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quinta-feira, 18 abril, 2024

Bruxismo: sintomas, diagnóstico e possibilidades de tratamento

Comportamento inconsciente, o bruxismo consiste no ranger de dentes e dores faciais podem ser sintomas desse problema

Por Gustavo Costa (Atualizado por Priscillla Cerqueira)

Um hábito que leva o paciente a ranger os dentes de forma rítmica durante sono ou mesmo ao dia. Conhecido como bruxismo (ou briquismo), esse comportamento se manifesta em muitas pessoas de maneira inconsciente. Normalmente, o problema é apontado por familiares, que ouvem o ranger dos dentes do paciente enquanto ele dorme.

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Pode ainda ser notado por meio de um exame de rotina no dentista, sendo observado um desgaste característico nos dentes. Mas o diagnóstico mais fiel do bruxismo é obtido pelo registro do sono, a polissonografia.

De acordo com a dentista Maria Tereza Scárdua (CRO 2106), é preciso dividir o bruxismo de acordo com sua classificação atual: secundário e primário. “O bruxismo secundário é aquele que se inicia ou piora diante de algum fator. Hoje se sabe que o bruxismo pode ser secundário sob algumas condições, como refluxo gastroesofágico; distúrbios respiratórios do sono, como apneia obstrutiva; tabaco; álcool; ou, ainda, o mais comum no dia a dia do consultório, o uso de medicamentos, ou seja, o efeito colateral do uso de algumas medicações ou do consumo de drogas ilícitas, como cocaína e crack.

Já o bruxismo do sono primário, o mais comum, não tem uma causa definida. As hipóteses que buscam explicar por que ocorre concentram-se hoje na análise de alguns temas, como o estresse e a ansiedade, predisposição hereditária, e, ainda, o fator genético”, falou ela.

Mesmo uma pessoa acordada pode sofrer do chamado bruxismo em vigília. “Este é caracterizado pelo apertamento dos dentes quando estamos acordados e ocorre em aproximadamente 20% da população. Parece estar mais associado ao estresse, à ansiedade e também a atividades que exigem concentração, como o uso de computador ou de videogame, o trabalho, o estudo, alguns exercícios físicos e até atividade manuais, como tricô e crochê”, pontuou Scárdua.

Podendo ser observado em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, o bruxismo tende a diminuir com a progressão da idade, disse o dentista Marcelo Magnago.

Segundo o especialista, o hábito pode acarretar uma série de transtornos ao pacientes. “O desgaste de dentes é o sinal mais aparente. Entretanto, podemos enfatizar outros, como fadiga, dores de cabeça, pescoço, ouvidos, dor na articulação temporomandibular, além de estalos e travamento do movimento de abertura da boca”. O desgaste causado pelo bruxismo pode ocasionar inclusive quebras de restaurações, perda de implantes dentários e hipertrofia de músculos da mastigação.

Tratamento

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“Uso a plaquinha, que não deixa eu ranger os dentes. Assim, não os desgasto mais, meu sono melhorou também e não há dor na mandíbula – Yasmin Siqueira Cestari Santos, estudante

O bruxismo não tem cura, mas pode ser controlado. Segundo Maria Tereza Scárdua, o tratamento depende do tipo de hábito diagnosticado. “Para o bruxismo secundário, é importante direcionar o tratamento inicialmente para os fatores que elevam o número de eventos de bruxismo ou o aumentam. Em crianças, por exemplo, o bruxismo pode ser acentuado pelos problemas respiratórios comuns à idade”, destacou. Segundo ela, um dispositivo intraoral (placa oclusal) é o procedimento reconhecido para proteção dos dentes, das articulações e dos músculos.

O controle passa também pela qualidade do sono. “É fundamental no tratamento, e instruções sobre higiene do sono devem ser repassadas. Além disso, se, durante o exame, o paciente apresentar sinais e sintomas de outros distúrbios do sono, ele deve ser encaminhado a um médico especialista do sono para avaliação, diagnóstico e tratamento”, esclareceu a dentista.

Já o tratamento para o bruxismo em vigília deve ser direcionado para alertar o paciente, tornando-o consciente desse hábito. “O uso de adesivos posicionados em lugares por onde o paciente circula pode ajudá-lo a evitar de encostar e apertar os dentes”, sugeriu ela.

Diagnóstico precoce é essencial

A celeridade em se obter o diagnóstico é de suma importância para o tratamento eficaz do bruxismo, frisou Marcelo Magnago. “Diagnóstico precoce é fundamental para que se possa estabelecer um tratamento multidisciplinar e, assim, oferecer ao paciente promoção de saúde e bem-estar individual”, disse. Ele lembra que os dentistas são os profissionais indicados para identificar o problema, mas o seu tratamento pode exigir a atuação de uma equipe formada ainda por um fonoaudiólogo, médico, psicólogo e fisioterapeuta.
“Um passo importante é diminuir a tensão psicológica, através da prática de esportes, exercícios de relaxamento, acupuntura e do uso de florais de Bach”, pontuou.

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“Diagnóstico precoce é fundamental para que se possa estabelecer um tratamento multidisciplinar e assim poder oferecer ao paciente promoção de saúde e bem-estar individual” – Marcelo Magnago, dentista – CRO 6346

O diagnóstico precoce teria sido de grande importância para a estudante de Arqueologia Yasmin Siqueira Cestari Santos, que só identificou o bruxismo em uma consulta de urgência ao dentista.

“Tive um desgaste nos dentes e, devido ao fato de bruxismo não ter sido identificado antes pela minha antiga dentista, tive um travamento de mandíbula. Como não consegui um horário com ela, precisei buscar outro profissional às pressas, e este diagnosticou o bruxismo e passou a me tratar”, contou. Segundo Yasmin, a mandíbula travada a impedia inclusive de se alimentar.

“Fiquei uma semana sem conseguir comer”, lembra. Atualmente com 20 anos, a estudante conta que a partir do diagnóstico tudo ficou mais fácil. “Uso a plaquinha, que não me deixa ranger os dentes. Assim, não os desgasto mais, meu sono melhorou também e não sinto mais dor na mandíbula”, enfatizou.

A assistente social Claudia Simões Lakatos Oliveira também relata o quanto a demora no tratamento afetou sua saúde. “Os dentistas faziam comentários, mas não tomavam providências. Há dois anos, surgiu um problema dentário sério”, relatou.

De acordo com ela, após passar por alguns profissionais, finalmente encontrou um dentista que identificou que uma das causas do problema era o bruxismo. “Foi feito o tratamento devido e hoje uso um placa própria para dormir, evitando, assim, ranger os dentes. Além da deformação que causou na época, o meu companheiro me acordava de madrugada, preocupado com o barulho do ranger dos meus dentes e a tensão que eu sentia.

“Era uma situação muito desagradável. Hoje estou melhor assistida, mas carrego as consequências devido à demora no tratamento. No momento, estou passando por dores no maxilar, retornando ao tratamento”, frisou ela.

Um hábito que não pode ser negligenciado, o bruxismo pode ter seus efeitos minimizados, garantindo mais qualidade de vida. Ao paciente, é recomendado fazer visitas regulares ao dentista e ficar atento a dores no maxilar e alerta sobre ruídos de ranger de dentes. Quanto antes descoberto e tratado, melhor.

Comum na infância

A prevalência de bruxismo é comum durante a infância, variando entre 14% e 38%. Já nos adultos a prevalência gira em torno de 8% da população, sem distinção de sexo, e tende a diminuir na terceira idade, com um percentual de cerca de 3%.
Fonte: Maria Tereza Scárdua, dentista.

Esta matéria foi publicada originalmente na Revista SAMP (c) copyrtight Next editorial, de julho de 2013 (Priscilla Cerqueira -2021). As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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