Eles se proliferam principalmente durante períodos de calor em ambientes úmidos, como em áreas próximas a mangues, lagos, brejos e rios. Mas não são restritos a áreas rurais, estando presente em espaços urbanos com disponibilidade de água e matéria orgânica, sobretudo próximo a hortas, jardins e árvores. Além disso, o Culex quinquefasciatus, uma das espécies popularmente chamada de pernilongo, também pode atuar como vetor.
No Brasil, surtos da doença têm sido registrados na região amazônica desde a década de 1970. No estado do Amazonas, onde a doença tem sido mais prevalente nos últimos anos, o aumento da transmissão nos dois primeiros meses de 2024 gerou um alerta epidemiológico.