Recordes no número de mortes diárias têm sido superados há mais de uma semana, alcançando a marca de 1.910 óbitos nessa quarta-feira (3)
Por Mike Figueiredo
O Brasil registou, nos últimos dias, números recordes de mortos por Covid-19 em 24 horas e da média móvel de mortes, que considera as estatísticas da semana. Nessa quarta-feira (3), foram contabilizados 1.910 óbitos. A marca superou o recorde até então, registrado um dia antes, na terça-feira (2), que foi de 1.726 vidas perdidas para o novo Coronavírus.
A média móvel de mortes também vem alcançando as estatísticas mais expressivas. Desde a quarta-feira (24) da última semana, somente o dia 26 de fevereiro não foi de recorde nesse indicador. A média passou de 1.129 mortes, no dia 24, para 1.331 ontem.
Pesquisadores e instituições científicas têm chamado a atenção para o avanço descontrolado da pandemia, que já causa situação de caos no sistema de saúde de vários estados brasileiros.
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A Fundação Oswaldo Cruz divulgou nota, nessa quarta (24), alertando para o momento delicado pelo qual estamos passando. “Pela primeira vez, desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos, de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave], alta positividade de testes e a
sobrecarga de hospitais”, informa o boletim.
De acordo com o documento, os estados da região Sudeste estão na zona intermediária de alerta e todos eles apresentaram crescimento dos indicadores de ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19. O aumento mais acentuado foi em Minas Gerais (70% para 75%), seguido do Espírito Santo (68% para 76%) e de São Paulo (69% para 74%). O Rio de Janeiro é, hoje, o que apresenta menor ocupação de leitos na região (61 para 63%).
Alerta de especialistas
O médico e pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis declarou, em seu perfil no Twitter, que são necessárias medidas urgentes e enérgicas. “Ou o Brasil se tranca por pelo menos 3 semanas e amplia o número de vacinados de forma radical, ou nos transformaremos na maior catástrofe sanitária mundial do século XXI em poucos meses”, publicou.
Nicolelis recebeu reconhecimento internacional durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Na ocasião, ele e sua equipe fizeram a demonstração pública do exoesqueleto controlado pelo cérebro de um paciente paraplégico. A pesquisa dele busca a integração do cérebro humano com neuropróteses e interfaces cérebro-máquina.
Esta semana a também cientista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, declarou à BBC Brasil que o mês de março tende a ser o pior desde que o primeiro caso de infecção por Covid-19 no País. “Isso é resultado do Carnaval e do descompasso entre o que nós, cientistas, dizemos, e o que as autoridades afirmam”, considerou.
A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e epidemiologista, Ethel Maciel, declarou esta semana, em seu Twitter, que esta é a “maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Ou agimos agora, ou não daremos conta de contar os mortos. As mortes por Covid-19 caem 6% em todo o mundo e aumentam 11% no Brasil, diz OMS”.
Com informações da Fiocruz.