20.4 C
Vitória
sábado, 17 DE maio DE 2025

“Banco Central não está fazendo e não pode fazer tudo para controlar inflação”, diz economista

Economista Vaner Corrêa fala sobre a previsão da inflação para este ano, que foi atualizada para 7,11%, segundo Boletim Focus do Banco Central

por Samantha Dias

O Banco Central divulgou o Boletim Focus nessa segunda-feira (23) e, pela 20ª vez, a previsão do mercado financeiro é de aumento da inflação – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A previsão para 2021 subiu de 7,05% e chegou a 7,11%.

O economista do Conselho Regional de Economia (Corecon) Vaner Corrêa fala sobre as possíveis causas dessa inflação alta e como o Banco Central poderia controlar esse aumento. Mas, segundo Corrêa, o remédio para o controle atrapalharia a retomada econômica.

1 – Como explicar essa previsão de inflação de mais de 7%?

A pandemia, que começou no Brasil em março do ano passado, e o aumento do dólar foram os dois elementos que criaram o desequilíbrio nas curvas de oferta e demanda e, com isso, produziram a inflação. O dólar estava subindo, ao mesmo tempo a pandemia deu uma comprimida na economia, não permitindo que a gente produzisse. A moeda brasileira depreciada favoreceu a exportação, nós exportamos mais, começou a faltar produto e os preços ficaram alto, como a gente viu com o arroz e a carne. As relações entre oferta e procura foram se contaminando.

2 – Na sua avaliação, o Banco Central está fazendo tudo que pode para controlar a inflação?

Nossa economia já começou a reagir e o Banco Central está temeroso de aumentar a taxa Selic (que é um dos remédios para conter a inflação) e enxugar o crédito da economia, porque aumentando a taxa de juros ninguém quer buscar dinheiro, o consumo cai, a demanda cai. O Banco Central não está fazendo e não pode fazer tudo porque a economia está se recuperando. Não pode aumentar muito a Selic, tem que aumentar devagarinho.

3 – Qual a expectativa do mercado?

Este ano vamos sofrer ainda um pouco, não teremos trégua no segundo semestre como a gente achou que ia ter. Hoje estamos numa situação precária, algumas reformas já foram pra campo, a reforma previdenciária, alguma coisa da reforma celetista, mas nós precisamos fazer reforma maior, uma reforma estrutural. A pandemia deixou bem claro o problema estrutural da nossa economia, do setor privado, do setor público que não faz as entregas para a sociedade e tem aumento dos gastos, com a pandemia gastou ainda mais.

Nós temos um ambiente político conturbado e ninguém senta pra conversar, o povo está aí no meio sofrendo, a inflação em alta, dificilmente vai ter situação de melhora para a população. O vetor da politica é muito forte, tem também desequilíbrio entre os poderes, e lamentavelmente esse ministro da economia é o pior quadro escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro. Esse cara está na inércia, há muito tempo deveria ter tomado providências e não tomou.

4 – O que fazer diante da inflação tão alta?

Para o consumidor é gastar sola de sapato, para governo federal é hora de colocar os fiscais na rua para ajudar a população.

Receba notícias no seu WhatsApp

Receba as novidades no seu e-mail

Acompanhe nosso canal no Google news

Matérias relacionadas

Continua após a publicidade

EDIÇÃO DIGITAL

Edição 226

RÁDIO ES BRASIL

Continua após publicidade

Vida Capixaba

Política e ECONOMIA