A produção de ovos teve uma redução de 24% no volume produzido entre 2020 e 2022
Por Gustavo Costa
Uma potência nacional, a avicultura de postura comercial no Espírito Santo alcançou importantes números em 2024. A produção de ovos no Estado vem se recuperando após uma redução de 24% no volume produzido entre 2020 e 2022. Em 2023, o Espírito Santo produziu 4,6 bilhões de ovos e, entre janeiro e agosto deste ano, registrou um crescimento de 5,5%. Atualmente, a produção gira em torno de 14,5 milhões de ovos por dia, indicando que, em 2024, o volume pode ser cerca de 10% maior que o do ano passado.
Já na área de aves para abate, os volumes nesta década têm oscilado entre 11 mil e 12 mil toneladas mensais, com exportações para Europa, Ásia e América. Observou-se uma redução de 6% entre 2022 e 2023, tendência que deve se manter em 2024. Apesar de o setor apresentar capacidade ociosa, enfrenta dificuldades de crescimento devido aos altos custos e à concorrência desleal com outros estados, beneficiados por vantagens tributárias que não se aplicam à produção local.
Para Nélio Hand, diretor executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), 2024 tem sido um ano relativamente estável para a avicultura, especialmente após o período crítico de custos exorbitantes vivenciado no início dos anos 2020, que resultou em prejuízos sem precedentes. “Outro aspecto que pode-se mencionar, relacionando ao ano de 2023, é a menor intensidade de incidência da influenza aviária, o que traz certo alívio ao setor, embora não possa gerar acomodação quanto às ações que precisam ser constantes para proteger os plantéis avícolas”, falou.
Espírito Santo produziu 4,65 bilhões de ovos
Segundo Hand, o mercado vem sendo alvo de maior atenção nessa etapa final do ano, já que em alguns momentos do ano as margens foram curtas, e até negativas, especialmente no contexto da carne de frango. “O que vem se acompanhando com maior atenção neste momento é a elevação dos custos de produção. É um fator de preocupação, já que os custos dos insumos recebidos no Espírito Santo são, atualmente, os mais caros do país”, explicou.
Desafios
A avicultura capixaba tem historicamente questões relacionadas ao custo de produção, principalmente em decorrência dos insumos, que são todos praticamente oriundos de fora do Estado. Grande parte do milho e da soja, que são os principais componentes da ração animal, vem do Centro-Oeste brasileiro, e isso gera custos maiores.
Além disso, segundo Hand, questões institucionais, políticas e técnicas afetam diretamente o setor, incluindo temas relacionados à indústria, abastecimento, tributação e logística.
“Nos últimos tempos, o setor vem buscando viabilizar a ferrovia como um modal alternativo, mas em função de custos maiores em relação ao rodoviário, isso não vem sendo possível”, disse.
A avicultura capixaba segue persistente na produção, sendo exemplo em termos de organização, inclusive sanitária, desde a produção, até aos meios institucionais e políticos.
O dever de casa feito pelo setor produtivo, sobretudo nas últimas duas décadas, mostra os bons resultados.
*Esta matéria foi publicada originalmente na revista ES Brasil 225, publicada em dezembro. Leia a edição completa da Retrospectiva 2024 aqui.