Escolas de samba superam desafios e encantam o público com criatividade, enredos marcantes e apresentações grandiosas
Por Jessica Coutinho
O Carnaval de Vitória de 2025 levou ao Sambão do Povo desfiles que misturaram tradição, emoção e homenagens culturais. As escolas enfrentaram desafios, mas entregaram espetáculos vibrantes, com enredos que exaltaram desde personalidades icônicas até manifestações culturais e religiosas.
A Boa Vista homenageou o fotógrafo Sebastião Salgado com o enredo “O olhar que revela a alma do mundo”. A escola explorou o trabalho do artista, conhecido por registrar a beleza e as mazelas da humanidade, e destacou sua ligação afetiva com Vitória. Sob a direção do carnavalesco Cahê Rodrigues, a agremiação desfilou com carros alegóricos imponentes e uma harmonia potente. “Tem chances de chegar ao título se não houver penalidades da Liga ou algum erro em frente à cabine de jurados”, avaliou o jornalista e comentarista de Carnaval Jace Theodoro.
A Mocidade Unida da Glória (MUG) levou à avenida o enredo “Salve Jorge! Ogum, o Guerreiro de Fé”, exaltando a força e a devoção ao santo sincretizado com o orixá. Com a assinatura do carnavalesco Peterson Alves, a escola apresentou fantasias detalhadas e um samba empolgante. “Uma visão original e bem própria sobre o santo e o orixá, com fantasias bem acabadas e bonitas, além do bom samba e a força da bateria”, destacou Jace Theodoro.
A Chegou o Que Faltava celebrou o bairro de Goiabeiras com o enredo “Manguezal: Berço, Cultura e Resistência”, mostrando a relação histórica da comunidade com o ecossistema. O carnavalesco Vanderson César trouxe um olhar criativo para a temática, destacando a importância do mangue e a cultura local. O canto empolgante do samba e a comissão de frente ousada foram pontos altos do desfile. “Prometia um bom Carnaval antes do desfile e cumpriu”, pontuou o comentarista.
A Unidos da Piedade levou para o Sambão a energia dos Ibejis com o enredo “Brincando no Terreiro Sagrado”, única homenagem 100% afro da noite. O carnavalesco Vitor Vasale desenvolveu uma narrativa que celebrou a infância sagrada na cultura afro-brasileira, com fantasias ricas em detalhes e carros alegóricos fiéis ao tema. “Tem sempre ao seu favor o ardor da plateia e apelo popular forte. Fez bonito”, avaliou Jace Theodoro.
O Novo Império relembrou a boemia capixaba com o enredo “Boêmios e Malandros: Uma Noite nos Bares de Vitória”, resgatando personagens icônicos das noites da capital. Já a Imperatriz do Forte destacou a cultura e a ancestralidade africana com o enredo “A Arte de Resistir”, enaltecendo expressões artísticas que atravessaram séculos. A Jucutuquara abriu os desfiles do Grupo Especial com “O Pulsar da Vida”, uma reflexão sobre os ciclos da existência e a conexão humana com a natureza.
Apesar de algumas dificuldades enfrentadas pelas últimas escolas, o esforço das agremiações foi evidente. “Agora resta esperar a abertura dos envelopes, porque opiniões antes dos jurados são só opiniões. Eles são os juízes do campeonato”, concluiu Jace Theodoro.