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quinta-feira, 28 março, 2024

Câncer Infantojuvenil, ainda faltam avanços

Enfrentamento a doença foi debatida em reunião online com autoridades do Estado e de Instituições ligadas ao combate a doença

Por Leulittanna Eller Inoch 

As dificuldades enfrentadas por pacientes oncológicos entre 5 e 19 anos na rede pública de saúde, como a falta de leitos e de profissionais especializados, foram discutidas em reunião da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Câncer Infantojuventil, nesta segunda-feira (23), data em que se celebra o dia nacional de combate à doença.

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O colegiado recebeu, em reunião transmitida pela TV Assembleia e pelo Youtube, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes de Medeiros Junior; o superintendente do Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul, Algemir Brunetto; o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), Claudio Galvão de Castro; o diretor-presidente da Acacci, Francisco Gava; o superintendente do Instituto Ronald Mc Donald, Francisco Neves; o oncopediatra Carlos Magno Bortolini, do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória, além de Glaucia Zouain e Thais Monteiro, também do Infantil.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a estimativa é que o país registre este ano 8.460 novos casos da doença. Desse montante, 130 estão previstos para ocorrer no Espírito Santo, que conta com oito Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacon) em todas as regiões do estado.

O Inca também afirma que o câncer infantojuvenil é a maior causa de mortalidade no país, na faixa etária de 5 a 19 anos. Segundo o instituto, os sintomas são muito parecidos com patologias normais em crianças e adolescentes e, por isso, são importantes as consultas constantes com pediatras, que são os profissionais indicados para detectar e tratar esses casos.

Formação profissional

O superintendente e membro fundador do Instituto do Câncer Infantil (ICI) do Rio Grande do Sul, Algemir Brunetto, afirmou que, para avançar no enfrentamento à doença, é necessário criar mais políticas públicas que contemplem a construção de centros de referência e o fomento do tema no programa de residência médica.

“Hoje, os residentes em medicina têm preparo para o paciente oncológico como um todo, mas não recebem um preparo específico para crianças e adolescentes com câncer”, explicou Brunetto.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), Claudio Galvão de Castro Junior, falta estrutura na rede pública de saúde para prevenção e tratamento do câncer infantojuvenil. Segundo ele, embora o número de casos seja menor do que os outros tipos de câncer, pacientes com esse tipo específico requerem tempo maior de internação:

“As crianças e adolescentes não estão sendo bem atendidos nos centros de saúde porque precisamos de políticas públicas que propiciem mais investimentos em estrutura. Para se ter uma ideia, o financiamento dos serviços de oncologia e hematologia do Serviço Único de Saúde (SUS) é pago pela atualização para procedimentos de alta complexidade, cujos valores estão desatualizados e defasados desde 2010”, afirmou o presidente da Sobope.

Galvão também criticou a falta de leitos para pacientes oncológicos em todo o país. “A falta desses leitos causa atraso ou a não realização de procedimentos, ocasionando mortes na lista de espera ou a realização de transplantes em pacientes em piores condições, diminuindo a efetividade”, relatou.

Casas de apoio

Uma das reivindicações dos convidados foi o amparo às casas de apoio. De acordo com o diretor-presidente da Associação Capixaba de Combate ao Câncer Infantil (Acacci), Francisco Gava, faltam investimentos e políticas públicas para essas instituições, que complementam o tratamento dos pacientes oncológicos infantis, ofertando todo tipo de suporte, como alimentação e deslocamento.

Segundo Gava, não há sucesso no tratamento sem uma casa de apoio. Conforme pontuou, essas instituições não recebem remuneração pelos serviços prestados aos doentes. Gava disse que o Estado não presta esse tipo de apoio às famílias e a atuação das casas faz com que as famílias dos pacientes não abandonem o tratamento:

“Se tirarmos as casas de apoio desse processo, teremos mais óbitos desses pacientes. Não adianta eu ter um hospital muito bom, com equipe excelente, se eu não dou condições de as famílias continuarem esses tratamentos. Algumas famílias não têm condição de pagar transporte para levar seus doentes para o hospital ou para se alimentar nesses casos. A casa de apoio oferta essa ajuda. Em 2019, a Acacci serviu em torno de 26 mil refeições a famílias hospedadas e acolhemos famílias que não ficam lá”, disse.

Para o superintendente do Instituto Ronald Mc Donald, Francisco Neves, há 22 anos o quadro de oncologia pediátrica já era muito sério e as casas de apoio conseguem potencializar os esforços das famílias que precisam tratar suas crianças.

“Hoje existem as casas de apoio, que são consideradas uma extensão do tratamento. As chances e cura aumentam muito quando você tem uma referência dessa”, disse.

Hospital Infantil

Segundo o oncopediatra do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória Carlos Magno Bortolini, a instituição investiu em infraestrutura para atender a pacientes oncológicos. Ele também criticou a falta de políticas para melhorar o atendimento neste setor, principalmente no que se refere à qualificada. “Precisamos de mais políticas públicas que aumentem a oferta de serviços a essas pessoas, com mais profissionais à disposição dos usuários”, disse.

“Os profissionais estão ansiosos por verem algo acontecer na oncologia pediátrica no estado. Montamos um plano de ação que abarca ações simples e as mais complexas em torno da oncologia pediátrica, com vistas à prevenção, ao diagnóstico e à sobrevida melhor, superior à de 59%, que é a realidade que temos hoje. Nosso objetivo é trabalhar com a experiência do paciente, capacitando nossos servidores para isso”, afirmou Thaís Monteiro, servidora do Hospital Infantil.

De acordo com Edna Vacari, representante da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a pasta está dialogando com os envolvidos acerca de melhorias para o atendimento desses pacientes. “A capacitação dos funcionários é nossa prioridade. Precisamos juntar forças com a atenção primária à saúde”, disse.

Para o presidente da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Câncer Infantojuvenil, deputado Doutor Hércules (MDB), é necessário investir em estrutura dos centros de atendimento e qualificar os profissionais da saúde para o atendimento aos pacientes.

“Vamos conversar com a Sesa sobre o fortalecimento das Unacons e enviar ofício às faculdades de medicina sobre a necessidade de capacitar os residentes nesse sentido. Além disso, precisamos fazer mais campanhas para melhorar a estrutura de atendimento a essas crianças e adolescentes”, afirmou o parlamentar.

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