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quinta-feira, 28 março, 2024

“Bolsonaro e a opinião pública”

“Bolsonaro e a opinião pública”
Foto: Marcos Corrêa/ PR

Bolsonaro segue em desvantagem na disputa, muito por conta das idas e vindas de seu governo, em especial o ministério da Saúde

Por André César 

De certo modo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem motivos para comemorar nesse final de ano. Nem mesmo as notícias ruins para ele e seu governo, como o avanço da Covid em todo o país, as incertezas na economia e as permanentes denúncias contra seu entorno abalaram a imagem do titular do Planalto. Os números da mais recente pesquisa XP/Ipespe mostram isso.

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De acordo com o levantamento, realizado entre 7 e 9 de dezembro, o quadro geral é de estabilidade. A avaliação “ótimo” e “bom” do governo oscilou positivamente em um ponto percentual, passando de 37% para 38%. O “ruim” e “péssimo” também oscilou um ponto, de 34% para 35%. Para o Planalto, um cenário positivo – afinal, quanto menos marola, melhor.

A expectativa para o restante da atual administração segue a mesma linha. Para 40% dos brasileiros, o governo será “ótimo”
ou “bom” (37% em novembro), enquanto 33% acreditam que será “ruim” ou “péssimo” (35% no último mês). Aqui deve ser levado em conta o “efeito Natal”, quando as pessoas, mesmo inconscientemente, projetam mudanças positivas para o ano que se iniciará.

Os governadores, muitos deles em guerra com o presidente por conta da vacinação contra a Covid, também receberam boa notícia. A avaliação positiva passou de 32% para 36%, enquanto a negativa foi de 28% para 26%. Os números podem servir de estímulo extra para chefes do Executivo estadual, como o paulista João Dória (PSDB), a seguirem no ataque contra Bolsonaro.

Já o Congresso Nacional é avaliado de maneira negativa pela população. Para 41% dos entrevistados, ele tem atuação “ruim” ou “péssimo” (36% no mês anterior), enquanto apenas 11% avaliam como “ótimo” ou “bom” (12% em novembro). Outros 42% consideram “regular” o trabalho dos parlamentares, ante 47% na última pesquisa. Importante ressaltar que, historicamente, o Congresso apresenta índices elevados de rejeição pela população, e não somente no Brasil. Trata-se de fenômeno global.

A possível segunda onda da Covid se faz sentir ainda de maneira tênue na população. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados têm “muito medo” (37% em novembro), enquanto 22% “não têm medo” (24% em novembro). Dado o avanço esperado da doença para muito breve, esses números poderão sofrer alterações significativas já no próximo levantamento.

Aqui temos um dado bastante interessante. A atuação do presidente no combate à pandemia é reprovada por 48% da população, enquanto a reprovação aos governadores nesse quesito é de 27%. Bolsonaro segue em desvantagem na disputa, muito por conta das idas e vindas de seu governo, em especial o ministério da Saúde.

Por último, em um exercício bastante antecipado, o instituto perguntou sobre a sucessão presidencial. No levantamento espontâneo, Bolsonaro aparece com 24% das intenções de voto, contra 6% de Lula e 3% de Ciro Gomes. Outros 54% não responderam, o que indica que as eleições de 2022 ainda estão distantes da realidade do eleitorado.

No levantamento estimulado, nova vantagem expressiva de Bolsonaro. Ele receberia 29% dos votos, contra 12% de Fernando Haddad, 11% de Sérgio Moro e 9% de Ciro Gomes. A explicação para o desempenho do atual presidente é simples – ele tem maior exposição em função do cargo que ocupa e é o único até agora a assumir a condição de pré-candidato.

Enfim, a pesquisa /Ipespe não traz grandes novidades. O presidente e seus aliados podem comemorar os números, mas a atual estabilidade do cenário pode ser traiçoeira. Tudo dependerá de como o Planalto abordará a crise da Covid nos próximos meses.

André Pereira César é Cientista Político e sócio da Hold Assessoria Legislativa

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