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sexta-feira, 29 março, 2024

Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia

Considerado por muitos como grande oportunidade para celebrar e mostrar o tão conhecido samba no pé, seja na avenida ou seja até nos blocos de rua, o carnaval também se destaca por ser uma ferramenta de grande impacto na economia.

Basta vermos os números da folia carioca, que injetou mais de R$ 3 bilhões na cidade somente neste ano com a vinda de mais de 1 milhão de turistas de diversas partes do país. E mesmo que registre estatísticas mais modestas, se comparado com outras grandes regiões, o carnaval capixaba vem experimentando um crescimento importante ano a ano, colocando-se como ótimo destino para o público, que pode aproveitar a festa do Estado antes da folia nacional. Afinal, o carnaval do Brasil começa aqui.

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O desfile deste ano no Sambão do Povo, que passou a ser de responsabilidade da Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba (Lieses), com o apoio da Prefeitura de Vitória, reuniu 60 mil pessoas, no final de janeiro, nos dois dias do evento, entre turistas, foliões e componentes, que puderam acompanhar de perto as apresentações das agremiações do Grupo A (Chegou o Que Faltava, Imperatriz do Forte, Independentes de São Torquato, Chega Mais, Andaraí, Tradição Serrana, Novo Império e Rosas de Ouro) e do Grupo Especial (Unidos de Barreiros, Unidos de Jucutuquara, Pega no Samba, Mocidade Unida da Glória – MUG, Unidos da Piedade e Independente de Boa Vista).

Na área de turismo, o desempenho foi positivo, pois a rede hoteleira da capital registrou, no período, ocupação maior que a média de um final de semana normal. Bares e restaurantes também contabilizaram público maior. Estimativas preliminares da Prefeitura de Vitória apontam para uma movimentação econômica da ordem de R$ 13 milhões, cifra que deve ser superior à de 2015, que obteve uma receita de R$ 12,5 milhões. Já a cidade de São Paulo superou a meta de R$ 400 milhões em negócios gerados, feito atribuído, principalmente, ao crescimento dos blocos de rua. “A grande massa de turistas vem de outros municípios capixabas, mas também recebemos muitos visitantes de outras regiões do país e do mundo”, observou o secretário municipal de Turismo, Trabalho e Renda de Vitória, Leonardo Krohling.

Investimentos

Para tornar o Carnaval de Vitória ainda mais atraente, a prefeitura investiu R$ 1,275 milhão, valor distribuído pela Lieses para todas as escolas de samba da capital. Já o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), ofereceu R$ 200 mil, enquanto que o Banestes repassou R$ 350 mil, ambos, para o custeio de fantasias das 14 agremiações.
Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia
O aporte, segundo a Setur, foi menor do o que feito no ano passado pelo Executivo, de R$ 1,4 milhão, por conta de mudanças na administração do carnaval capixaba, que neste ano foi organizado pela Liga. “Um acordo entre a Prefeitura de Vitória e a Lieses fez com que a Liga ficasse com toda a administração do evento e com todo o faturamento, digamos assim. Esse investimento que fizemos foi até muito, se pararmos para pensar que estamos em uma época de crise. Mas é óbvio que o carnaval é muito importante para o Estado e por isso procuramos ajudar na realização do evento, pois o Governo viu que, sem esse apoio, as escolas iriam ficar prejudicadas.

Tanto que essa decisão envolveu o próprio governador, Paulo Hartung que articulou esse trabalho. Não poderíamos deixar os desfiles comprometidos. De qualquer forma, a tendência é que isso fique mais por conta da Liga mesmo. Acredito que isso tem até um ponto positivo, pois a Lieses está batalhando para ser independente, assumindo tanto o ônus quanto o bônus”, salientou José Sales Filho, secretário estadual de Turismo.

Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia
O apoio dos caixas estadual e municipal foi destacado pelo presidente da Liga, Rogério Sarmento, que valorizou os investimentos. O único entrave, segundo ele, para que a folia se torne ainda mais referência no Brasil, é a falta da parceria com as empresas. “Esse é o grande problema, pois a iniciativa privada ainda é muito tímida em relação ao apoio que é dado às nossas agremiações, que, para colocar um bom carnaval na avenida, gastam cerca de R$ 900 mil cada. No Rio de Janeiro, é bem diferente. Para se ter uma ideia, a Unidos da Tijuca recebeu cerca de R$ 12 milhões do governo da Suíça e de oito empresas, assim como o Salgueiro, que teve um repasse de R$ 2 milhões da Nissan.

O grupo Petrópolis investe na quadra de 17 escolas do carnaval carioca, além de diversas outras empresas presentes todos os anos nos desfiles do Rio e de São Paulo”, comentou.
E por mais que a cidade de São Paulo tenha incentivos maiores que os do Espírito Santo nesse sentido, algumas escolas de samba de lá ainda apresentam certa dificuldade para obter o apoio privado, como a Império de Casa Verde, que chegou a gastar R$ 3,5 milhões para conquistar o campeonato deste ano.

“Eu acompanho o carnaval do Espírito Santo, e a nossa situação é bastante parecida. Apesar do crescimento da participação da iniciativa privada nos últimos anos, ainda estamos muito longe de atingir o patamar do Rio de Janeiro. Lá, a mídia dá muito espaço às escolas e ao desfile durante quase todo o ano, enquanto em São Paulo isso só ocorre nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, e com menos intensidade, o que prejudica bastante a captação de verbas”, destacou o diretor de carnaval da agremiação, Rogério Figueira.

Vencedora do carnaval capixaba 2016, a Mocidade Unida da Glória, de Vila Velha, assim como as representantes de outros bairros, precisou contar com o suporte da comunidade para que o desfile acontecesse da melhor forma possível. “A participação da iniciativa privada ainda é muito pouca e, se não fosse o crédito que temos junto aos fornecedores e o trabalho voluntário em peso da comunidade, o carnaval não sairia. Na ala das passistas, 40 delas eram voluntárias, trabalhando pelo prazer de desfilar.

Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia
Claro que não podemos deixar de valorizar os empresários que gostam do carnaval e são parceiros com prestação de serviço. Por exemplo, os guindastes que levam nossos carros pra avenida e os que colocam nossos destaques em cima das alegorias são fruto de parceria. A média de gasto deste ano deve variar entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão”, estima o presidente da MUG, Carlos Roberto dos Santos Ribeiro, o Robertinho. E mesmo que os investimentos privados ainda sejam poucos, o secretário Leonardo Krohling acredita que essa situação possa mudar daqui para a frente, principalmente pelo fato de a organização e a divulgação do evento ficarem a cargo da Lieses. “Quebramos uma grande barreira neste ano, até porque a Liga mostrou que pode fazer um carnaval excelente, claro que com todo o apoio e supervisão da prefeitura. Também é possível observar que as escolas mais organizadas conseguem captar recurso. Então, às vezes, o que falta ao carnaval e que nós estamos batalhando desde 2013 com a nossa criação dos cursos de capacitação nos camarotes do Sambão do Povo é a profissionalização do evento”, complementou.

Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia

Geração de emprego e renda

Terceiro lugar no Grupo Especial da folia capixaba, a Independente de Boa Vista, de Itaquari, Cariacica, empregou 105 pessoas, entre profissionais diretos e indiretos, que puderam aumentar a sua renda por conta do evento. A agremiação, que precisou reduzir o seu orçamento em 35% devido à crise econômica, apresentou o enredo “Festas e Folguedos: crenças, ritmos e sabores seculares do Espírito Santo”, em um desfile com a participação da atriz Viviane Araújo e da transex Thalita Zampirolli, que atraíram todos os olhares para a avenida.

“Fizemos um desfile com custo estimado em R$ 650 mil, e em seis meses de trabalho empregamos 80 pessoas diretas e 25 pessoas indiretas. Nossa maior dificuldade é atrair a iniciativa privada, pois as pessoas ainda não encaram o carnaval como um verdadeiro negócio que traz lucro, gera renda e trabalho e movimenta o turismo. Os desfiles não devem ser considerados apenas como uma grande festa”, defendeu Emerson Xumbrega, presidente e intérprete oficial da Boa Vista.

Opinião semelhante tem o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia Junior, o Juninho. “A Boa Vista emprega direta e indiretamente muitas pessoas. A cadeia produtiva que se forma no entorno promove geração de renda e emprego, além de movimentar a economia provocando pequenos e médios empreendedores, fornecedores de matéria-prima para os adereços e as alegorias. O desfile de carnaval é uma festa no Sambão do Povo, mas é muito mais do que isso durante o ano todo para a comunidade e a cidade”, afirmou. Juninho informou, ainda, os investimentos da prefeitura para que a representante no município desse um show na avenida. “Atendemos à solicitação de convênio da escola de samba com o repasse de R$ 175 mil.

Essa cifra foi parte da solicitação, com restrição de 30% do valor inicialmente requerido pela agremiação, devido a contingenciamento do orçamento municipal para o ano de 2016”, acrescenta. De acordo com a Secretaria de Turismo, Trabalho e Renda de Vitória, cerca de 3 mil trabalhadores temporários atuaram diretamente na produção dos desfiles, ajudando a preparar o espetáculo para o público.

Carnaval: um grande aliado para a movimentação da economia
“O impacto na geração de emprego é extremamente importante. Algumas pessoas chegam a incrementar a renda da família em até quatro salários mínimos. Para aperfeiçoar ainda mais a qualificação desses profissionais, estamos realizando diversos cursos desde 2013, como de eletricista, soldador, costureiro, aderecista e almoxarife Só em 2015, foram capacitadas 700 pessoas. Os cursos deste ano ainda estão sendo fechados com nossos parceiros, o Senac, o Sesc e o Senai, mas o intuito é que possamos fortalecer ainda mais a indústria criativa do carnaval”, disse Leonardo Krohling.

Confira a galeria de fotos do Carnaval de Vitória 2016 !

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