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quinta-feira, 28 março, 2024

Carro básico está em extinção

Eram as versões de entrada dos compactos, que vinham sem ar-condicionado, direção hidráulica, som e vidros elétricos

Por Diogo de Oliveira (AE)

O carro de entrada é um produto em extinção. Na visão de especialistas do setor, o avanço tecnológico dos veículos na última década foi o responsável por uma mudança de comportamento do comprador. Independentemente do preço e da marca, os clientes atualmente não querem modelos novos sem as últimas tecnologias.

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O Chevrolet Onix, por exemplo, oferece internet a bordo e o Hyundai HB20 pode ter frenagem automática e sensor de faixa de rodagem opcionais.

O mais recente item da lista de desejos dos brasileiros é o câmbio automático. Mas há muitos outros equipamentos quase “obrigatórios”, como ar-condicionado e central multimídia.

“O mercado está pedindo os carros cada vez mais completos. Não é a montadora que decidiu vender os veículos mais equipados. É o consumidor que está exigindo esses conteúdos. Câmbio automático tem uma demanda cada vez maior porque é um conforto no trânsito”, afirma Paulo Garbossa, consultor da ADK Automotive.

Para Cassio Pagliarini, especialista em indústria automobilística da Bright Consulting, automóveis pequenos são muito mais sensíveis ao acréscimo de tecnologia, por causa da elevação de preço que isso causa.

“Existe uma lógica inexorável que se repete: o cliente é o rei. E chega uma hora em que não vale a pena comprar um veículo de plataforma antiga. Quando eu estava na Hyundai, a chegada do HB20 transformou vários veículos em obsoletos”, recorda Pagliarini, que foi diretor de marketing da marca sul-coreana.

Há uma década, o mercado brasileiro oferecia os chamados carros “pelados”. Eram as versões de entrada dos compactos, que vinham sem ar-condicionado, direção hidráulica, som e vidros elétricos. Muitos eram vendidos em carrocerias de duas portas. Isso acabou

“Nem para locadora estão conseguindo vender só o básico”, aponta Paulo Garbossa. “No meu tempo, bastava ter uma caneta para puxar a fita cassete. Atualmente, as pessoas entram no carro e o streaming começa a tocar. É outra tecnologia”, compara o especialista da ADK.

Os novos carros de entrada saem de fábrica com direção elétrica, cintos de três pontos e ancoragem Isofix para cadeirinhas infantis. Porém, as versões que mais vendem são as mais equipadas. “Há itens que é difícil não ter, como multimídia a bordo”, complementa Cassio Pagliarini.

Paralelamente aos desejos dos consumidores, houve a modernização dos projetos. A cada troca de geração, os carros precisam ser mais seguros e menos poluentes, seja pela acirrada disputa entre as marcas, seja por força das novas exigências legais em vários países no mundo.

Isso explica um pouco a migração dos antigos modelos de entrada para compactos mais modernos. Carros feitos sobre as novas plataformas modulares diluem custos e permitem oferecer mais recursos.

“Na VW, buscam desenvolver o novo carro de entrada a partir da plataforma do Polo. PSA e FCA se uniram e terão a nova plataforma da PSA para pequenos. A Chevrolet adotou uma nova plataforma. Na Toyota, o cliente vai preferir um Yaris de conteúdo reduzido a comprar um Etios”, analisa Pagliarini.

O saldo também precisa ser positivo para os cofres, ressalta Paulo Garbossa. Segundo o consultor, cada fabricante tem um custo fixo da operação que precisa ser pago no fim do mês.

“As montadoras hoje em dia estão partindo para o seguinte: todos os veículos têm de dar lucro. É preciso ter lucratividade. Com a pandemia, isso se intensificou. A própria Ford tirou todos os sedãs de linha para focar em picapes e SUVs. Só mantiveram o Ka porque dá volume (de vendas)”, aponta Garbossa.

ÍNDIA

As montadoras vêm desenvolvendo novas plataformas de baixo custo para atender aos requisitos globais de segurança e emissões. No caso da Índia, carros com menos de quatro metros têm imposto menor. É uma regra local que acabou tornando o país especialista no desenvolvimento de compactos. Na visão de Pagliarini, é de lá que virão muitos dos próximos lançamentos para o Brasil.

Um deles é o Nissan Magnite, um inédito SUV compacto feito sobre plataforma derivada do Renault Kwid. O “mini-Kicks” será fabricado em Resende (RJ) a partir do ano que vem.

“A Índia é a melhor fonte de desenvolvimento para veículos acessíveis. De lá saíram os modelos da Ford (linha Ka), da Renault (Kwid) e deverão sair da PSA (Peugeot Citroën). Conseguem criar arquiteturas mais eficientes com a aplicação dos novos requisitos de emissões, segurança e eficiência energética. Mesmo assim, serão veículos mais caros”, conclui Pagliarini.

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