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sábado, 20 abril, 2024

Boletim Focus: Novo aumento nas projeções da inflação e taxa de juros

Tales Lins Costa, membro do Corecon-ES, acredita que as projeções continuarão crescendo até o início de 2023

Por Amanda Amaral 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, deve fechar 2022 em 5,50%. É a quinta vez que o mercado projeta a alta do indicador este ano, sendo que há quatro semanas atrás a previsão era de 5,09%. As informações são do último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) na segunda-feira (14).

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“Temos uma situação internacional de possível conflito, países com problemas energéticos. São situações no exterior que geram dúvidas sobre como o mercado internacional vai reagir no Brasil. Além disso, estamos em um ano eleitoral e  temos políticos voltados para o populismo no país. Isso gera dúvida com relação as contas públicas e os gastos governamentais, que podem ficar mais descontrolados. Por isso, o Banco Central tem aumentando a taxa de juros, para tentar frear a inflação”, explicou o cientista de dados, Tales Lins Costa.

Futuro das Projeções

O futuro das projeções, segundo o especialista econômico, está ligado ao futuro político do Brasil. “No ano seguinte, vamos saber como será o controle de gastos, se vai haver reversão do teto de gastos, que foi praticamente aniquilado nos últimos tempos, se o governo vai ter credibilidade para implementar uma política monetária séria. Todas essas dúvidas têm puxado o crescimento das projeções da inflação hoje, pois é um cenário em que você tem incertezas”, comentou ele, que também é membro do Conselho Regional de Economia no Espírito Santo e mestrando em Economia pela Universidade de Brasília (UNB).

Apesar de também estar aumentando desde o início do ano, para 2023 a projeção da inflação é menor, 3,50%. O mesmo ocorre com o ano de 2024, com a inflação prevista a 3,04%.

“O ano que vem será um ano decisório com relação às políticas públicas adotadas aqui, o que vai depender da base econômica do próximo presidente. Mas as expectativas já são mais ponderadas, pois a gente imagina que já teremos passado pelo pior com relação a essas incertezas. Contudo, em 2023, ainda estaremos nos recuperando da crise. Vale lembrar que a última variante da Covid-19, a Ômicron, provocou um reajuste de expectativas e postergou nossa recuperação, dificultando a retomada da economia. Além disso, houve políticas de distribuição de renda para suprir essa necessidade”, pontuou Lins Costa.

Produto Interno Bruto 

Na projeção desta semana, o Focus manteve previsão do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, registrada há sete dias. A projeção é de 0,30% em 2022. Há quatro semanas, o mercado previa um crescimento da economia brasileira de 0,29%.

O boletim registra ainda, pela quarta semana, uma diminuição na expectativa de crescimento do PIB para 2023, passando de 1,53% na semana passada para 1,50%. Para 2024, a projeção se manteve estável, ficando em 2%.

Taxa de juros

O mercado elevou a previsão para a taxa básica de juros, a Selic, neste ano. A última projeção divulgada era de 12,25%, ante os 11,75% ao ano projetados na semana passada.

No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa de juros de 9,25% para 10,75% ao ano. Em comunicado, indicou que continuará a elevar os juros básicos até que a inflação esteja controlada no médio prazo.

“O que o Banco Central está fazendo é controlar a taxa de juros. Só que isso tem atrapalhado o crescimento econômico e as projeções de longo prazo. Essa medida impacta vários indicadores que influenciam no crescimento. Além disso, ainda temos a influência do mercado internacional”, ponderou o especialista.

Redução da Taxa

Para o fim de 2023, a estimativa do mercado é que a taxa básica caia para 8% ao ano. E para 2024, a previsão é de Selic em 7,25% ao ano, ante os 7% da projeção da semana anterior.

Boletim Focus: Novo aumento nas projeções da inflação e taxa de juros
Para 2023, as expectativas são mais ponderadas, segundo Lins Costa. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

“A inflação é algo que nos preocupa muito em razão do que já vivemos. Brasileiro tem medo da inflação. O meu temor é o que aconteceu em 2014, quando há controle demais dos preços. É o que está acontecendo agora com os combustíveis, por exemplo. Isso pode ser um benefício, mas que também pode implica em consequências lá na frente”, disse Lins Costa.

Queda do Dólar

A expectativa do mercado para a cotação do dólar em 2022 caiu, ficando em R$ 5,58, ante os R$ 5,60 projetado na semana passada. Para o próximo ano, a previsão do mercado também diminuiu, passando de R$ 5,50 para R$ 5,45.

“A queda do dólar é uma faca de dois gumes. Tem a valorização do real, mas uma desvalorização da própria moeda americana. Os Estados Unidos da América tiveram uma alta na inflação, consequência de medidas em razão da pandemia. Mas isso pode impactar o Brasil se houver um reajuste nos preços fixados em dólar”, afirmou o cientista de dados.

Para 2024, após um período de estabilidade, a estimativa para a cotação da moeda americana diminuiu ligeiramente pela segunda semana seguida, passando dos R$ 5,39 projetados na semana passada, para R$ 5,32.

Com informações da Agência Brasil

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