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terça-feira, 15 DE outubro DE 2024

“Caminhos do Campo” promove o agroturismo capixaba

Um exemplo é a passagem do “Caminhos do Campo” na região do Caparaó e em Domingos Martins, que potencializou o turismo em Pedra Menina e Pedra Azul

Por Kikina Sessa e Ludmila Azevedo

A relevância do Caminhos do Campo não se restringe apenas à agricultura. Quando se instala uma pavimentação em uma via rural, induz-se novos negócios no campo. E foi assim com o agroturismo e o artesanato, ocupando mão de obra de homens, mulheres, jovens e idosos. A facilidade de acesso é o segredo que proporciona dinamismo à economia local.

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Um dos exemplos é a região do Caparaó. Por meio do programa Caminhos do Campo, a estrada que liga Pedra Menina até Forquilha do Rio Pardo foi pavimentada e hoje a região está repleta de pousadas e de produtores de cafés especiais.

“O revestimento primário em vias rurais garante a melhoria da trafegabilidade, o que é fundamental para a mobilidade das pessoas, o transporte de produtos agrícolas, o acesso à saúde e à educação, além de induzir a novos negócios e atividades no campo, como agroturismo e agroindústria artesanal, gerando mais emprego e renda para as famílias rurais”, avalia o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.

Reforço com produto inovador

Dois anos após o Caminhos do Campo ser lançado, o desenvolvimento por uma grande indústria siderúrgica capixaba de um produto inédito deu origem a um novo programa, com o objetivo de ampliar o trabalho de melhoria de trafegabilidade nas estradas rurais do Espírito Santo: trata-se do Novos Caminhos, que utiliza o Revsol na pavimentação das vias.

A ES-164 na região de São João do Crubixá, em Alfredo Chaves, recebeu Revsol no ano passado - Foto: Divulgação / Prefeitura de Alfredo Chaves
A ES-164 na região de São João do Crubixá, em Alfredo Chaves, recebeu Revsol no ano passado – Foto: Divulgação / Prefeitura de Alfredo Chaves

O Revsol é um coproduto do aço. Além das vantagens financeiras e técnicas diante dos agregados naturais, como desgaste reduzido, capacidade de concrecionamento na presença de água e melhor rendimento e durabilidade por quilômetro aplicado, o coproduto resultante da fabricação do aço possibilita substituir recursos naturais e minimizar o carreamento de sólidos para o curso dos rios, evitando tanto o assoreamento dos corpos hídricos quanto a geração de poeira nas vias.

A iniciativa é da ArcelorMittal Tubarão, em parceria com o Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e das prefeituras.

O Programa Novos Caminhos foi criado em 2006 e, desde então, já foram doadas mais de cinco milhões de toneladas de Revsol aplicadas em cerca de 2.000 km de estradas de 68 municípios capixabas.

O repasse de Revsol para revestimento de estradas rurais bateu recorde no estado em 2023, quando 1,24 milhão de toneladas do material foram doadas para revestimento primário de 865 vias municipais espalhadas por 49 municípios capixabas. Em 2022, essa quantidade foi de 1,1 milhão de toneladas de Revsol.

O Novos Caminhos tomou uma dimensão tão grande “que ele caminha sozinho”: hoje, as próprias comunidades já entram em contato com as prefeituras, solicitando a aplicação do Revsol.

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Melhor acesso a serviços essenciais

Em Alfredo Chaves, cerca de 300 km já foram restaurados desde o início do projeto, segundo o secretário municipal de Agricultura, Leandro Benicá Sartori. “Com esse apoio do governo do estado para as estradas rurais, houve um grande avanço para o escoamento de produções agrícolas no município. Vimos também a melhoria das vias por onde os moradores transitam, o transporte escolar passando sem dificuldades em grande parte das nossas localidades rurais e as comunidades conseguindo ter um acesso muito melhor ao atendimento médico, às equipes de saúde e aos veículos de emergência”, disse o secretário. Sartori esclarece que as demandas chegam nas secretarias e até mesmo no próprio gabinete do prefeito, e as regiões mais críticas são priorizadas para a aplicação do material nas estradas.

Domingos Martins é outro município que tem sido amplamente beneficiado.
A Secretaria de Obras informou que mais de 30 localidades foram atendidas com o programa. “Temos, por exemplo, o trecho que compreende a localidade de Ponto Alto a Tijuco Preto, a localidade de São Miguel, São Paulinho de Aracê, a localidade do Galo até a divisa com Santa Leopoldina e a Rota do Lagarto em Pedra Azul, entre outras”, afirmou o secretário de Obras de Domingos Martins, Guilherme Helker.

Entre as principais melhorias para o município, o secretário destaca a trafegabilidade em estradas onde antes, quando chovia, não era possível passar com os veículos. “Localidades de grande potencial turístico tiveram seu acesso facilitado, beneficiando os donos das propriedades rurais. Moradores e visitantes também passam a circular com mais tranquilidade e segurança nas viagens de carro”, completou Helker.

“Caminhos do Campo é um caso de sucesso. Eu tenho orgulho de ter participado da concepção dele enquanto técnico da Secretaria da Agricultura, em 2003. Nós pegamos exemplos da França e da Itália, de pequenos pavimentos, com custo baixo, que atendessem ao fluxo. Também existiam exemplos aqui no Estado de uma rodovia pavimentada em Castelo e outra em Venda Nova do Imigrante. Com esses exemplos construímos o programa. O então secretário da Agricultura, Ricardo Ferraço, aprovou e começamos a fazer os primeiros trechos. Hoje são 1.200 quilômetros dessas rodovias pavimentadas que favoreceram a produção de café de qualidade, o dinamismo econômico, o agroturismo e a agroindústria” - Enio Bergoli, atual secretário de Estado da Agricultura. Bergoli disse que uma das coisas que o motivou a assumir novamente a pasta da Agricultura foi poder conduzir o programa. Ele foi secretário de 2009 a 2014
“Caminhos do Campo é um caso de sucesso. Eu tenho orgulho de ter participado da concepção dele enquanto técnico da Secretaria da Agricultura, em 2003. Nós pegamos exemplos da França e da Itália, de pequenos pavimentos, com custo baixo, que atendessem ao fluxo. Também existiam exemplos aqui no Estado de uma rodovia pavimentada em Castelo e outra em Venda Nova do Imigrante. Com esses exemplos construímos o programa. O então secretário da Agricultura, Ricardo Ferraço, aprovou e começamos a fazer os primeiros trechos. Hoje são 1.200 quilômetros dessas rodovias pavimentadas que favoreceram a produção de café de qualidade, o dinamismo econômico, o agroturismo e a agroindústria” – Enio Bergoli, atual secretário de Estado da Agricultura. Bergoli disse que uma das coisas que o motivou a assumir novamente a pasta da Agricultura foi poder conduzir o programa. Ele foi secretário de 2009 a 2014

A região de Aracê, em Pedra Azul (Domingos Martins), foi contemplada no ano passado com as obras de pavimentação, que foram concluídas no início de 2024. De acordo com a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Aracê, Claudina Maria Christ, muitos alunos deixavam de frequentar as aulas em períodos de chuva, por não conseguirem acessar a estrada, que ficava cheia de barro. O transporte escolar não passava, se não era atolamento na certa.

“Agora, os trajetos mais críticos, especialmente os morros, têm a pavimentação. A frequência das crianças aumentou, tem sido bastante positivo”, comentou a diretora.

Ela disse ainda que as obras na estrada foram importantes para o meio ambiente, já que o barro das estradas acabava sendo levado para o córrego local. “Também melhorou a questão do assoreamento do córrego, porque já não é necessário passar com a máquina levando a terra para os córregos”, relatou Claudina.

É nessa região de Aracê que fica a Rota do Carmo, conhecida pelo grande número de propriedades rurais agrícolas e estabelecimentos turísticos como restaurantes, cafés e pousadas. As obras aconteceram no trecho que liga a BR-262, a partir do km 90, à ES-165.

De acordo com a Seag, foram 9 km de reparos, facilitando o tráfego de veículos, a visitação de turistas e o escoamento da produção agrícola. O governo do Estado pavimentou o trecho com blocos intertravados, num investimento de R$ 13 milhões.

*Matéria publicada originalmente na revista ES Brasil 223, de setembro de 2024. Leia a edição completa sobre o Agronegócio capixaba aqui.

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