Após 27 anos, Brasil assume posição contrária a Cuba na ONU e vota contra resolução que condena embargo ao país
Brasil, Israel e os Estados Unidos votaram contra a resolução que condena o embargo de Cuba na Organização das Nações Unidas (ONU). A resolução foi votada na última quinta-feira (07), na plenária da Assembleia-Geral da entidade.
A resolução foi aprovada com a grande maioria dos votos: 187. Além disso, 3 votos foram contra, e 2 abstenções. No entanto, Colômbia e Ucrânia se abstiveram.
Durante a votação, o Brasil foi contra a resolução que condena e pede o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, e alterou a posição diplomática adotada desde 1992. Já nesse ano foi a primeira vez que votou pela condenação ao embargo.
De acordo com o G1, a mudança da posição brasileira segue o princípio de alinhamento do governo de Jair Bolsonaro com o do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
ERNESTO ARAÚJO
Nas mídias sociais, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que “o Brasil votou a favor da verdade” e que “nada nos solidariza com Cuba”.
“O regime cubano, desde sua famigerada revolução 60 anos atrás, destruiu a liberdade de seu próprio povo, executou milhares de pessoas, criou um sistema econômico de miséria e, não satisfeito, tentou exportar essa ‘revolução’ para toda a América Latina”, escreveu na postagem.
Araújo também afirmou que Cuba é hoje o principal esteio do regime Maduro na Venezuela, o pior sistema ditatorial da história do continente. “Desse modo, Cuba está por trás da opressão aos venezuelanos, da catástrofe humanitária, da tortura, da migração forçada de 1/6 da população do país”, acrescentou.
7/Cuba é hoje o principal esteio do regime Maduro na Venezuela, o pior sistema ditatorial da história do continente. Desse modo, Cuba está por trás da opressão aos venezuelanos, da catástrofe humanitária, da tortura, da migração forçada de 1/6 da população do país.
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) November 7, 2019
EMBARGO ECONÔMICO
A resolução condenando o embargo é apresentada pela Assembléia-Geral desde 1992. Em 2018, foi aprovada por 189 países, com votos contrários apenas dos Estados Unidos e Israel e sem os votos de Moldávia e Ucrânia.
Bolsonaro tem criticado a política anterior do Brasil em relação a Cuba e disse que iria investigar empréstimos do país à ilha. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, o presidente brasileiro afirmou que um plano de Fidel Castro, Hugo Chávez e Lula para estabelecer o socialismo na América Latina está vivo e precisa ser combatido.
O embargo que os EUA mantêm contra Cuba impede a maioria das trocas comerciais. Por meio de duas leis, uma de 1992 e outra de 1996, Washington proíbe envio de alimentos ao país caribenho (exceto em caso de ajuda humanitária) e torna passível de punição judicial empresas nacionais e estrangeiras que tenham relações financeiras com a ilha.
De forma mais ampla, o embargo econômico norte-americano a Cuba existe desde 1962. As primeiras medidas começaram antes mesmo, em 1960 – Um ano após Fidel Castro tomar o poder.
O embargo é renovado anualmente por meio da Lei de Comércio com o Inimigo, de 1917. Ela deu origem, em 1963 ao embargo contra a ilha comunista, conhecido oficialmente como “Regulação de Controle de Bens Cubanos”.
O governo de Barack Obama (2009-2017) chegou a relatar relações com Cuba e, em votação histórica, os EUA se abstiveram na sessão na ONU sobre condenação ao embargo. No mandato de Trump, porém, as sansões ao país comunista foram ampliadas.
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